quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Terminaremos o ano com mais um aumento da taxa de juros?

Terminaremos o ano com mais um aumento da taxa de juros? Se o Banco Central continuar exercendo, sem pressões políticas contrárias, seu papel de “guardião” da política econômica em prol da estabilidade, deveremos ter sim, ainda neste ano, aumento da SELIC.

Nos dias 7 e 8 de dezembro próximos será realizada a última reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária) para avaliação do cenário macroeconômico e decisão sobre a taxa SELIC para os próximos 45 dias. Apesar da Ata da última reunião (realizada nos dias 19 e 20 de outubro) indicar a manutenção da SELIC em 10,75% a.a., os últimos dados referentes à economia brasileira, mais precisamente aqueles sobre a inflação, apontam para um processo de aceleração desta, o que poderia, em tese, justificar um novo aumento da taxa SELIC ainda neste ano.

O IPCA-15, que representa uma prévia do que pode ser o IPCA do mês de novembro (índice oficial de inflação, calculado pelo IBGE e considerado pelo Banco Central para definição da taxa de juros da economia), apresentou inflação de 0,86% entre 15 de outubro e 15 de novembro, acima das projeções esperadas (de 0,72%), e já acumulando, no ano, alta de 5,07%. Tal indicador vem apresentando aceleração desde setembro, e tudo indica que a inflação deste ano no Brasil deve ficar muito próxima aos 6%. O boletim Focus, do Banco Central, a cada semana vem apresentando projeções crescentes para a inflação brasileira, tanto para 2010 quanto para 2011, mostrando que cada vez mais a inflação tende a ficar próxima do teto definido para as metas de inflação, que é de 6,5%, caso se mantenha a taxa de juros atual.

Outro dado preocupante é que tal aceleração inflacionária não é reflexo do aumento de apenas um grupo de produtos, mas sim de uma elevação mais generalizada. Dos nove grupos que compõem o índice, houve alta significativa em seis deles, e quase 70% dos itens subiram de preço no último mês. Alimentos e combustíveis apresentaram as maiores altas, e o receio é que tais aumentos se propaguem para outros produtos e serviços, afetando as expectativas dos agentes econômicos quanto à capacidade do governo em manter a inflação sob controle.

Os analistas de mercado, já no mês passado, apostavam no aumento da taxa SELIC na 1ª reunião do COPOM do governo Dilma, a ser realizada em 18 e 19 de janeiro de 2011. Entretanto, os últimos dados já apontam para a necessidade de aumento da SELIC ainda em dezembro deste ano. Tal decisão esbarra em questões não apenas econômicas, mas também políticas, já que não parecia ser intenção do governo Lula encerrar seu ciclo com mais um aumento da taxa de juros, e nem do próximo governo iniciar intensificando tal aumento, visto que uma das metas já mencionadas pela Presidente Dilma é chegar, em 2014, com uma taxa de juros real de 2,5%. Ou seja, considerando que o governo consiga manter a taxa de inflação em torno de 5,5% nos próximos anos, a taxa SELIC chegaria a 8,0% no final de 2014.

A pergunta que está colocada, portanto, é se o governo Dilma irá adotar a ortodoxia, ou seja, seguir à risca a política monetária de aumentar os juros para controlar a inflação, ou será tomada outra decisão, de aceitar um nível de inflação maior, mudando a cara da política econômica brasileira para o futuro. Para alguns especialistas, o sentimento é de que o governo Dilma seja mais tolerante com a inflação, em grande parte devido à influência do Ministro Mantega. Entretanto, a entrevista do novo presidente do Banco Central do governo Dilma, Alexandre Tombini, deixou claro que todo o esforço será feito para a manutenção da estabilidade econômica, o que significa dizer, em outras palavras, que não haverá dúvidas em aumentar a taxa de juros para segurar a inflação.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Entrevista à Rádio UFMG sobre perspectivas para a economia brasileira

Em entrevista concedida à Rádio UFMG - Jornal UFMG, no dia 04 de novembro, comentei sobre alguns indicadores macroeconômicos, e perspectivas sobre a economia brasileira.
Ouça a entrevista no link a seguir:

Professor Frederico Mafra (IBMEC-MG) fala sobre a previsão da economia brasileira e reajuste do salário mínimo.


Entrevista para a Rádio UFMG sobre novo aumento do salário mínimo

Em entrevista à Rádio UFMG - Jornal UFMG, no dia 17 de novembro, comentei sobre a previsão de aumento do salário mínimo para 2011, o qual, na minha opinião, seria de R$ 540,00. Tal valor foi confirmado no mesmo dia pelo Presidente Lula. Veja a entrevista no link a seguir:

Negociações sobre o reajuste do salário mínimo. Entrevista: Frederico Mafra (Professor do IBMEC-MG).

