quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Aceleração da inflação continua em 2011, e COPOM aumenta juros para 11,25%

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), divulgado pelo IBGE no dia 25 de janeiro, teve variação de 0,76% no 1º mês de 2011, resultado superior ao de dezembro de 2010 (0,69%). Em janeiro de 2010, a taxa havia ficado em 0,52%.

A aceleração do IPCA-15 de janeiro teve o grupo transporte como principal responsável, com destaque para as tarifas de ônibus urbanos (1,77%), ônibus intermunicipais (1,30%) e interestaduais (1,34%). O etanol também apresentou aumento de 4,31% em seus preços, levando a gasolina a ficar 0,55% mais cara em janeiro. O grupo habitação também ficou mais alto de dezembro para janeiro com os resultados dos aluguéis e condomínio, assim como os artigos de residência, com destaque para mobiliário e eletrodomésticos. O grupo alimentação e bebidas teve taxa de crescimento de preços menos acelerada, passando de 1,84% em dezembro para 1,21% em janeiro. Mesmo assim, com 0,28 ponto percentual de contribuição, os produtos alimentícios foram responsáveis por 37% do IPCA-15 do mês.

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 14 de dezembro de 2010 a 14 de janeiro de 2011 e comparados com aqueles vigentes de 13 de novembro a 13 de dezembro de 2010.

Como já esperado desde o final de 2010, no dia 19 de janeiro último, o Comitê de Política Monetária (COPOM), em sua 1ª reunião do governo Dilma, decidiu, por unanimidade, elevar a taxa SELIC para 11,25% a.a., dando início a um processo de ajuste da taxa básica de juros.

Entretanto, cresce o número de economistas que defendem um aperto maior na taxa de juros, de até 2,75 pontos ao longo do ano. A curva de juros futuros, que responde mais rapidamente aos dados conjunturais, já projeta um aperto monetário maior, com alta de 0,75 para março (próxima reunião do COPOM).

Os efeitos esperados pelo governo é que os ajustes na taxa SELIC, somados aos das ações macroprudenciais implementadas no final do ano passado, possam contribuir para que a inflação convirja para a trajetória de metas no ano (que é de 4,5%). Entretanto, os últimos dados publicados pelo boletim Focus, do Banco Central, já projetam inflação de 5,24% para 2011.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Termômetro Econômico - Dezembro de 2010

