quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Termômetro Econômico - Novembro de 2010

Os destaques do mês de novembro referem-se à indicação, pela Presidente eleita Dilma, da “nova” equipe econômica, a crescente preocupação do governo e de analistas do mercado quanto à aceleração da inflação, as medidas anunciadas pelo próximo governo para controle do crédito e da inflação, e redução dos gastos públicos, e a divulgação dos dados do PIB do 3º trimestre de 2010. Continua ainda preocupante a questão cambial e de valorização do Real frente ao Dólar.
  • Presidente Dilma escolhe equipe econômica para o próximo governo: A “nova” equipe econômica do governo Dilma contará com o atual Ministro da Fazenda Guido Mantega para o mesmo cargo, o então diretor de Normas do Banco Central, Alexandre Tombini, para a presidência do BC, e Miriam Belchior, até então subchefe de Articulação e Monitoramento da Presidência e coordenadora do PAC, para o Ministério do Planejamento. Quanto ao novo presidente do BC, analistas do mercado acreditam que ele terá que manter uma sintonia mais afinada com o ritmo desejado pela Fazenda para o rumo da economia, ou seja, com menos atritos como os ocorridos entre Henrique Meirelles e Mantega durante o governo Lula. Já o Ministro Mantega deverá ter sua atuação delimitada por dois preceitos básicos: reduzir a dívida interna líquida para 30% do PIB até 2014, para permitir juros reais de 2% ao ano no fim do mandato da Presidente Dilma. Nessa moldura predefinida pela Presidente, o esforço fiscal (lê-se, em outras palavras, corte de gastos e/ou aumento de arrecadação e/ou impostos) será o necessário para abater a dívida em 11 pontos percentuais do produto (atualmente em 41% do PIB). Nas contas da área técnica da Fazenda, com a perspectiva de crescimento da economia brasileira da ordem de 5% ao ano e superávit fiscal de 3,3% do PIB, seria possível cumprir tal determinação. Esse conjunto de intenções deverá implicar, também, a retomada do processo de redução da meta de inflação, que permaneceu inalterada em 4,5% durante os oito anos da gestão do Presidente Lula. Em junho de 2011, Dilma terá que decidir sobre a meta de 2013 e nesse momento poderá fixar para o IPCA uma variação de 4%, introduzindo de forma gradual a trajetória de desinflação na pauta da política econômica. O Banco Central quis fixar a meta de 4% para o IPCA de 2012, mas não teve, à época, o apoio do então ministro da Fazenda.
  • IPCA fecha novembro em 0,83%, e aumenta preocupação quanto à aceleração inflacionária: Índice que mede a inflação oficial brasileira subiu 0,83% em novembro, acima da taxa de 0,75% verificada em outubro. No ano, o IPCA acumula alta de 5,25%, bem acima da taxa de 3,93% referente ao mesmo período de 2009. No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa está em 5,63%, também acima do acumulado dos 12 meses imediatamente anteriores (5,20%), e do centro da meta estipulada pelo Banco Central, de 4,50% para 2010. O último boletim Focus de novembro, divulgado pelo Banco Central, apresentou projeção de 5,78% para a inflação em 2010, ante 5,29% anunciado no início do mês. Além disso, há 12 semanas este relatório vem apresentando expectativas de aumento da inflação brasileira para 2010. Observa-se que o índice esperado pelo governo, de 5,1%, ficará muito abaixo do real valor para este ano. Os alimentos continuam sendo os principais responsáveis pela alta do IPCA, respondendo por 61% do aumento do índice em novembro. Esta aceleração inflacionária desafia a visão do Banco Central, que apostou em um cenário mais tranqüilo para os preços em 2010 e 2011, baseado nos resultados próximos a zero dos indicadores entre julho e agosto. Entretanto, com o desemprego no menor nível da história e a renda em elevação, o consumo deve manter-se aquecido, pressionando a inflação.
  • 1ª reunião do COPOM no governo Dilma deverá decidir pelo aumento da SELIC: A reversão das expectativas de inflação para 2011 será um dos desafios da Presidente eleita Dilma Rousseff, já no início do seu mandato. No mercado, a expectativa é que o BC seja obrigado a elevar a taxa básica de juros (SELIC) para pelo menos 12% ao ano durante 2011. Apesar do avanço da inflação verificado nos últimos meses, ficou decidido, na última reunião do COPOM de 2010, realizada nos dias 07 e 08 de dezembro, manter a taxa SELIC em 10,75%. Mas o consenso é que o COPOM promova a retomada no ciclo de alta da SELIC a partir do encontro que acontecerá nos dias 18 e 19 de janeiro de 2011.
  • PIB brasileiro acumula alta de 8,4% até o 3º trimestre: O PIB brasileiro alcançou em 2010, até setembro último, crescimento de 8,4% em relação ao mesmo período do ano passado, chegando ao valor de R$ 937,2 bilhões. Na mesma base de comparação, a Indústria cresceu 12,3%, a Agropecuária 7,8%, e os Serviços 5,7%. Especificamente no 3º trimestre, o PIB cresceu 0,5% ante o 2º trimestre do ano, com destaque para o setor de Serviços (+1,0%). Indústria (-1,3%) e Agropecuária (-1,5%) apresentaram quedas neste período. O crescimento do PIB confirma o diagnóstico do Banco Central de que a economia brasileira se desloca para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo. O fato de o investimento seguir apresentando desempenho bastante positivo indica que o bom momento da economia deve prosseguir ao longo dos próximos trimestres. Ainda segundo o último boletim Focus do mês, a previsão do Banco Central para o PIB em 2010 passou de 7,60% (final de outubro) para 7,54% (final de novembro). Para 2011, o Banco Central mantém, pela 52ª semana, projeção de crescimento de 4,50%.
  • Governo pode “ganhar tempo” contra movimento de valorização do Real: O Dólar fechou novembro em R$1,7140, ante R$1,7036 em outubro e R$1,6900 em setembro. Já o Euro fechou o mês a R$2,2364, ante R$2,3658 em outubro e R$2,2995 em setembro. Especificamente com relação ao Dólar, o Banco Central subiu a previsão de fechamento da taxa de câmbio no final do ano de R$ 1,70 (em outubro) para R$ 1,71 (em novembro). E para 2011, a previsão é que não ultrapasse o patamar de R$ 1,75. O governo brasileiro, entretanto, pode ganhar tempo no câmbio com o novo capítulo da crise financeira européia, desta vez com foco na Irlanda. Diante de um cenário novamente incerto, o fluxo de recursos externos ficou mais justo e o Dólar já sofreu correção, impactando numa desvalorização do Real. No último mês, o preço da moeda se descolou cerca de 5% frente à mínima do ano registrada em 13 de outubro, de R$ 1,655. Parte desse efeito se deve à elevação da alíquota do IOF sobre aplicações de estrangeiros em renda fixa, feita pelo governo ainda em outubro. Mas também é correto creditar tal efeito à maior aversão ao risco, visto que os investidores estão com o pé atrás de olho na crise européia, potencializada pela disposição da China em brigar com a inflação.

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