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Artigo "Necessidade, busca e uso da informação: a influência dos fatores cognitivos, emocionais e situacionais no comportamento informacional de gerentes"

Prezados,
É com prazer que informo que o livro 'Temas de Pesquisa em Ciência da Informação no Brasil' foi editado em versão para download, e nele consta um artigo de minha autoria denominado "Necessidade, busca e uso da informação: a influência dos fatores cognitivos, emocionais e situacionais no comportamento informacional de gerentes", considerado um dos melhores trabalhos apresentados no IX Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação do ano de 2008.

O livro está disponível para download na página do Programa de Pós-Graduação da ECA-USP, no endereço: http://www.pos.eca.usp.br/index.php?q=pt-br/ciencia_da_informacao/publicacoes

Recomendo a leitura! Abraços Prof. Frederico Mafra





terça-feira, 9 de novembro de 2010

Termômetro Econômico - Outubro de 2010

Os destaques econômicos de outubro referem-se à preocupação do governo brasileiro quanto à permanente valorização do Real frente ao Dólar, e ao risco de uma guerra cambial em nível global. Os últimos dados do IPCA e do PIB confirmam a retomada no ritmo de aceleração da inflação para o final do ano e as altas expectativas quanto ao crescimento da economia brasileira para 2010.

  • IPCA fecha outubro em 0,75%: Índice que mede a inflação oficial brasileira subiu 0,75% em outubro, acima da taxa de 0,45% verificada em setembro último. No ano, o IPCA acumula alta de 4,38%, acima da taxa de 3,50% referente ao mesmo período de 2009. No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa está em 5,20%, acima do centro da meta estipulada pelo Banco Central, de 4,50%. O Ministério da Fazenda acredita que o IPCA deva fechar o ano em 5,1%, valor ainda dentro do intervalo definido pelo governo para a inflação brasileira. Já o Banco Central, no último boletim Focus divulgado em outubro, apresentou projeção de 5,29% para a inflação em 2010, ante 5,07% projetado no início do mês. Em Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), o BC avalia que o balanço de riscos atual aponta para a concretização de um cenário benigno de preços, mas também avisa que ajustará prontamente a política monetária caso não haja convergência da inflação para o centro da meta perseguido pelo governo. Ou seja, caso a inflação demonstre um ritmo de aceleração mais forte nos próximos meses, a taxa de juros (SELIC) deverá ser aumentada (por enquanto, mantém-se em 10,75%). Atenção para os alimentos, que têm sido os principais responsáveis pelas últimas altas do IPCA, e a expectativa é que continuem pressionando a inflação no último trimestre do ano, dado os recentes choques de oferta (escassez).
  • PIB brasileiro em 2010 deve ficar entre 7,5% e 8,0%: Segundo o último boletim Focus do mês, a previsão para o PIB em 2010 subiu de 7,55% (final de setembro) para 7,60% (final de outubro). Para 2011, o Banco Central mantém, pela 47ª semana, projeção de crescimento de 4,50% para 2011. O próprio Ministro da Fazenda também aumentou suas estimativas para o PIB deste ano, passando de 6,50% para 7,50%, segundo relatório bimestral “Economia Brasileira em Perspectiva”. O principal fator responsável por tal crescimento deverá ser a demanda interna, que deve crescer 10,3% em 2010. A expectativa agora fica por conta do anúncio dos dados do PIB do 3º trimestre do ano, a ser feito em 09 de dezembro, quando será possível confirmar as projeções de forte crescimento da economia brasileira para este e o próximo ano.
  • Governo “endurece” contra movimento de valorização do Real: O Dólar fechou outubro em R$ 1,7036, ante R$ 1,6900 em setembro. Já o Euro fechou o mês a R$ 2,3658, ante R$ 2,2995 em setembro. Especificamente com relação ao Dólar, o Banco Central continuou abaixando a previsão de fechamento no final do ano de R$ 1,75 (em setembro) para R$ 1,70 (em outubro). E para 2011, a previsão é que não ultrapasse o patamar de R$ 1,80. Neste mês, o governo adotou medidas para conter a crescente valorização do Real frente ao Dólar, com o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 2% para 6% na entrada de recursos estrangeiros na renda fixa, e de 0,38% para 6% sobre o recolhimento de margem nas operações de derivativos, diminuindo a rentabilidade do mercado futuro, e demonstrando que não hesitará em adotar medidas que contenham tal trajetória de valorização. Por outro lado, o Ministro da Fazenda afirmou que tais medidas não deverão prejudicar o investimento no país, mas alerta que a solução passa por uma ação coordenada de âmbito mundial.