quinta-feira, 11 de julho de 2013

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Junho de 2013

O Banco Central aumentou mais uma vez a taxa SELIC para 8,50%, em defesa da estabilidade econômica e combate à inflação, atitude que demonstra uma postura mais técnica e menos política do que vinha ocorrendo até então. Os dados do PIB brasileiro continuam se reduzindo, confirmando um cenário macroeconômico de pressão inflacionária, taxas de juros em alta, e baixo crescimento, resultados da gestão equivocada do governo com relação à economia. O Dólar continua se valorizando, fechando o mês acima dos R$ 2,20, devendo ser este o patamar mínimo para a taxa de câmbio até o final do ano (alguns analistas já apontam o câmbio fechando 2013 entre R$ 2,30 e R$ 2,40). As recentes manifestações sociais e políticas no Brasil só pioraram as projeções para os cenários futuros do país.
  • Boletim Focus reduz novamente estimativa do PIB em 2013 para 2,40%: De acordo com o último Boletim Focus de junho, o Banco Central reduziu mais uma vez a previsão do PIB para 2013, de 2,77% no início do mês, para 2,40% no final do mês. Para 2014, a projeção também apresentou redução de 3,40% para 3,00%. 
  • CNI reduz projeção do PIB em 2013 de 3,2% para 2%: A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013 de 3,2% para 2%. O valor está acima do verificado em 2012 (0,9%), mas abaixo do crescimento do 1º ano do governo Dilma Rousseff, de 2,7% em 2011. Já a projeção para a expansão do PIB industrial também foi revisada para baixo, de 2,6% para 1,0%. No ano passado, houve retração de 0,8%. A CNI elevou de 4% para 5,1% a projeção de crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), utilizada como medida dos investimentos, ante queda de 4,0% em 2012. Para o consumo das famílias, a estimativa caiu de 3,5% para 2,3%. No ano passado, houve alta de 3,1%. A Confederação também elevou sua projeção para a taxa básica de juros (SELIC) no fim de 2013 de 7,25% para 9,50% ao ano. Para a taxa média do ano, a previsão passou de 7,25% para 8,25% ao ano. A projeção para o IPCA subiu de 5,7% para 6,0%. A expectativa para a taxa real de juros passou de 0,9% para 1,7% ao ano. A estimativa para o câmbio médio no mês de dezembro de 2013 passou de R$ 2,00 para R$ 2,18. A taxa média do ano passou de R$ 1,98 para R$ 2,10. A previsão para a taxa de desemprego caiu de 5,4% para 5,3%. A CNI reduziu ainda a sua projeção para o superávit primário do setor público em 2013 de 1,7% para 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB). A previsão para o déficit nominal passou de 3,2% para 3,4% do PIB. Para a relação dívida líquida/PIB, passou de 35,4% para 34,9%. A projeção para o saldo da balança comercial neste ano caiu de US$ 11,3 bilhões para US$ 9,2 bilhões. Para as exportações, caiu de US$ 253,4 bilhões para US$ 249,3 bilhões. Para as importações, passou de 242,1 bilhões para US$ 240,1 bilhões. A previsão para o déficit em conta corrente subiu de US$ 68,1 bilhões para US$ 74,3 bilhões.