Os destaques de dezembro referem-se, ainda, à preocupação do governo e de analistas do mercado quanto à aceleração da inflação no final do ano e início de 2011, além da questão cambial (de valorização do Real frente ao Dólar). As projeções para 2011 são de aumento da SELIC, novas medidas quanto à política cambial, e corte de gastos no novo governo (ajuste fiscal).
  • IPCA fecha dezembro em 0,63%, e fica em 5,91% em 2010: Índice que mede a inflação oficial brasileira foi de 0,63% em dezembro, ante 0,83% em novembro. No ano, o IPCA acumulou alta de 5,91%, fechando bem acima da taxa de 4,31% referente ao ano de 2009, e do centro da meta estipulada pelo Banco Central, de 4,50%. O último boletim Focus de dezembro, divulgado pelo próprio Banco Central, apresentava projeção de 5,90% para a inflação em 2010, ante 5,78% anunciado no início do mês. Observa-se que o índice esperado pelo governo, de 5,10%, ficou bem abaixo do real valor verificado no ano. Para 2011, a projeção é de inflação oficial de 5,32% (segundo o boletim Focus), o que por si só já confirma uma perspectiva de inflação também bem acima do centro da meta do governo, que continua em 4,50%. Alguns analistas do mercado já projetam IPCA de 5,50% para 2011. De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em dezembro pelo Banco Central, o próprio BC e o mercado apontam uma probabilidade em torno de 13% de que a inflação supere o teto da meta de 6,5% em 2011, corroborando a preocupação quanto ao processo de aceleração inflacionária que se desenha para este ano. Se os alimentos foram os grandes vilões da inflação em 2010, a expectativa dos analistas é que agora as atenções se voltem para os chamados preços administrados – que incluem tarifas de ônibus, combustíveis, água, saneamento e energia elétrica.
  • IGP-M fecha 2010 em 11,32%, maior avanço desde 2004: O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), teve alta de 0,69,% em dezembro, acumulando 11,32% em 2010. Este é o maior avanço anual na inflação medida pelo indicador desde 2004 (12,42%). Em 2009 houve deflação de 1,71%. O índice é utilizado para balizar o reajuste de tarifas públicas, contratos de aluguel e planos e seguros de saúde. Ou seja, se já era esperada uma pressão maior dos preços administrados sobre a inflação para 2011 (como comentado acima), com este índice do IGP-M de 2010 é certo que deverão ocorrer fortes reajustes neste ano, aumentando a perspectiva de que não será um ano fácil quanto ao controle inflacionário no país.
  • Taxa de juros fecha o ano em 10,75%, mas deve aumentar logo no início de 2011: Se as projeções se confirmarem, já na próxima reunião do COPOM a taxa de juros básica da economia (SELIC) deverá sofrer o 1º aumento do governo Dilma. Em dezembro, o COPOM decidiu, por unanimidade, manter a taxa SELIC em 10,75%, postergando um inevitável aumento para a 1ª reunião a ser realizada nos dias 18 e 19 de janeiro de 2011. Na semana seguinte à reunião de dezembro do COPOM, a própria ata da reunião apontou para uma piora no cenário de inflação e identificou que há riscos futuros para a situação desejável de convergência da inflação para o centro da meta estipulada pelo governo para 2011, de 4,5%. Dessa forma, já é consenso no mercado que haverá aumento da SELIC de 0,5 ponto percentual. Na minha opinião, este aumento já deveria ser de 1%. Analistas do mercado ainda prevêem outros dois aumentos consecutivos de 0,5 p.p., elevando a taxa SELIC ao patamar de 12,25% ao ano no final de abril. O cenário de mercado, publicado no Relatório Trimestral de Inflação de dezembro, leva em consideração uma taxa SELIC de 12,25% para o último trimestre de 2011, em vez de 11,75% como contemplado no relatório de setembro.
  • Banco Central eleva previsão do PIB de 2010 para 7,61%: De acordo com o último boletim Focus de dezembro, o Banco Central elevou a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de 2010, para 7,61%, ante previsão anterior de 7,3%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse esperar a evolução da atividade no país “em mais de 0,5%” no 4º trimestre de 2010, em relação aos três meses antecedentes, assegurando, assim, crescimento de 7,5% para o ano. Mas ele também acredita que o PIB poderá fechar em mais de 8%. Para 2011, a previsão da autoridade monetária é de crescimento real da economia de 4,5%. Segundo o Comitê de Política Monetária (COPOM), a economia tem se deslocado para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo, justificando assim a estimativa para 2011. Por outro lado, o Ministro da Fazenda acredita num crescimento de 5% para 2011, mesmo com o corte de gastos já anunciado pelo governo em todos os ministérios, e a restrição de crédito ao consumo. Segundo seus cálculos, caso o corte de gastos anunciado não fosse realizado, o PIB poderia crescer 5,5% em 2011.
  • Câmbio continua sendo preocupação do governo para 2011: O Dólar fechou dezembro em R$1,6670, ante R$1,7140 verificado em novembro. Já o Euro fechou o mês a R$2,2280, ante R$2,2364 em novembro. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão do Banco Central era de fechamento do ano com uma taxa de câmbio de R$ 1,70. Para 2011, a previsão é que não ultrapasse o patamar de R$ 1,75. Dessa forma, o governo já prepara novas medidas para conter a valorização do Real frente ao Dólar, além da elevação da alíquota do IOF sobre aplicações de estrangeiros em renda fixa, feita pelo governo ainda em outubro último.