domingo, 19 de dezembro de 2010

Perspectivas 2011: ano de ajustes fiscal e monetário

No início de dezembro tivemos algumas respostas a perguntas que se colocaram no cenário econômico ainda em novembro. A primeira delas referia-se a um possível aumento da taxa de juros básica da economia (taxa SELIC) na última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) realizada nos dias 07 e 08. Apesar de vários economistas do mercado (inclusive eu) considerarem oportuno um aumento da SELIC ainda neste ano, dado o cenário de aceleração inflacionária verificado no último trimestre, e pela característica da política econômica brasileira ancorada no sistema de metas de inflação, tal fato não ocorreu. Ou seja, o COPOM decidiu, por unanimidade, manter a taxa SELIC em 10,75%, postergando um inevitável aumento para a 1ª reunião do COPOM do governo Dilma, a ser realizada nos dias 18 e 19 de janeiro de 2011. A perspectiva é que tal aumento seja de, no mínimo, 1 ponto percentual. Observa-se que na semana seguinte à reunião do COPOM, a própria ata da reunião apontou para uma piora no cenário de inflação e identificou que há riscos futuros para a situação desejável de convergência da inflação para o centro da meta estipulada pelo governo para 2011, de 4,5%.

Como também já alertado em um post anterior neste mesmo blog, o governo deverá trabalhar com uma perspectiva mais voltada a evitar, ao máximo, aumentos sucessivos da taxa de juros. Outras medidas deverão ser tomadas antes de um inevitável aumento da SELIC. Confirmando esta tese, o Banco Central, desde o dia 13 de dezembro, aumentou o compulsório exigido dos bancos sobre depósitos à vista (de 8% para 12%) e sobre depósitos a prazo (de 15% para 20%), além de exigir mais garantias das instituições financeiras no momento de realizarem empréstimos. O resultado esperado é uma redução imediata no volume de dinheiro disponível para empréstimos, sendo retirado da economia algo em torno de R$ 61 bilhões. Ou seja, no campo macroeconômico, tratam-se de medidas alternativas para impedir um crescimento maior da taxa de inflação, sendo denominadas “medidas macroprudenciais”.

Na prática, pode haver aumento de juros para os consumidores, por causa da redução da liquidez nas operações de empréstimos dos bancos. Para o Ministro Mantega, o rigor fiscal a partir de 2011 abrirá espaço para o aumento da poupança pública e a redução dos juros. Para ele, a redução do gasto público impulsionará o consumo e o investimento privados.

Portanto, tentando responder à pergunta que coloquei neste mesmo blog sobre o comportamento futuro esperado do governo Dilma para a economia: não acho que o governo adotará a ortodoxia, ou seja, não seguirá à risca a política monetária de aumentar os juros para controlar a inflação. Para mim, serão tomadas outras decisões antes desta. A ordem deverá ser crescer para depois controlar. Particularmente, preferia a alternativa anterior: controlar para depois crescer.

Um bom Natal a todos, comprem moderadamente, e que 2011 não nos traga surpresas no campo econômico; é o mínimo que espero!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Termômetro Econômico - Novembro de 2010

