segunda-feira, 25 de junho de 2012

MARKETING 3.0: um novo paradigma para as empresas do futuro

Amigos, saiu no dia 15 de junho de 2012 um artigo sobre o conceito de "Marketing 3.0", publicado no jornal Hoje em Dia. Leiam e comentem! Abraços a todos!



Marketing 3.0: um novo paradigma para as empresas do futuro
Dr. Frederico Mafra, Professor do IBMEC e Consultor Sênior da Global On Consultores Associados

O Marketing 3.0 é um conceito novo, ainda pouco estudado e divulgado, mas muito atual. Segundo o guru do marketing Philip Kotler, cada vez mais os consumidores se importam não só com os produtos e/ou serviços que uma empresa oferece, mas também com sua imagem e com o que ela defende em termos de valores no mundo.

Para Alvin Toffler, futurista norte americano, vivemos uma 4ª onda voltada para os aspectos da criatividade, cultura, tradição e meio ambiente. O Marketing 3.0, neste contexto, se baseia na capacidade das empresas detectarem as ansiedades e anseios humanos enraizados nestes aspectos, (re)definindo seus modelos de negócios centrados no ser humano.

O marketing, no seu início, era focado no produto (Marketing 1.0) e tinha um viés mais tático, de apoio à produção, buscando, em síntese, gerar demanda para os produtos. Nos anos 90 passou a centrar-se no consumidor e suas necessidades (Marketing 2.0), trabalhando novos enfoques e conceitos sobre gestão do cliente, segmentação de mercado e posicionamento, e transformando o marketing em algo mais estratégico.

Agora, o marketing foca nas questões humanas (Marketing 3.0), na qual a lucratividade dos negócios tem como contrapeso a responsabilidade corporativa, com produtos e/ou serviços que contribuam para a solução dos problemas globais e sociais. As empresas que praticam o Marketing 3.0 têm como objetivo maior oferecer soluções para os problemas da sociedade, trabalhando as diretrizes de marketing com maior foco nos conceitos balizadores de seus negócios - missão, valores e visão!

Mudanças no ambiente de negócios têm traçado esta tendência de uso do Marketing 3.0 e de modificações nas práticas das empresas, como: intensificação da globalização, crises econômicas globais, preocupações com o meio ambiente, novas mídias sociais, novas ondas de avanços tecnológicos, maior empowerment do consumidor, maior confiança, pelo cliente, em outros consumidores do que nas empresas e/ou em mídias tradicionais, dentre outros. Ou seja, os conceitos de marketing sempre são uma reação às mudanças que ocorrem no ambiente de negócios, e o Marketing 3.0 comprova a máxima de que o comportamento do consumidor mudou com o passar do tempo devido a estas mudanças no ambiente que o rodeia.

As empresas do futuro precisam entender os novos consumidores, os quais desejam participar mais da criação e desenvolvimento dos produtos (‘cocriação’), desejam estar conectados aos outros consumidores muito mais do que às empresas (‘comunização’), e querem que as marcas reflitam sua verdadeira identidade, tenham personalidade e atinjam uma diferenciação autêntica e quase única. Ou seja, redefinir o Marketing 3.0 com base na tríade ‘marca’, ‘posicionamento’ e ‘diferenciação’, incorporando os atributos de ‘identidade’, ‘integridade’ e ‘imagem da marca’, própria e/ou de seus produtos.

Desenvolver o Marketing 3.0 não é tarefa fácil. Mas o desafio é justamente adequar-se para o futuro, para um novo consumidor, para um novo ambiente de negócios!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Maio de 2012

Amigos,
O mês de maio destaca os resultados do PIB brasileiro do 1º trimestre de 2012, que apresentou baixo crescimento, com trajetória de desaceleração. O governo continua adotando medidas para estimular o consumo interno e o investimento via subsídios fiscais e aumento de crédito, mas não avança nas reformas mais estruturantes. O Real voltou a se desvalorizar frente ao Dólar, e o COPOM reforçou a estratégia de redução gradual da taxa SELIC, cortando em 0,5 ponto percentual os juros básicos da economia. Outros indicadores de maio: inflação (redução em relação a abril), inadimplência (crescimento no 1º quadrimestre) e mercado de trabalho (saldo positivo no ano).

