quinta-feira, 13 de setembro de 2012

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Agosto de 2012

No mês de agosto, o Ambiente Econômico apresenta como destaque o resultado o PIB brasileiro do 1º semestre, demonstrando baixo nível de crescimento da economia. Por outro lado, a inflação continua apresentando sinais de alta, com crescimento de todos os índices. O Governo segue implementando medidas e programas com o intuito de estimular a economia, além de reduzir a taxa de juros básica SELIC mais uma vez.

  • PIB Brasil é de 0,4% no 2º trimestre de 2012: O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do 2º trimestre de 2012 teve variação positiva de 0,4% em relação ao 1º trimestre do ano, alcançando R$ 1,10 trilhão. Destaque para o setor Agropecuário (+4.9%). O setor de Serviços apresentou aumento de +0,7%, o Comércio se manteve estável (-0,1%) e a Indústria apresentou queda de -2,5%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o crescimento do PIB foi de 0,5%. No 1º semestre de 2012, o PIB acumula expansão de 0,6%, e nos últimos 12 meses, o PIB apresenta expansão de 1,2%. A taxa de investimentos no 2º trimestre de 2012 foi de 17,9% do PIB, inferior à taxa referente à igual período do ano anterior (18,8%). Essa redução foi influenciada, principalmente, pela queda, em volume, da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no trimestre (que registrou redução de 3,7% puxada pela queda da produção interna de máquinas e equipamentos). A taxa de poupança ficou em 16,9% no 2º trimestre de 2012 (ante 19,0% no mesmo trimestre de 2011).
  • Estimativa para o PIB em 2012 cai para 1,64%: De acordo com o último Boletim Focus de agosto, o Banco Central reduziu pela 5ª vez consecutiva a previsão do PIB para 2012, de 1,85% no início do mês, para 1,64% no final de agosto. Para 2013, a projeção se manteve, pela 4ª semana seguida, em 4,00%.
  • Governo anuncia plano de concessões de rodovias e ferrovias de R$ 133 bilhões: O Governo anunciou um plano de concessões de rodovias e ferrovias com investimentos no montante de R$ 133 bilhões. Na cerimônia de lançamento, a presidenta Dilma Rousseff disse que o Governo continuará induzindo o desenvolvimento do país, com a busca da melhoria da infraestrutura, para reduzir o chamado ‘Custo Brasil’ e tornar a economia mais competitiva. O Ministro dos Transportes, Paulo Passos, anunciou a criação da Empresa de Planejamento em Logística (EPL), e comparou a nova empresa ao antigo GEIPOT - que era responsável pelo planejamento dos investimentos em transportes. "Queremos resgatar as ferrovias brasileiras como alternativa de logística para o país e estamos trabalhando com a perspectiva de que não haja monopólio. A malha será compartilhada e, competitivamente, vai oferecer menores custos de transportes. A redução das tarifas é um dos resultados que se consegue ao fazer melhor uso", afirmou. O Ministro lembrou que o BNDES terá papel fundamental no financiamento dessas ferrovias em condições favoráveis. As taxas de financiamento devem ser TJLP mais até 1%, com carência de cinco anos, prazo de 25 anos e grau de alavancagem entre 65% e 80%.