Os destaques do mês de novembro referem-se à indicação, pela Presidente eleita Dilma, da “nova” equipe econômica, a crescente preocupação do governo e de analistas do mercado quanto à aceleração da inflação, as medidas anunciadas pelo próximo governo para controle do crédito e da inflação, e redução dos gastos públicos, e a divulgação dos dados do PIB do 3º trimestre de 2010. Continua ainda preocupante a questão cambial e de valorização do Real frente ao Dólar.
  • Presidente Dilma escolhe equipe econômica para o próximo governo: A “nova” equipe econômica do governo Dilma contará com o atual Ministro da Fazenda Guido Mantega para o mesmo cargo, o então diretor de Normas do Banco Central, Alexandre Tombini, para a presidência do BC, e Miriam Belchior, até então subchefe de Articulação e Monitoramento da Presidência e coordenadora do PAC, para o Ministério do Planejamento. Quanto ao novo presidente do BC, analistas do mercado acreditam que ele terá que manter uma sintonia mais afinada com o ritmo desejado pela Fazenda para o rumo da economia, ou seja, com menos atritos como os ocorridos entre Henrique Meirelles e Mantega durante o governo Lula. Já o Ministro Mantega deverá ter sua atuação delimitada por dois preceitos básicos: reduzir a dívida interna líquida para 30% do PIB até 2014, para permitir juros reais de 2% ao ano no fim do mandato da Presidente Dilma. Nessa moldura predefinida pela Presidente, o esforço fiscal (lê-se, em outras palavras, corte de gastos e/ou aumento de arrecadação e/ou impostos) será o necessário para abater a dívida em 11 pontos percentuais do produto (atualmente em 41% do PIB). Nas contas da área técnica da Fazenda, com a perspectiva de crescimento da economia brasileira da ordem de 5% ao ano e superávit fiscal de 3,3% do PIB, seria possível cumprir tal determinação. Esse conjunto de intenções deverá implicar, também, a retomada do processo de redução da meta de inflação, que permaneceu inalterada em 4,5% durante os oito anos da gestão do Presidente Lula. Em junho de 2011, Dilma terá que decidir sobre a meta de 2013 e nesse momento poderá fixar para o IPCA uma variação de 4%, introduzindo de forma gradual a trajetória de desinflação na pauta da política econômica. O Banco Central quis fixar a meta de 4% para o IPCA de 2012, mas não teve, à época, o apoio do então ministro da Fazenda.
  • IPCA fecha novembro em 0,83%, e aumenta preocupação quanto à aceleração inflacionária: Índice que mede a inflação oficial brasileira subiu 0,83% em novembro, acima da taxa de 0,75% verificada em outubro. No ano, o IPCA acumula alta de 5,25%, bem acima da taxa de 3,93% referente ao mesmo período de 2009. No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa está em 5,63%, também acima do acumulado dos 12 meses imediatamente anteriores (5,20%), e do centro da meta estipulada pelo Banco Central, de 4,50% para 2010. O último boletim Focus de novembro, divulgado pelo Banco Central, apresentou projeção de 5,78% para a inflação em 2010, ante 5,29% anunciado no início do mês. Além disso, há 12 semanas este relatório vem apresentando expectativas de aumento da inflação brasileira para 2010. Observa-se que o índice esperado pelo governo, de 5,1%, ficará muito abaixo do real valor para este ano. Os alimentos continuam sendo os principais responsáveis pela alta do IPCA, respondendo por 61% do aumento do índice em novembro. Esta aceleração inflacionária desafia a visão do Banco Central, que apostou em um cenário mais tranqüilo para os preços em 2010 e 2011, baseado nos resultados próximos a zero dos indicadores entre julho e agosto. Entretanto, com o desemprego no menor nível da história e a renda em elevação, o consumo deve manter-se aquecido, pressionando a inflação.
  • 1ª reunião do COPOM no governo Dilma deverá decidir pelo aumento da SELIC: A reversão das expectativas de inflação para 2011 será um dos desafios da Presidente eleita Dilma Rousseff, já no início do seu mandato. No mercado, a expectativa é que o BC seja obrigado a elevar a taxa básica de juros (SELIC) para pelo menos 12% ao ano durante 2011. Apesar do avanço da inflação verificado nos últimos meses, ficou decidido, na última reunião do COPOM de 2010, realizada nos dias 07 e 08 de dezembro, manter a taxa SELIC em 10,75%. Mas o consenso é que o COPOM promova a retomada no ciclo de alta da SELIC a partir do encontro que acontecerá nos dias 18 e 19 de janeiro de 2011.
  • PIB brasileiro acumula alta de 8,4% até o 3º trimestre: O PIB brasileiro alcançou em 2010, até setembro último, crescimento de 8,4% em relação ao mesmo período do ano passado, chegando ao valor de R$ 937,2 bilhões. Na mesma base de comparação, a Indústria cresceu 12,3%, a Agropecuária 7,8%, e os Serviços 5,7%. Especificamente no 3º trimestre, o PIB cresceu 0,5% ante o 2º trimestre do ano, com destaque para o setor de Serviços (+1,0%). Indústria (-1,3%) e Agropecuária (-1,5%) apresentaram quedas neste período. O crescimento do PIB confirma o diagnóstico do Banco Central de que a economia brasileira se desloca para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo. O fato de o investimento seguir apresentando desempenho bastante positivo indica que o bom momento da economia deve prosseguir ao longo dos próximos trimestres. Ainda segundo o último boletim Focus do mês, a previsão do Banco Central para o PIB em 2010 passou de 7,60% (final de outubro) para 7,54% (final de novembro). Para 2011, o Banco Central mantém, pela 52ª semana, projeção de crescimento de 4,50%.
  • Governo pode “ganhar tempo” contra movimento de valorização do Real: O Dólar fechou novembro em R$1,7140, ante R$1,7036 em outubro e R$1,6900 em setembro. Já o Euro fechou o mês a R$2,2364, ante R$2,3658 em outubro e R$2,2995 em setembro. Especificamente com relação ao Dólar, o Banco Central subiu a previsão de fechamento da taxa de câmbio no final do ano de R$ 1,70 (em outubro) para R$ 1,71 (em novembro). E para 2011, a previsão é que não ultrapasse o patamar de R$ 1,75. O governo brasileiro, entretanto, pode ganhar tempo no câmbio com o novo capítulo da crise financeira européia, desta vez com foco na Irlanda. Diante de um cenário novamente incerto, o fluxo de recursos externos ficou mais justo e o Dólar já sofreu correção, impactando numa desvalorização do Real. No último mês, o preço da moeda se descolou cerca de 5% frente à mínima do ano registrada em 13 de outubro, de R$ 1,655. Parte desse efeito se deve à elevação da alíquota do IOF sobre aplicações de estrangeiros em renda fixa, feita pelo governo ainda em outubro. Mas também é correto creditar tal efeito à maior aversão ao risco, visto que os investidores estão com o pé atrás de olho na crise européia, potencializada pela disposição da China em brigar com a inflação.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Terminaremos o ano com mais um aumento da taxa de juros?

Terminaremos o ano com mais um aumento da taxa de juros? Se o Banco Central continuar exercendo, sem pressões políticas contrárias, seu papel de “guardião” da política econômica em prol da estabilidade, deveremos ter sim, ainda neste ano, aumento da SELIC.

Nos dias 7 e 8 de dezembro próximos será realizada a última reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária) para avaliação do cenário macroeconômico e decisão sobre a taxa SELIC para os próximos 45 dias. Apesar da Ata da última reunião (realizada nos dias 19 e 20 de outubro) indicar a manutenção da SELIC em 10,75% a.a., os últimos dados referentes à economia brasileira, mais precisamente aqueles sobre a inflação, apontam para um processo de aceleração desta, o que poderia, em tese, justificar um novo aumento da taxa SELIC ainda neste ano.

O IPCA-15, que representa uma prévia do que pode ser o IPCA do mês de novembro (índice oficial de inflação, calculado pelo IBGE e considerado pelo Banco Central para definição da taxa de juros da economia), apresentou inflação de 0,86% entre 15 de outubro e 15 de novembro, acima das projeções esperadas (de 0,72%), e já acumulando, no ano, alta de 5,07%. Tal indicador vem apresentando aceleração desde setembro, e tudo indica que a inflação deste ano no Brasil deve ficar muito próxima aos 6%. O boletim Focus, do Banco Central, a cada semana vem apresentando projeções crescentes para a inflação brasileira, tanto para 2010 quanto para 2011, mostrando que cada vez mais a inflação tende a ficar próxima do teto definido para as metas de inflação, que é de 6,5%, caso se mantenha a taxa de juros atual.