  • PIB Brasil do 1º trimestre de 2012 cresce pouco: O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil apresentou variação positiva de 0,2% no 1º trimestre de 2012, em relação ao último trimestre do ano passado. Os destaques positivos foram a Indústria, que cresceu 1,7%, seguida dos Serviços (+0,6%). O crescimento da Indústria foi puxado pela Indústria de Transformação, Construção Civil e Eletricidade e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana. Nos Serviços, o destaque ficou por conta das atividades de Administração, Saúde e Educação Pública. O destaque negativo do PIB ficou por conta da Agropecuária, que caiu 7,3%. Na comparação com o mesmo período de 2011, o PIB cresceu 0,8%. Em valores correntes, o PIB brasileiro alcançou R$ 1,03 trilhão neste 1º trimestre de 2012.
  • Trajetória do PIB é de desaceleração: O resultado do PIB do 1º trimestre de 2012 veio em consonância com as previsões do mercado, que já previa algo abaixo de meio ponto percentual. Tal expectativa foi, inclusive, reforçada pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Nos últimos 12 meses, o PIB acumulou crescimento de 1,9%, resultado que mantém a trajetória de desaceleração observada desde o final de 2010. Para o Ministro Mantega, o PIB brasileiro para 2012 ainda tem condições de ficar entre 3% e 4%. Já os economistas do mercado demonstram maior ceticismo quanto à capacidade de recuperação da economia brasileira no 2º semestre do ano, e apostam num crescimento entre 2,5% e 3% no ano. Para o mercado, o país poderia ter aproveitado o momento de crescimento, mesmo que baixo, mas acima da taxa de crescimento mundial, para realizar reformas estruturantes voltadas à melhoria da competitividade no mercado global, como a redução da carga tributária e o incentivo à inovação. Entretanto, o que se vê são decisões e ações mais fragmentadas e pontuais, por parte do governo, para estimular o crescimento via consumo e combater os efeitos da crise econômica mundial.
  • Banco Central reduz estimativa para o PIB em 2012: De acordo com o último Boletim Focus de maio, o Banco Central reduziu mais uma vez a previsão do PIB para 2012, de 3,23%, verificada no início do mês, para 2,72% no final de maio. Para 2013, a projeção é de 4,50%. 
  • OCDE prevê crescimento de 3,9% do PIB Brasil para 2012: A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) manteve em 3,9% sua previsão de crescimento do PIB brasileiro neste ano, mas elevou em três décimos a estimativa de 2013, a 4,2%. Para a OCDE, a demanda doméstica seguirá como a principal responsável pelo crescimento do Brasil. Com relação à inflação, calcula que será de 4,9% em 2012 e de 5,3% em 2013, mas também indicou que as taxas de juros deveriam subir antes do final do ano para evitar tensões no mercado de trabalho e no de produtos.
  • Dólar fecha maio a R$ 2,018: O Dólar encerrou o mês de maio em R$ 2,018, alta de 4,83% em relação a abril, e ganho anual de 8,20%. O Euro fechou o mês em R$ 2,4992. Especificamente com relação ao Dólar, este demonstrou aumento em relação ao Real, principalmente devido à piora da percepção de risco no exterior (lê-se crise econômica na Zona do Euro), em movimento contrário ao das bolsas de valores. A previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2012, está em R$ 1,90, conforme o último Boletim Focus de maio. Para 2013, a taxa de câmbio está estimada em R$ 1,87.
  • COPOM mantém trajetória de corte na taxa de juros SELIC em 2012: Na última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), realizada em 29 e 30 de maio último, a taxa SELIC foi reduzida mais uma vez em 0,50 ponto percentual, chegando a 8,50% ao ano, e mantendo a trajetória de queda dos juros iniciada no final do ano passado, com foco no estímulo do crescimento econômico interno do país. O COPOM considera que, neste momento, os riscos para a trajetória da inflação brasileira encontram-se limitados, e devido à fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionaria. No ano, a taxa SELIC foi reduzida quatro vezes, de 11,00% para os atuais 8,50% ao ano. A próxima reunião do COPOM está marcada para 10 e 11 de julho, e segundo o Boletim Focus, do Banco Central, a expectativa do mercado é de mais um corte de 0,50 ponto percentual na SELIC, chegando a 8,00%. Entretanto, para 2013, a estimativa é de uma taxa a 9,38%.
  • IPCA de maio fica em 0,36%: Índice que mede a inflação oficial brasileira apresentou redução em maio, passando de 0,64% em abril para 0,36% neste último mês. Com isso, o resultado em 2012 aponta uma inflação acumulada de 2,24%, bem abaixo dos 3,71% verificados no mesmo período do ano passado. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA situa-se em 4,99%, o mais baixo resultado desde setembro de 2010 (quando foi de 4,70%). A expectativa do Banco Central, no último Boletim Focus de maio, é que o IPCA encerre 2012 em até 5,15%. Para 2013, a projeção é de 5,60%.