  • Banco Central está otimista com a economia brasileira, mas os analistas pensam diferente: A capacidade das famílias continuarem consumindo sustenta a convicção do Banco Central (BC) de que a atividade seguirá crescendo no 2º semestre deste ano e puxando a economia. "O cenário central contempla ritmo de atividade doméstica mais intenso neste e no próximo ano", informou o BC. Há, no entanto, um descompasso entre a projeção da autoridade monetária e as expectativas moderadas de empresários e consumidores para o desempenho do mercado interno daqui para frente, perceptíveis nos indicadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Neste momento, o que preocupa o governo é a alta da inflação, que deverá influenciar a expansão da economia no ano. As projeções do PIB foram revistas para baixo, e da inflação oficial, o IPCA, para cima. "A política monetária deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos". No que diz respeito ao consumo, entretanto, permanece o tom otimista de avaliações anteriores, com pinceladas consecutivas de projeções de crescimento. O BC comemora o "desempenho robusto" do setor agrícola, com destaque para os grãos, embora o setor tenha menos peso na composição das contas nacionais do que os demais. E projeta a "continuidade da recuperação da indústria". Considera também a demanda doméstica como “robusta”, a qual deverá ser impulsionada pela renda e acesso ao crédito. "Esse ambiente tende a prevalecer neste e nos próximos semestres, quando a demanda doméstica será impactada pelos efeitos remanescentes das ações de política implementadas em 2012", justifica. Na indústria, a previsão é que o nível ajustado dos estoques e a melhora da confiança dos empresários criem um ambiente favorável ao investimento e à recuperação da produção. Mas todas essas análises não se refletem nos indicadores. Tanto na indústria, quanto no comércio, como reflexo do esgotamento de uma política baseada no consumo e também por causa do endividamento das famílias, as expectativas estão em queda. O Indicador de Confiança da Indústria (ICI) caiu 1,1% em junho e a Sondagem da Construção Civil, 3,6%, ambos indicadores da FGV. A confiança do comércio retraiu 3,3% e a intenção de consumo das famílias, 3,8%, como demonstra a CNC. Além disso, 63% das famílias informam estar endividadas, de acordo com a instituição do comércio. O BC errou em sua projeção de consumo, segundo o economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, André Perfeito. "Não tem como estar certo sempre. Mas não dá para confundir com má fé. Acho que ele foi excessivamente otimista, mas não acho que faça de propósito para mexer no mercado", diz Perfeito. Aloisio Campelo, da FGV, ressalta que as expectativas da indústria vêm caindo mês a mës, sobretudo, em relação à produção. "O que observamos é que o crescimento deste ano não foi tão disseminado. Cada momento um segmento está indo mais forte do que o outro", analisa. Em junho, os bens de capital e os duráveis foram os menos otimistas em suas perspectivas de crescimento. "A inflação já tem impacto no consumo e na produção, principalmente entre as parcelas mais pobres da população, o que pode permanecer ao longo do 2º semestre. E o cenário internacional também não ajuda", diz Campelo. Para Bruno Fernandes, economista da CNC, as vendas no comércio continuarão crescendo neste ano (a projeção é de 4,3%), porém em patamar bastante inferior às de 2012, de 8,4%, considerando a Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE.
  • The Economist ironiza e diz que "Mantega é um sucesso": A revista britânica The Economist usa a ironia para reforçar o descontentamento com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A publicação diz que a economia brasileira tem apresentado desempenho "medíocre" e, com a lembrança de que Mantega ficou no cargo mesmo após a revista pedir a saída do ministro, a publicação diz que "mudou de estratégia". Apesar da brincadeira, reconhece que, após seguidas frustrações com medidas e o desempenho da economia, o governo de Dilma Rousseff parece voltar a tomar decisões para reconquistar a admiração dos mercados. No fim de 2012, a publicação sugeriu a saída de Mantega para uma mudança de rumo da economia. "Foi amplamente noticiado no Brasil que a nossa impertinência teve o efeito de fazer o ministro da Fazenda ficar 'indemitível'. Agora, vamos tentar um novo rumo. Pedimos para a presidente ficar com ele a todo custo: ele é um sucesso", diz o texto. Para The Economist, o Palácio do Planalto começou a se distanciar, no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de premissas como a "meta de inflação de um Banco Central que opera com independência de fato, contas públicas transparentes, meta fiscal rigorosa e uma atitude muito mais aberta ao comércio exterior e ao investimento privado". Desde o estouro da crise de 2008, diz o texto, o governo de Lula e também de Dilma optaram por deixar de lado conceitos da "economia liberal decadente" e optaram pelo "capitalismo chinês de Estado". A revista diz que, nessa mudança, a equipe econômica desistiu de reformas e a presidente Dilma Rousseff "assediou publicamente o BC para reduzir os juros". "Ela desencadeou uma enxurrada desconcertante de incentivos fiscais (e aumentos de impostos) para indústrias favorecidas, mas não conseguiu equilibrar com os cortes de gastos". A reportagem reconhece, porém, que os sinais mais recentes são de "uma política mais clara" e cita como exemplos a alta da taxa SELIC para conter a inflação e o fim da cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para estrangeiros. Outro aspecto elogiado foi a intenção do governo retomar as concessões e o "bem-sucedido leilão de campos de petróleo". "Será um longo caminho para aumentar a confiança empresarial e dos investidores e para promover a melhora da ultrapassada infraestrutura brasileira que o País precisa para crescer".