Outro dado preocupante é que tal aceleração inflacionária não é reflexo do aumento de apenas um grupo de produtos, mas sim de uma elevação mais generalizada. Dos nove grupos que compõem o índice, houve alta significativa em seis deles, e quase 70% dos itens subiram de preço no último mês. Alimentos e combustíveis apresentaram as maiores altas, e o receio é que tais aumentos se propaguem para outros produtos e serviços, afetando as expectativas dos agentes econômicos quanto à capacidade do governo em manter a inflação sob controle.

Os analistas de mercado, já no mês passado, apostavam no aumento da taxa SELIC na 1ª reunião do COPOM do governo Dilma, a ser realizada em 18 e 19 de janeiro de 2011. Entretanto, os últimos dados já apontam para a necessidade de aumento da SELIC ainda em dezembro deste ano. Tal decisão esbarra em questões não apenas econômicas, mas também políticas, já que não parecia ser intenção do governo Lula encerrar seu ciclo com mais um aumento da taxa de juros, e nem do próximo governo iniciar intensificando tal aumento, visto que uma das metas já mencionadas pela Presidente Dilma é chegar, em 2014, com uma taxa de juros real de 2,5%. Ou seja, considerando que o governo consiga manter a taxa de inflação em torno de 5,5% nos próximos anos, a taxa SELIC chegaria a 8,0% no final de 2014.

A pergunta que está colocada, portanto, é se o governo Dilma irá adotar a ortodoxia, ou seja, seguir à risca a política monetária de aumentar os juros para controlar a inflação, ou será tomada outra decisão, de aceitar um nível de inflação maior, mudando a cara da política econômica brasileira para o futuro. Para alguns especialistas, o sentimento é de que o governo Dilma seja mais tolerante com a inflação, em grande parte devido à influência do Ministro Mantega. Entretanto, a entrevista do novo presidente do Banco Central do governo Dilma, Alexandre Tombini, deixou claro que todo o esforço será feito para a manutenção da estabilidade econômica, o que significa dizer, em outras palavras, que não haverá dúvidas em aumentar a taxa de juros para segurar a inflação.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Entrevista à Rádio UFMG sobre perspectivas para a economia brasileira

Em entrevista concedida à Rádio UFMG - Jornal UFMG, no dia 04 de novembro, comentei sobre alguns indicadores macroeconômicos, e perspectivas sobre a economia brasileira.
Ouça a entrevista no link a seguir:

Professor Frederico Mafra (IBMEC-MG) fala sobre a previsão da economia brasileira e reajuste do salário mínimo.


Entrevista para a Rádio UFMG sobre novo aumento do salário mínimo

Em entrevista à Rádio UFMG - Jornal UFMG, no dia 17 de novembro, comentei sobre a previsão de aumento do salário mínimo para 2011, o qual, na minha opinião, seria de R$ 540,00. Tal valor foi confirmado no mesmo dia pelo Presidente Lula. Veja a entrevista no link a seguir:

Negociações sobre o reajuste do salário mínimo. Entrevista: Frederico Mafra (Professor do IBMEC-MG).

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Artigo "Necessidade, busca e uso da informação: a influência dos fatores cognitivos, emocionais e situacionais no comportamento informacional de gerentes"

Prezados,
É com prazer que informo que o livro 'Temas de Pesquisa em Ciência da Informação no Brasil' foi editado em versão para download, e nele consta um artigo de minha autoria denominado "Necessidade, busca e uso da informação: a influência dos fatores cognitivos, emocionais e situacionais no comportamento informacional de gerentes", considerado um dos melhores trabalhos apresentados no IX Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação do ano de 2008.

O livro está disponível para download na página do Programa de Pós-Graduação da ECA-USP, no endereço: http://www.pos.eca.usp.br/index.php?q=pt-br/ciencia_da_informacao/publicacoes

Recomendo a leitura! Abraços Prof. Frederico Mafra





terça-feira, 9 de novembro de 2010

Termômetro Econômico - Outubro de 2010

Os destaques econômicos de outubro referem-se à preocupação do governo brasileiro quanto à permanente valorização do Real frente ao Dólar, e ao risco de uma guerra cambial em nível global. Os últimos dados do IPCA e do PIB confirmam a retomada no ritmo de aceleração da inflação para o final do ano e as altas expectativas quanto ao crescimento da economia brasileira para 2010.

