sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Termômetro Econômico - agosto de 2010

O mês de agosto trouxe a confirmação da taxa SELIC em 10,75% a.a., a queda nas projeções para a inflação em 2010 e o crescimento do PIB de 1,2% no 2o trimestre. Destaque também para a valorização do real e o impacto no crescimento das importações brasileiras.

  • IPCA fechou agosto em 0,04%: o índice que mede a inflação oficial brasileira apresentou variação de 0,04% em agosto, sendo esta a menor taxa verificada para o mês nos últimos 12 anos. No ano, o IPCA acumula alta de 3,14%, ainda um pouco acima da taxa de 2,97% referente ao mesmo período do ano passado. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a taxa está em 4,49%, ou seja, no centro da meta estipulada pelo Banco Central para o ano. Este, no último boletim divulgado em agosto, apresentou projeção de 5,07% para a inflação anual, 0,20% inferior à taxa projetada no final de julho, de 5,27%. Entretanto, algumas consultorias já apontam projeção de inflação anual abaixo dos 5% para 2010. Mesmo com a expectativa de elevação da inflação para o último quadrimestre, devido ao período de final de ano e aquecimento das vendas, esta deverá permanecer próxima à meta estipulada pelo Banco Central.
  • COPOM mantém SELIC em 10,75% ao ano: O Comitê de Política Monetária (COPOM) decidiu manter a taxa SELIC em 10,75% na última reunião realizada em 31 de agosto e 01 de setembro, confirmando a expectativa já destacada no último post deste blog. Com a decisão, a autoridade monetária interrompeu um ciclo de 3 altas consecutivas dos juros. Em Ata, o COPOM reconhece que o nível de incertezas quanto ao futuro da economia brasileira ainda está “acima do usual” e que a atividade interna continua robusta, principalmente devido ao mercado de trabalho que vem gerando novos empregos a cada mês, mas afirma que os riscos à concretização de um cenário inflacionário acelerado no país se reduziram. Mesmo assim, o discurso do Banco Central deve continuar sendo o de cautela, reforçando o compromisso institucional com a meta de inflação estipulada para o ano. A taxa SELIC diária, considerada em 31 de agosto, manteve-se em 10,66% a.a., 0,09 pontos percentuais abaixo da taxa básica, o que ajuda a confirmar a projeção de acomodação da pressão inflacionária para os próximos meses, e a expectativa de que não haja aumento da SELIC nas duas próximas reuniões do COPOM (19 e 20 de outubro, e 7 e 8 de dezembro).
  • Manutenção da SELIC: decisão econômica ou política?: Cabe destacar que, independentemente do aspecto econômico da decisão do Banco Central em manter a SELIC em 10,75%, o aspecto político também não pode ser desconsiderado, já que mais um aumento às vésperas das eleições de outubro poderia contribuir para o acirramento das críticas da oposição contra o atual governo e a própria atuação da autoridade monetária e sua política. Para alguns economistas, por exemplo, tal manutenção dos juros é perigosa neste momento, pois a tendência é que a pressão inflacionária volte a acontecer nos últimos meses do ano. Entretanto, com a decisão de não aumentar os juros agora e a perspectiva de manutenção da taxa até o final do ano, o atual governo transfere para o próximo a responsabilidade de retomada do ciclo de alta dos juros a partir do 1º trimestre de 2011. Vale ressaltar que o próprio Banco Central, no seu boletim Focus, projeta a SELIC para 11,50% no ano que vem.
  • PIB brasileiro aumenta 1,2% no 2º trimestre: O desempenho da economia brasileira superou as expectativas e cresceu 1,2% no 2º trimestre de 2010, em relação ao 1º trimestre. As estimativas mais otimistas não chegavam à taxa de 1%. Em reais, o PIB alcançou R$ 900,7 bilhões. No acumulado dos seis primeiros meses do ano, o crescimento da economia brasileira foi de 8,9%, o maior resultado desde o início da série histórica do IBGE, em 1996. Segundo o último boletim Focus do mês de agosto, a previsão para o crescimento econômico brasileiro em 2010 subiu de 7,12% para 7,34%. Analistas do mercado prevêem uma retomada do ritmo de crescimento a partir do 3º trimestre, dada a expectativa de elevação do consumo interno nos últimos meses do ano, acompanhada pelo forte ritmo de geração de empregos e, conseqüentemente, da massa salarial.
  • Câmbio valorizado incrementa importações: O Dólar fechou agosto em R$1,7433. Já o Euro fechou o mês a R$2,2309. O Banco Central, depois de 22 semanas, abaixou a previsão de fechamento do Dólar no final do ano de R$1,80 para R$1,79. Este cenário de real valorizado tem permitido um crescimento considerável das importações face às exportações brasileiras. Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil lidera a corrida às importações entre os grandes países do comércio internacional, com as compras brasileiras crescendo 56% no 2º trimestre de 2010 em relação ao mesmo período do ano passado. Tal aumento superou o da China, que ampliou suas importações em 44% no mesmo período. Enquanto isso, as exportações chinesas cresceram 41%, e as brasileiras, 29%. A forte expansão das importações brasileiras mantém-se no terceiro trimestre. O Ministério do Desenvolvimento informou que, de janeiro a agosto, as compras externas cresceram 45,7% e atingiram US$ 114,4 bilhões. Houve superávit de US$ 11,7 bilhões, mas esse valor é 41% inferior ao do mesmo período de 2009. Para alguns analistas, entretanto, a velocidade das importações, apesar de muito forte, é também bastante influenciada pela fraca base de comparação, já que o 1º semestre de 2009 refletiu os piores meses da crise. Para eles, o aumento das importações é hoje mais uma complementação da oferta do que uma substituição da produção doméstica. E um sinal disso é que, mesmo com as importações em alta, a indústria nacional cresce a um ritmo forte, com o próprio crescimento da importação de bens de capital demonstrando o empenho das empresas em ampliar a capacidade produtiva.

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