  • Incerteza que vem das ruas interrompe as projeções econômicas: Os economistas suspenderam suas projeções após os acontecimentos recentes nas ruas. Crescimento da atividade, inflação e apostas na condução da taxa básica de juros pelo Banco Central tornaram-se "imponderáveis" no curto prazo, diz a diretora da Casa das Garças e sócia da Galanto Consultoria, Mônica de Bolle. Diante da insatisfação popular e da resposta do governo com o aumento dos gastos públicos, da inflação oscilando no teto da meta de 6,5% e da valorização cambial, especialistas em macroeconomia entrevistados pelo Brasil Econômico disseram que preferem aguardar a condução dos fatos para retomar suas projeções. Mesmo o mercado de trabalho, que heroicamente sustenta a economia há meses, em maio, deu sinais de perda de fôlego, conforme últimos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Preocupa também a desaceleração do nível de ocupação, de 54,2% para 53,8%, comparando os meses de maio do ano passado e de 2013, respectivamente. Isso indica que há mais pessoas procurando emprego do que vagas criadas. E mesmo o rendimento, responsável por manter o consumo em níveis elevados até então, caiu 0,3% ante o mês anterior.
  • Falta de rumo político afeta economia do País, diz FHC: O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso discutiu a situação econômica atual do Brasil no programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, no domingo, 23 de junho, e afirmou que o cenário não é positivo para o País. Entre os aspectos destacados por FHC, a desaceleração da China, a recuperação dos Estados Unidos e "a falta de rumo" na política nacional têm afetado a economia brasileira. Segundo o sociólogo e político, ainda há abundância de dólares no mundo, causada por medidas de relaxamento monetário de bancos centrais estrangeiros, como o Federal Reserve Bank, dos EUA. No entanto, esse fluxo não foi canalizado para investimentos no País, por causa de "uma política restritiva, com medo de fazer concessões". Essa fase de abundância, no entanto, está chegando ao fim com a recuperação da economia dos EUA. Entre os efeitos apontados por FHC sobre este possível fim de abundância, está a desvalorização do Real, que "arrebenta muitas empresas e pessoas". Para ele, as medidas do governo para conter esse movimento com atuação do Banco Central no mercado não são suficientes. "A estabilidade da moeda é fundamental nesse mundo. E houve aqui uma certa hesitação política. O Banco Central custou a atuar, dá a impressão de que tudo é controlado e os capitais ficaram receosos", disse. Ele também citou que a desaceleração da China pode ter impacto nos preços nas commodities, afetando o Brasil. "Os ventos internacionais não estão a favor do País". Para Fernando Henrique, contudo, não foi só o contexto que mudou, as políticas nacionais também foram equivocadas. "Nós ficamos muito afastados das correntes de renovação", que incluem a revolução tecnológica. "Nós estamos um pouco acanhados nesse processo". "Falta rumo. Falta operacionalidade, falta gestão, falta competência. Houve uma invasão do Estado no governo por interesses políticos, que, com isso, veem outros interesses, que não são só políticos". Para ele, sobra dinheiro, mas falta direção em como investi-lo. Para FHC, há uma ideia de que o governo pode fazer o PIB crescer quando quiser, contudo "não adianta gastar no que não vai funcionar".