  • IPCA fecha outubro em 0,75%: Índice que mede a inflação oficial brasileira subiu 0,75% em outubro, acima da taxa de 0,45% verificada em setembro último. No ano, o IPCA acumula alta de 4,38%, acima da taxa de 3,50% referente ao mesmo período de 2009. No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa está em 5,20%, acima do centro da meta estipulada pelo Banco Central, de 4,50%. O Ministério da Fazenda acredita que o IPCA deva fechar o ano em 5,1%, valor ainda dentro do intervalo definido pelo governo para a inflação brasileira. Já o Banco Central, no último boletim Focus divulgado em outubro, apresentou projeção de 5,29% para a inflação em 2010, ante 5,07% projetado no início do mês. Em Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), o BC avalia que o balanço de riscos atual aponta para a concretização de um cenário benigno de preços, mas também avisa que ajustará prontamente a política monetária caso não haja convergência da inflação para o centro da meta perseguido pelo governo. Ou seja, caso a inflação demonstre um ritmo de aceleração mais forte nos próximos meses, a taxa de juros (SELIC) deverá ser aumentada (por enquanto, mantém-se em 10,75%). Atenção para os alimentos, que têm sido os principais responsáveis pelas últimas altas do IPCA, e a expectativa é que continuem pressionando a inflação no último trimestre do ano, dado os recentes choques de oferta (escassez).
  • PIB brasileiro em 2010 deve ficar entre 7,5% e 8,0%: Segundo o último boletim Focus do mês, a previsão para o PIB em 2010 subiu de 7,55% (final de setembro) para 7,60% (final de outubro). Para 2011, o Banco Central mantém, pela 47ª semana, projeção de crescimento de 4,50% para 2011. O próprio Ministro da Fazenda também aumentou suas estimativas para o PIB deste ano, passando de 6,50% para 7,50%, segundo relatório bimestral “Economia Brasileira em Perspectiva”. O principal fator responsável por tal crescimento deverá ser a demanda interna, que deve crescer 10,3% em 2010. A expectativa agora fica por conta do anúncio dos dados do PIB do 3º trimestre do ano, a ser feito em 09 de dezembro, quando será possível confirmar as projeções de forte crescimento da economia brasileira para este e o próximo ano.
  • Governo “endurece” contra movimento de valorização do Real: O Dólar fechou outubro em R$ 1,7036, ante R$ 1,6900 em setembro. Já o Euro fechou o mês a R$ 2,3658, ante R$ 2,2995 em setembro. Especificamente com relação ao Dólar, o Banco Central continuou abaixando a previsão de fechamento no final do ano de R$ 1,75 (em setembro) para R$ 1,70 (em outubro). E para 2011, a previsão é que não ultrapasse o patamar de R$ 1,80. Neste mês, o governo adotou medidas para conter a crescente valorização do Real frente ao Dólar, com o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 2% para 6% na entrada de recursos estrangeiros na renda fixa, e de 0,38% para 6% sobre o recolhimento de margem nas operações de derivativos, diminuindo a rentabilidade do mercado futuro, e demonstrando que não hesitará em adotar medidas que contenham tal trajetória de valorização. Por outro lado, o Ministro da Fazenda afirmou que tais medidas não deverão prejudicar o investimento no país, mas alerta que a solução passa por uma ação coordenada de âmbito mundial.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A decisão de um executivo baseada na racionalidade limitada e na intuição

ARTIGO PUBLICAO NO JORNAL HOJE EM DIA, EM 19 DE OUTUBRO DE 2009

O processo decisório de um executivo se caracteriza como uma tarefa solitária, e nem sempre é estruturado como algo completamente racional. Neste artigo, vamos analisar dois aspectos que influenciam tal processo decisório: a racionalidade limitada e o uso da intuição.

Pressupondo que decisões empresariais visam, quase sempre, resolver questões de negócio, sejam de caráter externo, como a ação de um concorrente ou o lançamento de um novo produto, ou de caráter interno, como a compra de um novo equipamento essencial ao negócio, qualquer decisor, por mais bem informado, nunca terá em mãos e em tempo hábil todas as informações e condições necessárias para uma decisão puramente racional. Essa situação é baseada no conceito da racionalidade limitada, onde o executivo busca a solução satisfatória, e não a solução ótima, para resolver sua questão em determinado momento. Consciente de que nunca terá certeza absoluta sobre todos os critérios de escolha de uma alternativa e suas conseqüências, o executivo decide com base no tempo disponível, nas informações obtidas neste período e na sua intuição.

Numa sociedade caracterizada pela abundância de informações, o tempo sempre será limitado para que qualquer pessoa consiga buscar, ler e entender tudo sobre um assunto. Por isso, as informações que conseguir absorver, no tempo limite para sua decisão, serão aquelas consideradas suficientemente satisfatórias para tal.

Um segundo aspecto utilizado pelo executivo para potencializar os limites da racionalidade limitada corresponde ao uso da sua intuição. Os estudos desenvolvidos sobre o processo decisório, principalmente em pequenas empresas, quase sempre definem a intuição como um componente importante e, muitas vezes, fundamental no processo decisório. Mas a ênfase com que é utilizada está correlacionada, diretamente, à experiência do executivo quanto ao tema sobre o qual a decisão será tomada. Em outras palavras, quanto maior a experiência do executivo em uma área ou assunto, mais assertiva e eficaz tenderá a ser a sua intuição.

É importante, pois, que o executivo tenha noção de como se estrutura seu processo de tomada de decisão (principais etapas) e quais as principais fontes de informação utilizadas (considerando os critérios de relevância e confiabilidade). Com isso, terá subsídios para compreender melhor seu comportamento frente às informações disponíveis, trabalhando com fontes que tornem eficaz seu processo de busca e análise, além de potencializar o uso de sua intuição nas decisões que precisará tomar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Definição da Estratégia X Gestão da Estratégia – diferenças e similaridades

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL HOJE EM DIA, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2009.

Dois grandes desafios enfrentados pelos executivos (principalmente de micro e pequenas empresas) referem-se ao estabelecimento das estratégias empresariais consistentes e coerentes com as características de seus negócios, e à forma como estas estratégias são implementadas e acompanhadas pelos respectivos responsáveis. Antes de executar as atividades inerentes a estes processos, os executivos precisam entender suas diferenças e similaridades, e repassá-las para o corpo gerencial e técnico de suas empresas. Trata-se de dois processos diferentes e que ocorrem em sentidos opostos, apesar de serem complementares e imprescindíveis para o sucesso organizacional.

O primeiro desafio refere-se ao processo de definição da estratégia empresarial, o qual pressupõe a adoção de metodologias e atividades de planejamento. Para tanto, envolve cinco sub processos: 1) definição da intenção estratégica (que corresponde à definição dos propósitos do negócio, reunindo os valores e princípios organizacionais, missão e visão estratégica); 2) realização do diagnóstico estratégico (que corresponde ao entendimento do contexto empresarial interno e externo); 3) definição da postura estratégica ideal (que corresponde ao estabelecimento da alternativa estratégica a ser adotada pela empresa, com base no diagnóstico realizado); 4) estruturação da ação estratégica (que corresponde às etapas de definição dos objetivos, metas, estratégias, projetos, atividades e planos de ação); 5) definição dos mecanismos de controle e avaliação estratégica (que corresponde à etapa de definição dos indicadores de desempenho e parâmetros de avaliação a serem utilizados no momento de implementação e acompanhamento do planejamento, ou seja, na realização da gestão estratégica).