  • Empresários ficaram confiantes com o plano de concessões de rodovias e ferrovias: O “choque de ânimo”, como nos bastidores foi chamada a reunião do Ministro da Fazenda, Guido Mantega, com empresários, gerou o efeito esperado pelo Governo. Os 53 líderes da indústria e executivos de alto escalão saíram do encontro elogiando a “visão de longo prazo” apresentada pelo Palácio do Planalto ao anunciar a concessões de 7,5 mil Km de estradas e 10 mil Km de ferrovias para a iniciativa privada ao custo de R$ 133 bilhões em investimentos nos próximos anos. “A reunião foi uma injeção de ânimo nos empresários. Mostrou que há luz no fim do túnel e que a economia vai crescer em 2013”, afirmou ao sair da Fazenda o presidente da EMS, Carlos Eduardo Sanches. Benjamin Steinbruch, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que antes de encontro afirmou que faltava confiança no empresariado para investir em infraestrutura, saiu dizendo que Mantega foi eficiente ao apresentar o cenário atual e futuro da economia nacional. “Tendo uma situação favorável, nós [empresários] vamos fazer as coisas [investir]”, disse. O otimismo também esteve na fala do diretor da fabricante gaúcha de autopeças DHB, Paulo Tigre. “Acho que funcionou [o choque de ânimo]. Dentro da realidade que estamos vivendo, precisamos de uma visão de longo prazo”, observou. “Ele (Mantega) não precisou pedir. Da forma como foi posto [o cenário futuro promissor para a economia brasileira] ficou implícito [os investimentos]”, afirmou. Pouco antes da reunião, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou o pacote logístico como muito bom. Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Paulo Skaf, avaliou que o plano foi feito depois que o governo “identificou e apresentou os problemas, e encontrou soluções”. Eike Batista, controlador do grupo EBX, também comemorou o plano como “uma injeção de adrenalina na economia”. O presidente da Vale, Murilo Ferreira , também adotou tom otimista e sinalizou que a mineradora está conversando com investidores estrangeiros para entrarem em infraestrutura no país. O Ministro Mantega prometeu aos empresários que o governo apresentará uma nova rodada de desonerações fiscais em setembro. A principal pedida será a inclusão de novos setores da indústria na isenção de impostos incidentes sobre a folha de pagamento. O presidente da EMS, Carlos Eduardo Sanchez, afirma que o segmento farmacêutico será um dos beneficiados pelo regime diferenciado de tributação. A Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) também negocia a entrada de novos produtos na lista. Outro setor que também pleiteia a desoneração é o alimentício.
  • COPOM reduz a taxa SELIC para 7,50% ao ano: O Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) decidiu, de forma unânime, manter a trajetória de corte na taxa básica de juros (SELIC) em 0,5 ponto percentual, como esperado por quase a totalidade dos analistas do mercado financeiro. Essa foi a 9ª queda consecutiva da SELIC, processo este iniciado em agosto de 2011, e constitui-se no nível mais baixo da história do COPOM. Com isso, os juros básicos brasileiros caíram para 7,50%. O processo de redução na taxa básica de juros foi uma das formas encontradas pela equipe econômica do governo para tentar estimular o consumo e a concessão de crédito para aquecer a economia, que registra ritmo mais lento desde o 2º semestre de 2011, refletindo a crise no exterior. O próximo encontro do colegiado do Banco Central, para avaliar as condições da economia do país e definir o movimento da taxa de juros brasileira, acontecerá em 9 e 10 de outubro, e um novo corte (e talvez o último desse ciclo) da taxa de juros, de 0,25 ponto percentual, não está descartado pelos analistas do mercado financeiro. As reduções nos juros ajudam o país a economizar recursos com o custo da dívida pública do Governo Federal e das reservas internacionais, corrigidas pela taxa SELIC. Por outro lado, o economista e especialista em finanças públicas, Amir Khair, destaca que o movimento de corte na SELIC ainda tem um efeito muito restrito para ativar a economia, principalmente na redução dos juros do crédito direto ao tomador de recursos tanto para o consumo como para investimentos em produção e geração de emprego. “A redução de juros tem grande influência na parte fiscal porque com juros mais baixos o custo de carregamento da dívida federal e das reservas internacionais também recua. Essa economia pode ser utilizada para incrementar programas sociais e projetos de infraestrutura”, diz. Também um cálculo elaborado pelo coordenador de estudos econômicos da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira, aponta que uma redução da taxa básica de juros de 8% ao ano para 7,5% ao ano terá um efeito muito pequeno nas operações de crédito. Isso ocorre porque que existe um deslocamento muito grande entre a taxa SELIC e os juros cobrados dos consumidores, que, em média, estão em cerca de 103% ao ano.
  • Mercado prevê alta da SELIC para 2013: O mercado prevê que o juro básico da economia brasileira ainda terá mais uma queda na próxima decisão do COPOM, até atingir o patamar inédito de 7,25% ao ano. O último Boletim Focus de agosto aponta a SELIC fechando o ano em 7,25%, e em 8,50% para 2013. Assim, o mercado prevê aumento de 1,25 ponto percentual no decorrer de 2013. É importante destacar que a inflação, no mês de agosto, continuou forte, e a tendência é que a inflação feche acima de 5,20% em 2012, o que pode mudar as análises até então consideradas sobre a redução da SELIC, ou talvez um aumento ainda neste ano na última reunião em novembro. O cenário atual, de inflação em alta e crescimento em baixa se justifica pela queda da produção industrial, o que faz com que os preços dos produtos aumentem pela queda na oferta, frente ao aumento da demanda, que é estimulada pelo governo (inflação de oferta).