  • Grupo ‘Alimentação e Bebidas’ foi o principal vilão da inflação em maio: Os preços dos ‘Alimentos e Bebidas’ (de 0,51% em abril para 0,73% em maio) causaram impacto de 0,17 ponto percentual no IPCA, com destaque para o feijão e o arroz. Já o grupo ‘Transportes’ foi o que mais contribui para a queda do índice de inflação no mês de maio (de 0,10% em abril para -0,58% neste mês, impacto de -0,12 no IPCA).
  • IGP-M acelera em maio: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada “inflação do aluguel”, acelerou em maio, atingindo 1,02% no mês, frente a 0,85% verificado em abril. No ano, o IGP-M acumula alta de 2,5110%, e de 4,2623% nos últimos 12 meses. A projeção do Banco Central, em seu último Boletim Focus de maio, aponta o IGP-M encerrando 2012 em 5,66%, 0,42 ponto percentual acima da previsão feita no final de abril (5,24%).
  • Inadimplência do consumidor aumenta no 1º quadrimestre de 2012: Conforme a Serasa Experian, o nível de inadimplência dos consumidores brasileiros aumentou em 23,7% em abril, na comparação com o mesmo mês em 2011, puxado pelas dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços). Em relação a março deste ano, houve alta de 4,8%, a maior variação mensal desde 2002. No 1º quadrimestre do ano, o indicador acumula expansão de 19,6%. Segundo os economistas da Serasa, o aumento da inadimplência do consumidor mostra que as dificuldades de honrar as despesas de início de ano, aliadas ao endividamento crescente, acabaram se estendendo para além do mês de março. Vale destacar também que o aumento da inadimplência pode estar relacionado ao crescimento do consumo interno via aumento do crédito (efeito perverso).
  • País gerou 702.059 novas vagas no 1º quadrimestre de 2012: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, no 1º quadrimestre do ano, 702.059 novas vagas de emprego com carteira assinada. Em termos setoriais, abril foi o 1º mês do ano em que se verificou crescimento generalizado do emprego entre os setores.
  • Revista ‘The Economist’ alerta para perigos de fraquezas do Brasil para economia: Artigo publicado pela revista britânica diz que o Brasil apresenta pontos fortes ‘reais’, como o baixo índice de desemprego, o aumento dos salários e o investimento estrangeiro direto, mas alerta que o governo deveria também se preocupar mais com suas fraquezas, sendo o principal responsável por grande parte do “Custo Brasil”. Especificamente com relação às fraquezas, a revista aponta a alta carga de impostos em relação ao PIB, sendo o sistema tributário brasileiro altamente complexo, e critica as altas aposentadorias públicas e o viés ‘esbanjador’ do governo. Por último, criticam também a previsão de crescimento para a economia brasileira em 2012, o que a princípio pode parecer generosa para os atuais padrões ocidentais, mas abaixo (ou insuficiente) para garantir que o Brasil dê continuidade aos recentes ganhos sociais.
  • Dificuldade de crescimento para 2012 derruba entusiasmo internacional com o Brasil: Analistas do mercado internacional acreditam que a desaceleração da economia brasileira arrefeceu o entusiasmo pelo Brasil no exterior. Segundo Richard Lapper, diretor do Brazil Confidential, o serviço de análises sobre o Brasil do jornal britânico Financial Times, afirmou que "no mercado, o clima é de que a festa brasileira acabou. É como se de repente alguns analistas tivessem descoberto que o Brasil tem problemas”. Nouriel Roubini, economista conhecido por prever o colapso do mercado imobiliário americano, também voltou de uma viagem pelos BRICs, em fevereiro, recomendando um "choque de realidade" em relação ao Brasil. Para Neil Shearing, da consultoria Capital Economics, em Londres, um dos analistas "decepcionados" com o Brasil, o problema é que o crescimento brasileiro ficou atrás não só dos outros BRICs, mas também de outros países latino-americanos, como o México: "Havia uma bolha de entusiasmo pelo Brasil - e agora ela estourou", diz. Na realidade, as incertezas em relação ao Brasil são alimentadas tanto por fatores internos quanto externos. Além de o país estar crescendo menos que outros emergentes, há preocupações com as baixas taxas de poupança e investimento, o chamado “Custo Brasil” (excesso de burocracia, déficit de infraestrutura, etc.) e a relativa falta de crescimento na produtividade da indústria. De fato, o Brasil não aumentou muito sua fatia da economia global na última década e só conseguiu tornar-se a sexta economia do mundo por causa do Real valorizado, e da própria crise econômica mundial, que afetou enormemente os países da Zona do Euro. Além disso, no plano internacional, o foco das preocupações hoje são as incertezas sobre a própria Zona do Euro e a as perspectivas de um desaquecimento da China, cenário que levaria a uma redução das exportações brasileiras e desvalorização das commodities.