O segundo desafio refere-se, portanto, à gestão da estratégia empresarial, que envolve a implementação e o acompanhamento do que foi planejado e definido no primeiro processo. Este ocorre em sentido contrário ao primeiro, pois a gestão estratégica tem início na mensuração e acompanhamento dos indicadores de desempenho, e a partir de seus resultados, dispara processos de ajuste, revisão e/ou reformulação do planejamento, que ocorrem, num primeiro momento, na ação estratégica (revisão de estratégias e/ou realinhamento de objetivos). Num segundo momento, caso necessário, pode-se rever a postura estratégia. Uma terceira alternativa é rever o diagnóstico estratégico, refazendo os processos de análise interna e externa e, em último caso, pode-se rever até mesmo a intenção estratégica organizacional.

Portanto, não se faz gestão estratégica sem antes saber o que gerenciar; por outro lado, não basta definir a estratégia empresarial a ser adotada, sem criar as condições para que ela seja implementada e acompanhada no dia a dia.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A importância da pesquisa de opinião para os políticos e as administrações públicas

Em todo ano eleitoral, as pesquisas de opinião pública tornam-se destaque nos noticiários televisivos, nos jornais de grande circulação, nas rádios e outros meios de comunicação de massa. Neste ano de eleições majoritárias para Presidente da República, Governador, Senador, e para cargos proporcionais (Deputados Federal e Estadual), as pesquisas de opinião realizadas por grandes empresas especializadas estão sendo amplamente noticiadas para a população. Além das já tradicionais metodologias de pesquisa de opinião, atualmente já é possível acompanhar diariamente a performance dos candidatos e a intenção de voto de cada um, através de novas ferramentas e técnicas de pesquisa, dentre elas a do tipo “tracking”. Também já é possível ter conhecimento das avaliações mais qualitativas feitas pelo público que acessa a Internet e opina, via blogs e sites de redes sociais, sobre os candidatos.

Infelizmente, a maioria dos políticos só toma consciência da importância da pesquisa de opinião nos momentos próximos às eleições, seja como instrumento para acompanhamento do processo eleitoral, seja para detectar as intenções de voto da população ou, quando muito, para o levantamento de demandas para a elaboração de seus programas de governo. Entretanto, a pesquisa de opinião pública deveria ser vista como um “instrumento de uso contínuo” do político durante o exercício do seu mandato.

Nos dias atuais, a informação tornou-se um bem precioso para atualizar, esclarecer, diagnosticar e prevenir. E a pesquisa, enquanto ferramenta de marketing, tem como função exatamente gerar informação, seja ela quantitativa ou qualitativa, para a tomada de decisão por parte do executivo (público ou privado). O homem público sempre está preocupado em administrar sua imagem enquanto político, mas se esquece de utilizar mecanismos capazes e, sobretudo, eficazes, de gerar-lhe informações que lhe permitam conhecer e antecipar-se aos fatos, evitando transtornos e equívocos que podem comprometer sua imagem e até mesmo seu futuro político.

Acrescente-se aos motivos acima a crescente conscientização política da população, seu amadurecimento quanto ao que deseja para o futuro do seu país, estado ou município e, conseqüentemente, o aumento do grau de cobrança e exigência quanto à “qualidade” e “atitude” dos políticos. Tudo isso vem corroborar a importância que a pesquisa de opinião pública possui no monitoramento e avaliação das administrações públicas e na sua comunicação social, e não apenas como ferramenta a ser utilizada somente no período eleitoral. As administrações públicas necessitam de um acompanhamento e monitoramento eficientes e constantes, e a pesquisa de opinião pode exercer essas funções, auxiliando o político na condução de seu mandato, permitindo ajustes e correções e, principalmente, evitando que tudo seja levantado e pesquisado somente nos anos de eleição, com o intuito de simplesmente obter votos ou elaborar programas de governo.

Alguns políticos, que já perceberam a importância da pesquisa de opinião como instrumento vital de informação, realizam trabalhos de pesquisa periódicos (no mínimo, três levantamentos anuais), avaliando suas administrações, levantando demandas, apresentando propostas e projetos para serem testados, e monitorando as lideranças locais. Além disso, através das pesquisas de opinião, a comunicação entre a administração e a comunidade passa a ser fomentada com informações relevantes, permitindo que se comunique o que a população deseja saber, utilizando-se dos meios de comunicação mais eficazes para cada tipo de mensagem, ao mesmo tempo em que permite à população expor suas demandas e anseios à administração pública. Ou seja, a pesquisa de opinião torna-se uma aliada imprescindível para o trabalho de comunicação social do político e de sua administração. Com isso, os políticos conseguem construir uma imagem positiva junto aos eleitores (ressaltando-se que eles devem realizar efetivamente obras e ações relevantes para a população), e conseguem obter uma vantagem em termos de informação sobre o pensamento do eleitor em comparação com os adversários que só se utilizam das pesquisas nos anos de eleição.

Através do trabalho de monitoramento e acompanhamento de sua avaliação, o homem público pode, então, nos anos de eleição, utilizar-se da pesquisa de opinião para auxiliá-lo, de forma mais eficiente, no processo de campanha eleitoral, obtendo informações sobre intenção de voto, principais adversários, teste de propostas, e outros temas relevantes para aquele momento específico. Mas para que este trabalho seja completo e, sobretudo, eficaz, é necessário que o político tenha acompanhado sistematicamente seu desempenho durante todo o mandato, como fazem as empresas através de seus sistemas de gerenciamento de performance, tão em foco atualmente.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Termômetro Econômico - agosto de 2010

O mês de agosto trouxe a confirmação da taxa SELIC em 10,75% a.a., a queda nas projeções para a inflação em 2010 e o crescimento do PIB de 1,2% no 2o trimestre. Destaque também para a valorização do real e o impacto no crescimento das importações brasileiras.