  • COPOM aumenta, pela 3ª vez consecutiva, a taxa de juros SELIC para 8,50% ao ano: O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central decidiu aumentar a taxa básica de juros – a SELIC – de 8,0% para 8,5% ao ano, na última reunião realizada em 09 e 10 de julho. O motivo, segundo nota, foi a inflação, que tem sido motivo de preocupação da equipe econômica nos últimos meses. "O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano", disse a nota. Demorou, mas o Banco Central resolveu retomar sua função enquanto “guardião” da moeda nacional e está agora atacando de frente a inflação, ao contrário do que queria o governo e o Ministro Mantega! A decisão foi tomada por unanimidade entre os membros do COPOM. Na reunião anterior, de 29 de maio, a decisão também teve a aprovação de alta por unanimidade. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota sobre a decisão do COPOM. Para a entidade, não houve surpresa. "O cenário inflacionário preocupante, com o IPCA acima do teto da meta, justifica a ação dos condutores da política monetária”, avalia. Assim como a CNI, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) informou em nota que já esperava a alta da SELIC e lembrou que, além da inflação, também pesou na decisão a previsão de baixo crescimento econômico. "Diante desse quadro, ... o Sistema FIRJAN reforça a importância da adoção de uma política fiscal norteada pela redução dos gastos correntes e que efetivamente reduza a pressão exercida pelo consumo do governo sobre a inflação. Essa política deve ser pautada por mudanças institucionais que sinalizem maior responsabilidade fiscal, incluindo o comprometimento com um superávit primário maior para os próximos anos, livre de artifícios contábeis, bem como o estabelecimento de limites para o crescimento das despesas públicas. De fato, o País precisa resgatar o compromisso com as metas fiscais, e cumpri-las", analisou a Federação. Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FECOMERCIO-SP), a alta dos juros, mesmo que o nível de atividade não esteja em recuperação e que o mercado de trabalho apresente sinais de enfraquecimento, é a melhor alternativa para combater a inflação. A próxima reunião do COPOM está marcada para 27 e 28 de agosto. Segundo as projeções do Banco Central, em seu último Boletim Focus de junho, a taxa SELIC deve ficar em 9,25% em 2013 (alta de 0,75% em relação à projeção feita no início do mês). Para 2014, a projeção também subiu para 9,25% (no início do mês era de 8,50%). Ou seja, a expectativa é de que haja, pelo menos, mais um aumento da SELIC ainda em 2013.
  • Inflação medida pelo IPCA desacelera para 0,26% em junho: O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,26% em junho, após ter registrado alta de 0,37% em maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o menor valor para o índice desde junho de 2012. O IPCA acumula altas de 3,15% no ano e de 6,70% nos últimos 12 meses, o que situa o indicador oficial de inflação no País acima do teto da meta de 6,5% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Continuando em desaceleração, o grupo ‘Alimentação e Bebidas’ foi de 0,31% em maio para 0,04% em junho, o menor resultado desde julho de 2011. Pela 5ª vez consecutiva, o grupo ficou abaixo do mês anterior, mas o 1º semestre fechou em 6,02%, acima dos 3,26% do mesmo período de 2012. O grupo ‘Transportes’ exerceram forte pressão no índice do mês de junho, tendo em vista que, da deflação de 0,25%, foi para a alta de 0,14%. Segundo as projeções do Banco Central, em seu último Boletim Focus de junho, o IPCA deve ficar em 5,87% em 2013 (a projeção feita no início do mês era de 5,80%). Para 2014, a projeção está em 5,88% (no início do mês era de 5,80%).