  • Dólar fecha agosto a R$ 2,0310: O Dólar encerrou o mês de agosto em R$ 2,0310, redução de -0,68% em relação a julho. Com isso, o ganho anual caiu de 9,68% para 8,66%. O Euro fechou o mês em R$ 2,5620. Especificamente com relação ao Dólar, a cotação final de agosto continua se mantendo dentro do intervalo considerado pelo mercado como ‘banda informal’ (entre R$ 1,90 e R$ 2,10). A previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2012, conforme o último Boletim Focus de agosto, está em R$ 2,00. Para 2013, a taxa de câmbio também está estimada em R$ 2,00.
  • IPCA de agosto fica em 0,41%: Índice que mede a inflação oficial brasileira voltou a apresentar forte elevação em agosto: 0,41%. Com isso, o resultado em 2012 aponta uma inflação acumulada de 3,18%, ainda abaixo dos 4,42% verificados no mesmo período do ano passado. Entretanto, considerando os últimos 12 meses, o IPCA situa-se em 5,24%, pouco acima dos 5,20% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores, e distante do centro da meta estipulada pelo governo, que é de 4,50%. A expectativa do Banco Central, no último Boletim Focus de agosto, é que o IPCA encerre 2012 em 5,20%. E para 2013, a projeção é de 5,51%.
  • Grupo ‘Alimentação e Bebidas’ continua como o principal vilão da inflação: O aumento nos preços dos ‘Alimentos e Bebidas’ (de 0,91% em julho para 0,88% em agosto) causou impacto de 0,21 ponto percentual no IPCA, com destaque para o tomate, a cenoura e o alho. Os grupos ‘Saúde e Cuidados Pessoais’, ‘Despesas Pessoais’ e ‘Habitação’ também apresentaram forte impacto na inflação do mês (0,06; 0,04 e 0,03 pontos percentuais, respectivamente). Já o grupo ‘Comunicação’ apresentou redução de -0,01% em agosto, impacto de 0,00 no IPCA.
  • IGP-M acelera mais em agosto e fica em 1,43%: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada ‘inflação do aluguel’, voltou a se acelerar em agosto, atingindo 1,43% no mês, frente a 1,34% verificado em julho, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A taxa ficou perto do teto do intervalo previsto nas estimativas do mercado financeiro, que era de 1,31% a 1,61%, com mediana de 1,45%. No ano, o IGP-M acumula alta de 6,07%, e de 7,72% nos últimos 12 meses. A projeção do Banco Central, em seu último Boletim Focus de agosto, aponta o IGP-M encerrando 2012 em 8,03%, e para 2013, a projeção é de 5,01%.
  • Inadimplência do consumidor desacelera, apesar de subir 7% em agosto: Segundo a SERASA Experian, o nível de inadimplência dos consumidores brasileiros aumentou 7% em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado. Porém, o ritmo de expansão anual foi menor. Em relação a julho de 2012, o indicador diminuiu 0,2%, a 3ª queda mensal consecutiva. No acumulado do ano até agosto, a inadimplência registra alta de 16,2%, abaixo do índice verificado em igual intervalo em 2011 (23,4%). Segundo os economistas da SERASA, a 3ª queda mensal consecutiva e o menor ritmo de expansão anual observado desde agosto de 2010 confirmam que a inadimplência do consumidor está perdendo fôlego. Eles atribuíram o movimento à redução das taxas de juros no crédito, à procura pela renegociação de dívidas, aos lotes recordes de restituição do Imposto de Renda e à antecipação da 1ª parcela do 13º salário aos aposentados e pensionistas, na última semana de agosto. As dívidas com bancos e os cheques sem fundos contribuíram para a queda mensal do indicador, com variações negativas de 1,3% e 2,9%, respectivamente. A queda do indicador não foi maior porque as dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços) cresceram 1,5% em agosto sobre julho.
  • País gerou 142.496 empregos formais em julho: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, no mês de julho, 142.496 novas vagas de emprego com carteira assinada. O resultado é 1,37% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado. Em relação a junho deste ano, o aumento foi de 18,31%. No acumulado do ano, foram gerados 1.232.843 novos postos de trabalho. Em termos setoriais, os dados mostram que os Serviços foram os que registraram maior número de novas vagas em julho (+39.060 postos). A Construção Civil gerou 25.433 novos postos, a Indústria da Transformação 24.718 novos postos, a Agricultura 23.951 novos postos (a maior taxa de crescimento entre todos os setores e subsetores), e o Comércio 22.847 novos postos.