  • IPCA fechou agosto em 0,04%: o índice que mede a inflação oficial brasileira apresentou variação de 0,04% em agosto, sendo esta a menor taxa verificada para o mês nos últimos 12 anos. No ano, o IPCA acumula alta de 3,14%, ainda um pouco acima da taxa de 2,97% referente ao mesmo período do ano passado. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a taxa está em 4,49%, ou seja, no centro da meta estipulada pelo Banco Central para o ano. Este, no último boletim divulgado em agosto, apresentou projeção de 5,07% para a inflação anual, 0,20% inferior à taxa projetada no final de julho, de 5,27%. Entretanto, algumas consultorias já apontam projeção de inflação anual abaixo dos 5% para 2010. Mesmo com a expectativa de elevação da inflação para o último quadrimestre, devido ao período de final de ano e aquecimento das vendas, esta deverá permanecer próxima à meta estipulada pelo Banco Central.
  • COPOM mantém SELIC em 10,75% ao ano: O Comitê de Política Monetária (COPOM) decidiu manter a taxa SELIC em 10,75% na última reunião realizada em 31 de agosto e 01 de setembro, confirmando a expectativa já destacada no último post deste blog. Com a decisão, a autoridade monetária interrompeu um ciclo de 3 altas consecutivas dos juros. Em Ata, o COPOM reconhece que o nível de incertezas quanto ao futuro da economia brasileira ainda está “acima do usual” e que a atividade interna continua robusta, principalmente devido ao mercado de trabalho que vem gerando novos empregos a cada mês, mas afirma que os riscos à concretização de um cenário inflacionário acelerado no país se reduziram. Mesmo assim, o discurso do Banco Central deve continuar sendo o de cautela, reforçando o compromisso institucional com a meta de inflação estipulada para o ano. A taxa SELIC diária, considerada em 31 de agosto, manteve-se em 10,66% a.a., 0,09 pontos percentuais abaixo da taxa básica, o que ajuda a confirmar a projeção de acomodação da pressão inflacionária para os próximos meses, e a expectativa de que não haja aumento da SELIC nas duas próximas reuniões do COPOM (19 e 20 de outubro, e 7 e 8 de dezembro).
  • Manutenção da SELIC: decisão econômica ou política?: Cabe destacar que, independentemente do aspecto econômico da decisão do Banco Central em manter a SELIC em 10,75%, o aspecto político também não pode ser desconsiderado, já que mais um aumento às vésperas das eleições de outubro poderia contribuir para o acirramento das críticas da oposição contra o atual governo e a própria atuação da autoridade monetária e sua política. Para alguns economistas, por exemplo, tal manutenção dos juros é perigosa neste momento, pois a tendência é que a pressão inflacionária volte a acontecer nos últimos meses do ano. Entretanto, com a decisão de não aumentar os juros agora e a perspectiva de manutenção da taxa até o final do ano, o atual governo transfere para o próximo a responsabilidade de retomada do ciclo de alta dos juros a partir do 1º trimestre de 2011. Vale ressaltar que o próprio Banco Central, no seu boletim Focus, projeta a SELIC para 11,50% no ano que vem.
  • PIB brasileiro aumenta 1,2% no 2º trimestre: O desempenho da economia brasileira superou as expectativas e cresceu 1,2% no 2º trimestre de 2010, em relação ao 1º trimestre. As estimativas mais otimistas não chegavam à taxa de 1%. Em reais, o PIB alcançou R$ 900,7 bilhões. No acumulado dos seis primeiros meses do ano, o crescimento da economia brasileira foi de 8,9%, o maior resultado desde o início da série histórica do IBGE, em 1996. Segundo o último boletim Focus do mês de agosto, a previsão para o crescimento econômico brasileiro em 2010 subiu de 7,12% para 7,34%. Analistas do mercado prevêem uma retomada do ritmo de crescimento a partir do 3º trimestre, dada a expectativa de elevação do consumo interno nos últimos meses do ano, acompanhada pelo forte ritmo de geração de empregos e, conseqüentemente, da massa salarial.
  • Câmbio valorizado incrementa importações: O Dólar fechou agosto em R$1,7433. Já o Euro fechou o mês a R$2,2309. O Banco Central, depois de 22 semanas, abaixou a previsão de fechamento do Dólar no final do ano de R$1,80 para R$1,79. Este cenário de real valorizado tem permitido um crescimento considerável das importações face às exportações brasileiras. Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil lidera a corrida às importações entre os grandes países do comércio internacional, com as compras brasileiras crescendo 56% no 2º trimestre de 2010 em relação ao mesmo período do ano passado. Tal aumento superou o da China, que ampliou suas importações em 44% no mesmo período. Enquanto isso, as exportações chinesas cresceram 41%, e as brasileiras, 29%. A forte expansão das importações brasileiras mantém-se no terceiro trimestre. O Ministério do Desenvolvimento informou que, de janeiro a agosto, as compras externas cresceram 45,7% e atingiram US$ 114,4 bilhões. Houve superávit de US$ 11,7 bilhões, mas esse valor é 41% inferior ao do mesmo período de 2009. Para alguns analistas, entretanto, a velocidade das importações, apesar de muito forte, é também bastante influenciada pela fraca base de comparação, já que o 1º semestre de 2009 refletiu os piores meses da crise. Para eles, o aumento das importações é hoje mais uma complementação da oferta do que uma substituição da produção doméstica. E um sinal disso é que, mesmo com as importações em alta, a indústria nacional cresce a um ritmo forte, com o próprio crescimento da importação de bens de capital demonstrando o empenho das empresas em ampliar a capacidade produtiva.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Confirma-se processo de desaceleração econômica a partir do 2o semestre