  • Presidente do Banco Central afirma que inflação em 12 meses tem tendência de alta: O Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que o Brasil está e estará preparado para enfrentar eventuais ventos contrários, ao se referir à volatilidade no mercado externo. Ele citou o nível das reservas internacionais e o sistema financeiro "bem capitalizado e com níveis elevado de liquidez e provisionamento". Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, ele acrescentou que a produção industrial se expandiu nos últimos meses, com crescimento disseminado, destacando, por exemplo, a produção de bens de capital. Sobre a questão da oferta, ele disse que choques de origem interna e externa no segmento agrícola, entre outros fatores, contribuíram para manter a inflação em níveis elevados. No entanto, a avaliação do BC é de que "a inflação tem estado, está e continuará sob controle". Segundo Tombini, a comunicação do BC tem sido consistente com essa visão. Ainda segundo Tombini, o aumento da taxa básica de juros contribuirá para fortalecer a confiança dos brasileiros. Em janeiro, a instituição explicitou sua preocupação com o nível da inflação e indicou que não compartilhava o entendimento de que cortes adicionais dos juros seriam apropriados. "Em março, reafirmou sua preocupação e sinalizou que num futuro próximo ocorreria uma resposta de política monetária”. "A comunicação é parte integrante do processo de condução da política monetária. Mas ações também foram tomadas. E as mais relevantes foram o aumento de juros em abril e sua intensificação em maio", afirmou. Segundo Tombini, o aumento da taxa básica de juros contribuirá para fortalecer a confiança dos brasileiros na economia. Ele argumentou que a inflação mensal já está em patamar menor que nos primeiros meses de 2013, mas admitiu que no acumulado em doze meses ainda apresenta tendência de elevação no curto prazo. "Mas posso assegurar que o Banco Central está vigilante e fará o que for necessário, com a devida tempestividade, para colocar a inflação em declínio no 2º semestre e para assegurar que essa tendência persista neste e nos próximos anos", afirmou. Tombini reiterou, na audiência, que o regime cambial do Brasil é flexível e deve absorver tanto choques negativos como positivos. "Quando houve uma melhora nos termos de troca da economia, isso se refletiu no câmbio. Da mesma forma, quando se elevou a aversão ao risco nos mercados internacionais, nesse momento ocorre esse fenômeno, as moedas se depreciaram em relação ao dólar norte-americano." Tombini afirmou que a instituição tem uma política de retirar excesso de volatilidade do mercado. "Estamos sempre preparados para extrair volatilidade do mercado quando ela é excessiva. "Muitas vezes temos uma disfunção em algum segmento e temos instrumentos e condições para entrar nesse mercado e intervir", afirmou.
  • Inflação medida pelo IGP-M subiu 0,75% em junho: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada ‘inflação do aluguel’, fechou o 6º mês de 2013 em 0,75%, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com isso, o acumulado em 2013 está em 1,7510%, e nos últimos 12 meses, o índice está em 6,3110%. Segundo as projeções do Banco Central, em seu último Boletim Focus de junho, o IGP-M deve ficar em 4,84% em 2013 (a projeção feita no início do mês era de 4,27%). Para 2014, a projeção está em 5,26% (no início do mês era de 5,30%).
  • Dólar fechou junho em R$ 2,2320: O Dólar encerrou o 1º semestre do ano acima de R$ 2,20. A cotação de 28 de junho foi de R$ 2,2320, ante R$ 2,1270 verificada no início do mês. O Euro fechou junho a R$2,8827, ante R$ 2,7964 verificado no início do mês. Especificamente com relação ao Dólar, em junho o Dólar apresentou ganho de +4,93%, e no ano, até agora, acumula alta de +9,09%. A previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2013, conforme o último Boletim Focus de junho, é de R$ 2,15 (no início do mês era de R$ 2,05). Para 2014, a taxa de câmbio está estimada em R$ 2,20 (no início do mês era de R$ 2,10). Ou seja, tais previsões devem sofrer ajustes para cima, com base no comportamento atual do câmbio para o período futuro.
