quarta-feira, 9 de junho de 2010

Inflação de maio foi de 0,43%, a menor do ano. Tendência de desaceleração da pressão inflacionária se confirma.

O IPCA do mês de maio apresentou variação de 0,43%, 0,14 ponto percentual abaixo da taxa de 0,57% registrada no mês de abril. Com isso, o acumulado do ano está em 3,09%, ainda bem acima da taxa de 2,20% relativa a igual período de 2009. Segundo o IBGE, os alimentos foram os que levaram à desaceleração do índice de abril para maio. Já o condomínio, taxa de água e esgoto, mobiliário, artigos de higiene pessoal e aluguel residencial são exemplos de itens que se destacaram pela alta.
 
Confirma-se, portanto, a previsão feita neste blog, no final da semana passada, de que a pressão inflacionária no país irá diminuir nos próximos meses. O próprio governo, em fala do Ministro da Fazenda, já alertava para o fato de que vários indicadores macroeconômicos nacionais demonstravam tendência à desaceleração e/ou acomodação a partir do 2º trimestre, frente aos dados verificados no início do ano.

Dessa forma, vale a pena observar o comportamento do Banco Central quanto ao aumento já esperado da taxa de juros básica da economia (SELIC) (a decisão deve sair ainda hoje, dia 09). Percebe-se que o governo, através do posicionamento destacado acima, está dando um recado direto ao BC para que tome suas decisões futuras com base nas projeções do presente, e não nos dados do passado.

Na minha opinião, já na reunião do COPOM (Conselho de Política Monetária) realizada em abril, o BC poderia ter sido menos austero no aumento dado à taxa SELIC, que foi de 0,75 ponto percentual.

A tendência de desaceleração no ritmo de crescimento da economia vai se consolidando como uma realidade, e além do impacto ocasionado pelo aumento da taxa de juros SELIC, outros fatores externos podem contribuir para tal desaceleração, como as medidas da Alemanha e do Reino Unido de combate à crise fiscal que afeta a União Européia.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Reduzida a projeção de inflação para 2010

Toda semana, às segundas-feiras, o Banco Central, em seu Boletim Focus, apresenta projeções para a economia brasileira para o ano corrente e o ano seguinte. Tais projeções são baseadas em opiniões de analistas do mercado.

Nesta semana (dia 07 de junho), houve redução da estimativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano para 5,64%, ante 5,67% projetado na semana anterior. Como destaquei no post anterior, já se percebe uma acomodação da pressão inflacionária para os próximos meses no país, e este pode ser um indicativo importante para que o próprio Banco Central, em sua reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), a ser realizada nesta semana, reflita sobre a decisão de aumentar (ou não) a taxa de juros básica da economia (taxa SELIC). E caso se decida por seu aumento, de quanto seria.

Ainda segundo o Boletim Focus, as estimativas para a SELIC neste ano e no próximo foram mantidas em, respectivamente, 11,75% e 11,50%. Ou seja, é dado como certo o aumento da SELIC neste ano em, no mínimo, 2 pontos percentuais (a taxa atual é 9,50%).

A previsão para o crescimento econômico neste ano (PIB|) foi elevada pela 12a semana seguida, para 6,60%, ante 6,47% no relatório anterior. Enquanto se visualiza uma amenização na pressão inflacionária para os próximos meses, projeta-se, por outro lado, em um aumento na taxa esperada de crescimento do PIB, o que pode acabar justificando mais um aumento da SELIC (pelo menos na próxima reunião do Copom).

Vale a pena acompanhar, nesta semana, a decisão do Copom sobre a taxa SELIC.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Fazenda diz que números 1º tri estavam inflados. Juros poderiam ter esperado mais?

Economistas com os quais conversei no final do 1o trim. diziam sobre análises de mercado que já davam como certo o aumento da taxa de juros básica da economia (taxa SELIC), e não por acaso, o Banco Central acabou aumentando-a em 0,75 ponto percentual, passando 8,75% a 9,50% a.a.. Entretanto, conforme já havia alertado em relatórios de IC feitos no final do mês de março, alguns indicadores econômicos demonstravam desaceleração, após o período de alta do início de 2010 (como IPCA, produção industrial, índice de potencial de consumo, dentre outros). É bom ressaltar que tal desaceleração não caracteriza nenhum revés na economia brasileira. Trata-se apenas de uma diminuição no ritmo de crescimento, o que não significa que o país não crescerá fortemente neste ano, quando comparado com 2009. Pelo contrário, as projeções mais conservadoras do mercado acreditam em crescimento de 5,0% a 5,5% em 2010. A despeito dessa tendência, como vimos, a taxa SELIC foi aumentada, mas o próprio governo, agora, já visualizou um cenário não tão aquecido para o 2o trimestre, ou seja, sem as influências sazonais do início do ano, que justificasse o aumento da SELIC na reunião de abril. A próxima reuião do Copom será em junho, e a aposta do mercado é que o Banco Central proceda a mais um aumento da SELIC. As perguntas que se colocam são as seguintes:

• Se o próprio governo já visualiza um cenário de curto prazo futuro de acomodação de indicadores importantes da economia brasileira, os quais por conseguinte, tendem a diminuir a pressão sobre a inflação, por que aumentar ainda mais a taxa de juros?

• Caso a taxa SELIC seja aumentada, qual será efetivamente o efeito na economia real?

É fato que as taxas de juros cobradas nas operações de crédito já aumentaram, decorrente do aumento da SELIC, o que ajuda a diminiur o ritmo de crédito e, em última instância, do próprio investimento das empresas para os próximos meses. Valeria a pensa apertar ainda mais o custo do crédito para as empresas? Ou o momento seria de esperar um pouco mais para verificar a trajetória de diminuição de alguns indicadores, e só depois decidir sobre a necessidade de aperto da política monetária?

Qual a sua opinião a respeito disso tudo? O que o governo deveria fazer?