Alguns dados macroeconômicos nacionais de julho confirmam o processo de desaceleração econômica a partir do 2º semestre, apesar de mais um aumento na taxa SELIC para 10,75% ao ano. A expectativa de alguns analistas do mercado é que esta taxa possa se manter inalterada, pelo menos na próxima reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária). 
  • IPCA fechou julho em 0,01%: Seguindo a tendência verificada em junho, o IPCA de julho confirma a acomodação da pressão inflacionária no Brasil e a previsão de desaceleração no ritmo de crescimento da economia a partir do 2º semestre. O Banco Central, em seu último boletim Focus do mês, apresentou pela 4ª semana consecutiva redução na projeção para a inflação anual, passando de 5,55% no início do mês para 5,27% na última semana. No ano, o IPCA acumula alta de 3,10%, ainda acima da taxa de 2,81% referente a igual período do ano passado.
  • Projeção de crescimento do PIB se estabiliza em julho: Segundo o último boletim Focus, a previsão para o crescimento econômico brasileiro em 2010 manteve-se estável em 7,20% pela 4ª semana consecutiva. Apesar da desaceleração inflacionária e da perspectiva de amenização no ritmo de crescimento da economia para o 2º semestre, a expectativa é ainda de elevado índice do PIB brasileiro para este ano.
  • Taxa SELIC aumenta “apenas” 0,50%, e vai para 10,75% ao ano: O COPOM anunciou mais um aumento na taxa SELIC em julho. Entretanto, este foi aquém do inicialmente esperado pelo mercado (que era de 0,75%). Em Ata, o COPOM avalia que há sinais de que a economia brasileira “tem se deslocado para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo”, não apresentando viès de alta para o futuro próximo. Somando-se à perspectiva de que a economia irá se desacelerar no 2º semestre, o mercado já considera possível, no mínimo, a manutenção da SELIC em 10,75% para a próxima reunião do COPOM, a ser realizada em 31 de agosto e 01 de setembro de 2010. Confirmando-se esta previsão, a taxa SELIC diária, considerada em 31 de julho, já era de 10,66%, 0,09 pontos percentuais abaixo da taxa básica.
  • Dólar e Euro se desvalorizam frente ao Real em junho: O Dólar fechou julho em R$ 1,7564, ante R$1,8007 em junho e R$ 1,8247 em maio, demonstrando evidente processo de desvalorização frente ao Real. Já o Euro fechou o mês a R$ 2,2928, ante R$2,2032 em junho e R$2,2347 em maio, demonstrando maior variabilidade na taxa cambial com o Real, diferentemente do Dólar. O Banco Central, há 19 semanas, vem mantendo a previsão de fechamento do Dólar a R$1,80 no final do ano. Vale destacar que, com o dólar barato e a força da demanda interna, o volume importado cresceu 46,1% no 2º trimestre de 2010 em relação aos mesmos meses de 2009, ocorrendo com mais força em setores como têxteis, materiais eletrônicos e aparelhos de comunicação, metalurgia básica e máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Inflação de maio foi de 0,43%, a menor do ano. Tendência de desaceleração da pressão inflacionária se confirma.

O IPCA do mês de maio apresentou variação de 0,43%, 0,14 ponto percentual abaixo da taxa de 0,57% registrada no mês de abril. Com isso, o acumulado do ano está em 3,09%, ainda bem acima da taxa de 2,20% relativa a igual período de 2009. Segundo o IBGE, os alimentos foram os que levaram à desaceleração do índice de abril para maio. Já o condomínio, taxa de água e esgoto, mobiliário, artigos de higiene pessoal e aluguel residencial são exemplos de itens que se destacaram pela alta.
 
Confirma-se, portanto, a previsão feita neste blog, no final da semana passada, de que a pressão inflacionária no país irá diminuir nos próximos meses. O próprio governo, em fala do Ministro da Fazenda, já alertava para o fato de que vários indicadores macroeconômicos nacionais demonstravam tendência à desaceleração e/ou acomodação a partir do 2º trimestre, frente aos dados verificados no início do ano.

Dessa forma, vale a pena observar o comportamento do Banco Central quanto ao aumento já esperado da taxa de juros básica da economia (SELIC) (a decisão deve sair ainda hoje, dia 09). Percebe-se que o governo, através do posicionamento destacado acima, está dando um recado direto ao BC para que tome suas decisões futuras com base nas projeções do presente, e não nos dados do passado.

Na minha opinião, já na reunião do COPOM (Conselho de Política Monetária) realizada em abril, o BC poderia ter sido menos austero no aumento dado à taxa SELIC, que foi de 0,75 ponto percentual.

A tendência de desaceleração no ritmo de crescimento da economia vai se consolidando como uma realidade, e além do impacto ocasionado pelo aumento da taxa de juros SELIC, outros fatores externos podem contribuir para tal desaceleração, como as medidas da Alemanha e do Reino Unido de combate à crise fiscal que afeta a União Européia.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Reduzida a projeção de inflação para 2010

Toda semana, às segundas-feiras, o Banco Central, em seu Boletim Focus, apresenta projeções para a economia brasileira para o ano corrente e o ano seguinte. Tais projeções são baseadas em opiniões de analistas do mercado.

Nesta semana (dia 07 de junho), houve redução da estimativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano para 5,64%, ante 5,67% projetado na semana anterior. Como destaquei no post anterior, já se percebe uma acomodação da pressão inflacionária para os próximos meses no país, e este pode ser um indicativo importante para que o próprio Banco Central, em sua reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), a ser realizada nesta semana, reflita sobre a decisão de aumentar (ou não) a taxa de juros básica da economia (taxa SELIC). E caso se decida por seu aumento, de quanto seria.