  • Indústria comemora Dólar mais alto e espera que câmbio suba mais: Embora demonstre preocupação com a pressão inflacionária, a indústria comemora o que chama de “novo patamar cambial” e pede mais: para executivos consultados pelo Brasil Econômico, a cotação ideal do Dólar, que garantiria a retomada da competitividade internacional, gira em torno de R$ 2,30 a R$ 2,40. “A desvalorização traz um ambiente mais favorável à competição, mas a volatilidade preocupa”, resume o gerente de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castello Branco. O Real forte dos últimos anos é apontado pela indústria como um dos principais motores da perda de competitividade brasileira com relação a produtos importados. Dado mostrado com frequência por industriais nos mais diversos fóruns mostra que a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 27% em 1985 para 13% em 2012. As indústrias química e têxtil reforçam o argumento citando o aumento nas importações nos últimos anos - o déficit comercial do setor químico em 2012 foi de US$ 28,1 bilhões; o do setor têxtil, de US$ 6,5 bilhões. “O câmbio minou a competitividade da economia brasileira e o resultado é esse avanço nas importações. Câmbio valorizado subsidia a importação e taxa a exportação. Toda a indústria perde”, diz o diretor de relações internacionais da Federação das Indústrias de São Paulo, Thomaz Zanotto. Segundo ele, a FIESP trabalha com uma taxa de câmbio ideal entre R$ 2,30 e R$ 2,40 por Dólar. “Realmente, o câmbio continua supervalorizado e infelizmente temos que competir com países que tem política de câmbio desvalorizado”, completa o diretor da FIESP. “Não podemos mais voltar a patamares cambiais anteriores”, defende o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), Fernando Figueiredo, para quem o Dólar ideal para garantir a competitividade brasileira gira em torno dos R$ 2,40. “É o Dólar real, se considerarmos o câmbio artificialmente desvalorizado da China, da Indonésia e da Coreia”, justifica. Para ele, a pouca competitividade brasileira tem segurado investimentos em ampliação da capacidade e, hoje, um terço do mercado brasileiro é atendido por importações. A expectativa do mercado é de que a taxa se mantenha alta, diante dos sinais de juros maiores nos Estados Unidos. “Muito dificilmente teremos câmbio sobrevalorizado como antes. O mercado está se antecipando a medidas do FED (Federal Reserve Bank, o banco central norte-americano)”, diz Castello Branco. Ele prefere não falar em Dólar ideal e alerta para os riscos da volatilidade cambial para os negócios. “É ruim para exportadores, que têm dificuldades para fechar contratos, e para empresas com alto endividamento em Dólar”. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), Aguinaldo Diniz Filho, defende o Dólar na casa dos R$ 2,30. E chega a sugerir intervenção para que a taxa chegue mais próxima à considerada ideal pela indústria. “Até a Suíça mexeu no câmbio para aumentar competitividade”, diz. Na última entrevista de balanço do setor, no mês passado, o presidente do Instituto Brasileiro do Aço (IABr) também falou em intervenção cambial para que se chegue a uma taxa de R$ 2,40 por Dólar, considerada ideal para conter o avanço das importações de produtos siderúrgicos. A velocidade de uma desvalorização, porém, é uma preocupação de todos os entrevistados, devido ao potencial inflacionário. “A indústria é penalizada com depreciação forte acompanhada de níveis inflacionários elevados. O custo aumenta e impacta a competitividade”, concorda o ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas. Para ele, medidas fiscais para conter a alta de preços e reformas que melhorem a competitividade devem entrar na pauta do governo neste momento. “Logística, infraestrutura e custos trabalhistas também têm grande impacto na competitividade e precisam ser atacados”, continua. (Vale ressaltar que tais observações têm sido feitas há vários meses por este boletim). “A desvalorização é positiva desde que novas medidas fiscais sejam adotadas”, afirma Zanotto. “Me preocupa o fato de usarmos o Dólar como índice para segurar a inflação, porque pode levar a indústria a uma situação complicada a curto e médio prazo”, completa Diniz Filho, que cita como avanços nesse sentido medidas tomadas pelo governo nos últimos meses, como a redução do preço da energia e a desoneração da folha de pagamentos, entre outros.
  • Endividamento das famílias em abril foi recorde segundo Banco Central: O endividamento das famílias com o sistema financeiro continua a subir. De acordo com dados do Banco Central (BC), em abril, a dívida total das famílias equivalia a 44,46% da renda acumulada nos últimos 12 meses. Esse indicador vem crescendo desde o início da série histórica do BC, em janeiro de 2005. O resultado de abril é recorde da série. Desconsiderando o endividamento com financiamento imobiliário, o percentual ficou estável entre março e abril em 30,47%. O patamar mais elevado desse indicador, sem o crédito imobiliário, foi registrado em agosto de 2012 (31,49 %). No início da série histórica, estava em 15,29%. Os técnicos do BC costumam argumentar que o maior endividamento é decorrente do crescimento do crédito imobiliário. Para o BC, as famílias estão trocando dívidas de consumo por aquisição de patrimônio.
  • Brasil gerou 72.028 vagas formais em maio: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), referentes a maio de 2013, foram criados no Brasil 72.028 novas vagas de emprego com carteira assinada. O resultado ficou abaixo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que previa de 135 mil a 180 mil vagas. Na série com ajuste, houve queda de 63,20% em relação a igual mês do ano passado. No acumulado do ano de 2013, houve criação líquida de empregos formais de 669.279, com ajuste. O saldo líquido de empregos formais gerados em maio é o menor para o mês desde 2003. O resultado, destaca o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mantém a trajetória de expansão, mas revela uma perda de dinamismo quando comparado aos resultados do mesmo mês de anos anteriores. Segundo o governo, o comportamento pode ser justificado, em parte, em função de um possível deslocamento da demanda por trabalhadores para os próximos meses, em razão do cenário internacional, associado à redução da expectativa dos agentes econômicos. Na análise mensal, a Construção Civil foi o único dos oito setores pesquisados com demissão líquida de 1.877 trabalhadores. O resultado é justificado pelo governo "em parte, ao encerramento das obras ligadas à Copa". No Comércio, houve estabilidade, com a criação de 36 postos de trabalho em maio. Na Agricultura, foram criados 33.825 novos empregos, e no setor de Serviços, surgiram 21.154 novos empregos. Os postos de trabalho na Indústria de Transformação aumentaram 15.754 no mês.
  • Taxa de desemprego é de 5,8% em maio, segundo o IBGE: A taxa de desemprego apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nas seis principais regiões metropolitanas do país, ficou em 5,8% em maio, idêntica à taxa verificada em abril. Em comparação a maio de 2012, a taxa também não apresentou variação.
  • Brasil tem um dos maiores custos de trabalho no mundo: O custo unitário do trabalho – custo da produção em relação a salários e encargos – cresceu 158% em 10 anos no Brasil, bem acima do resultado registrado em países como Estados Unidos, Japão, Itália, Espanha, Alemanha e Coreia do Sul. Na comparação internacional, levando em consideração um patamar de base 100, entre 2001 e 2010 o custo unitário do trabalho no Brasil cresceu 112%, enquanto que, no Japão, no mesmo período, subiu apenas 9%, próximo do patamar de 2001. Nos Estados Unidos, o mesmo custo caiu 14% em dez anos. Esses dados foram calculados pela Gerência de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), baseados em informações do Bureau of Labor Statistics (BLS, órgão de estudos sobre emprego do governo norte-americano) e do Banco Central do Brasil. “Os salários vêm crescendo acima da produtividade da indústria brasileira”, afirma Guilherme Mercês, economista da gerência de Economia e Estatística da FIRJAN. Ele explica que o custo unitário do trabalho é um indicador muito usado por Bancos Centrais de todo o mundo com o objetivo de avaliar a existência de pressões inflacionárias advindas do mercado de trabalho. “Esse indicador tem subido consideravelmente no Brasil, especialmente a partir de 2010, e de forma mais rápida do que em outros países”, observa. Para o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV), isso explica, em grande parte, o fraco desempenho da indústria brasileira. “Afeta a competitividade da indústria, pois torna a unidade produtiva mais cara”, argumenta. “Soma-se a isso o enorme custo tributário e logístico, carga de impostos elevada e complexa e infraestrutura deficiente, o chamado Custo Brasil”, diz. Segundo a FIRJAN, o Custo Brasil representa um acréscimo de 22,6% a 30,9% nos preços dos produtos da indústria de transformação do país. O produto nacional é, em média, 15% mais caro que o importado dos EUA, diz a Federação. De acordo com o Índice de Competitividade Mundial 2013, divulgado pelo International Institute for Management Development (IMD), o Brasil perdeu ainda mais espaço no cenário internacional, passando para a 51ª posição, cinco abaixo do 46ª lugar ocupado no ranking do ano passado. A pesquisa avalia as condições de competitividade de 60 países a partir da análise de dados estatísticos nacionais e internacionais e pesquisas de opinião realizada com executivos. Para o diretor do IMD, o grande problema do país é “muito