Ainda segundo o Boletim Focus, as estimativas para a SELIC neste ano e no próximo foram mantidas em, respectivamente, 11,75% e 11,50%. Ou seja, é dado como certo o aumento da SELIC neste ano em, no mínimo, 2 pontos percentuais (a taxa atual é 9,50%).

A previsão para o crescimento econômico neste ano (PIB|) foi elevada pela 12a semana seguida, para 6,60%, ante 6,47% no relatório anterior. Enquanto se visualiza uma amenização na pressão inflacionária para os próximos meses, projeta-se, por outro lado, em um aumento na taxa esperada de crescimento do PIB, o que pode acabar justificando mais um aumento da SELIC (pelo menos na próxima reunião do Copom).

Vale a pena acompanhar, nesta semana, a decisão do Copom sobre a taxa SELIC.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Fazenda diz que números 1º tri estavam inflados. Juros poderiam ter esperado mais?

Economistas com os quais conversei no final do 1o trim. diziam sobre análises de mercado que já davam como certo o aumento da taxa de juros básica da economia (taxa SELIC), e não por acaso, o Banco Central acabou aumentando-a em 0,75 ponto percentual, passando 8,75% a 9,50% a.a.. Entretanto, conforme já havia alertado em relatórios de IC feitos no final do mês de março, alguns indicadores econômicos demonstravam desaceleração, após o período de alta do início de 2010 (como IPCA, produção industrial, índice de potencial de consumo, dentre outros). É bom ressaltar que tal desaceleração não caracteriza nenhum revés na economia brasileira. Trata-se apenas de uma diminuição no ritmo de crescimento, o que não significa que o país não crescerá fortemente neste ano, quando comparado com 2009. Pelo contrário, as projeções mais conservadoras do mercado acreditam em crescimento de 5,0% a 5,5% em 2010. A despeito dessa tendência, como vimos, a taxa SELIC foi aumentada, mas o próprio governo, agora, já visualizou um cenário não tão aquecido para o 2o trimestre, ou seja, sem as influências sazonais do início do ano, que justificasse o aumento da SELIC na reunião de abril. A próxima reuião do Copom será em junho, e a aposta do mercado é que o Banco Central proceda a mais um aumento da SELIC. As perguntas que se colocam são as seguintes:

• Se o próprio governo já visualiza um cenário de curto prazo futuro de acomodação de indicadores importantes da economia brasileira, os quais por conseguinte, tendem a diminuir a pressão sobre a inflação, por que aumentar ainda mais a taxa de juros?

• Caso a taxa SELIC seja aumentada, qual será efetivamente o efeito na economia real?

É fato que as taxas de juros cobradas nas operações de crédito já aumentaram, decorrente do aumento da SELIC, o que ajuda a diminiur o ritmo de crédito e, em última instância, do próprio investimento das empresas para os próximos meses. Valeria a pensa apertar ainda mais o custo do crédito para as empresas? Ou o momento seria de esperar um pouco mais para verificar a trajetória de diminuição de alguns indicadores, e só depois decidir sobre a necessidade de aperto da política monetária?

Qual a sua opinião a respeito disso tudo? O que o governo deveria fazer?

sábado, 29 de maio de 2010

Debate sobre o perfil do profissional de Inteligência Competitiva

Olá a todos! Acontece no Linkedin um debate interessante entre profissionais de Inteligência Competitiva sobre o tema "O perfil do profissional de IC: existe um único? Qual é? Onde buscar?". Reproduzo aqui minha percepção sobre o assunto.

"Prezados colegas, concordo plenamente com as opiniões de vocês, principalmente quanto às necessárias habilidades pessoias do profissional de IC. Gostaria apenas de ressaltar que, pela minha experiência na área, um ponto fundamental para conseguirmos avançar na definição, ou pelo menos, no escopo básico necessário a um profissional de IC, é o conhecimento específico da própria atividade de inteligência. Neste ponto, vejo hoje uma convergência de várias atividades e funções para a área de IC, em especial dos profissionais de marketing (fico à vontade para falar isso, pois me incluo nesse grupo, até pela minha formação em pós graduação na área e atuação prática). Isso é muito bom por um lado, mas há diferenças conceituais, inclusive, entre o que um profissional de IC deve saber e fazer, e o que outros profissionais que trabalham com informações nas organizações devem saber e fazer. Vi isso quando fiz meu Mestrado em Ciência da Informação, onde percebi particularidades na atividade de IC que não apareciam em nenhuma outra área. Ou seja, concordo com a Ana, quando ela menciona o fato de algumas empresas confundirem IC com GC, por exemplo - são expertises que se complementam, mas que ao mesmo tempo possuem suas particularidades. No caso do MKT e a IC, idem. E assim por diante. As interfaces da IC, dentro das organizações, são diversas, com planejamento estratégico, marketing, RH... Mas é importante saber diferenciar o papel específico da IC dessas outras habilidades. No meu ponto de vista, para começarmos a visualizar estas particularidades, é importante partirmos da própria definição do que seja inteligência e para que serve, e do "famoso e já conhecido" ciclo de IC para enxergarmos as particularidades dessa atividade. Digo isso tudo porque me preocupa o uso, muitas vezes, indiscrimado do termo inteligência para toda a atividade que envolva a coleta, análise e/ou disseminação da informação dentro de uma empresa. Eu posso coletar uma informação, analisá-la e repassá-la a alguém sem, necessariamente, ter feito inteligência. Para não me alongar muito neste momento, quero deixar para a reflexão de todos a opinião de que, para se trabalhar com IC, deve-se desenvolver habilidades e conhecimentos técnicos específicos para tal. Portanto, em parte, o perfil do profissional de IC é único; por outro lado, o que ele consegue trazer de outras áreas limítrofes à IC (como as já citadas acima), além da experiência em determinados mercados, só ajuda a completar o perfil desse profissional".
E você, o que acha? Dê sua opinião!