consumo e pouca produção”. “A perda de produtividade da indústria brasileira está relacionada, em grande parte, ao mercado de trabalho aquecido”, explica o economista da FIRJAN. “De modo geral, na estrutura de custos de uma empresa a folha de pagamentos é o item principal. Isso é ainda mais verdade nos setores intensivos em mão de obra”, observa. “Temos hoje uma situação parecida com a que aconteceu na Europa nas últimas décadas”, observa Barbosa Filho, da FGV. “O custo unitário da Grécia, por exemplo, em comparação com o da Alemanha, aumentou rápido demais. Parte da crise europeia é decorrente desse movimento de aumento do custo de trabalho em relação à produtividade”, alerta. Para Barbosa Filho, o aumento do salário mínimo tem feito com que determinados setores, que não tiveram aumento de produtividade, sofram mais, como é o caso do setor industrial: “Para solucionar esse problema, só mesmo com medidas de longo prazo, como a redução do Custo Brasil, melhoria da infraestrutura, etc. O aumento da renda do trabalhador é desejável, mas se isso ocorrer de forma acelerada e sem um movimento correspondente da produtividade, pode causar efeitos colaterais”, pondera. Especificamente, são dois efeitos: perda de competitividade do produto nacional e pressão sobre a inflação. “E isso torna esse movimento insustentável, pois sufoca as empresas, via aumento de custos, e os consumidores, via aumento da inflação (perda do poder de compra)”, diz Mercês. Para o economista da FIRJAN, de modo geral o mundo – mas especialmente a Europa – tem se esforçado para conter e até mesmo reduzir os custos do trabalho, exatamente na tentativa de ganhar competitividade e crescer mais no futuro. “Esse é um desafio enorme e politicamente difícil de ser superado. Afinal, é difícil argumentar que menos salário hoje significa mais emprego no futuro”.
  • OIT alerta que mundo terá 208 milhões de desempregados em 2015: Cinco anos depois do início da crise econômica mundial, o mercado de trabalho ainda sofre e está longe de retornar ao nível de antes da turbulência. Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com o tema “Reparando o tecido econômico e social” estima que o número de desempregados no mundo chegue a 207,8 milhões em 2015, frente aos cerca de 200 milhões atuais. O déficit frente ao número de empregos de antes da crise ainda é de 14 milhões de vagas. Se considerarmos os 16,7 milhões de jovens que chegarão ao mercado ainda este ano, a falta de postos de trabalho é estimada em 30,7 milhões em 2013. O cenário traçado pela OIT é de uma situação desigual, em que economias emergentes e em desenvolvimento mostram uma recuperação muito mais rápida que a de economias avançadas. A taxa de desemprego mundial está hoje em 5,9%, 0,5 ponto percentual acima dos 5,4% no período pré-crise. E o que preocupa, segundo a OIT, é que o desemprego continua a subir. Ao longo de 2012, foram três milhões de desempregados a mais no mundo. Já o nível de ocupação — que corresponde às pessoas empregadas com mais de 15 anos em relação ao total dessa faixa etária na população — estava em 55,7% no 4º trimestre de 2012, frente aos 56,6% do 4º trimestre de 2007. E a previsão da OIT é que, diante do atual cenário, o nível de ocupação só volte ao nível pré-crise no próximo ano. “Os números apresentam uma evolução positiva em muitas partes do mundo em desenvolvimento, mas pintam um quadro preocupante em muitos países de alta renda, apesar da recuperação econômica. A situação em alguns países europeus, em particular, está começando a forçar seu tecido econômico e social. (...) Precisamos prestar muita atenção para reduzir a desigualdade que está aumentando em muitas partes do mundo”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder. O Brasil é um dos 19 países, entre as 65 nações do levantamento da OIT, em que o nível de ocupação avançou entre o 4º trimestre de 2007 e igual período de 2012. Ao lado do país, estão Chile, Colômbia, República Dominica, Peru, Rússia e Alemanha, entre outros. Em um segundo grupo, de 24 países, houve alguma melhora na ocupação, mas ainda insuficiente para atingir os níveis de antes de 2007. Um terceiro e último grupo — formado por 22 países, principalmente da Zona do Euro — registra nível de ocupação em média 2,8 pontos percentuais inferior ao do 4º trimestre de 2007.