sábado, 8 de janeiro de 2011

Termômetro Econômico - Dezembro de 2010

Os destaques de dezembro referem-se, ainda, à preocupação do governo e de analistas do mercado quanto à aceleração da inflação no final do ano e início de 2011, além da questão cambial (de valorização do Real frente ao Dólar). As projeções para 2011 são de aumento da SELIC, novas medidas quanto à política cambial, e corte de gastos no novo governo (ajuste fiscal).
  • IPCA fecha dezembro em 0,63%, e fica em 5,91% em 2010: Índice que mede a inflação oficial brasileira foi de 0,63% em dezembro, ante 0,83% em novembro. No ano, o IPCA acumulou alta de 5,91%, fechando bem acima da taxa de 4,31% referente ao ano de 2009, e do centro da meta estipulada pelo Banco Central, de 4,50%. O último boletim Focus de dezembro, divulgado pelo próprio Banco Central, apresentava projeção de 5,90% para a inflação em 2010, ante 5,78% anunciado no início do mês. Observa-se que o índice esperado pelo governo, de 5,10%, ficou bem abaixo do real valor verificado no ano. Para 2011, a projeção é de inflação oficial de 5,32% (segundo o boletim Focus), o que por si só já confirma uma perspectiva de inflação também bem acima do centro da meta do governo, que continua em 4,50%. Alguns analistas do mercado já projetam IPCA de 5,50% para 2011. De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em dezembro pelo Banco Central, o próprio BC e o mercado apontam uma probabilidade em torno de 13% de que a inflação supere o teto da meta de 6,5% em 2011, corroborando a preocupação quanto ao processo de aceleração inflacionária que se desenha para este ano. Se os alimentos foram os grandes vilões da inflação em 2010, a expectativa dos analistas é que agora as atenções se voltem para os chamados preços administrados – que incluem tarifas de ônibus, combustíveis, água, saneamento e energia elétrica.
  • IGP-M fecha 2010 em 11,32%, maior avanço desde 2004: O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), teve alta de 0,69,% em dezembro, acumulando 11,32% em 2010. Este é o maior avanço anual na inflação medida pelo indicador desde 2004 (12,42%). Em 2009 houve deflação de 1,71%. O índice é utilizado para balizar o reajuste de tarifas públicas, contratos de aluguel e planos e seguros de saúde. Ou seja, se já era esperada uma pressão maior dos preços administrados sobre a inflação para 2011 (como comentado acima), com este índice do IGP-M de 2010 é certo que deverão ocorrer fortes reajustes neste ano, aumentando a perspectiva de que não será um ano fácil quanto ao controle inflacionário no país.
  • Taxa de juros fecha o ano em 10,75%, mas deve aumentar logo no início de 2011: Se as projeções se confirmarem, já na próxima reunião do COPOM a taxa de juros básica da economia (SELIC) deverá sofrer o 1º aumento do governo Dilma. Em dezembro, o COPOM decidiu, por unanimidade, manter a taxa SELIC em 10,75%, postergando um inevitável aumento para a 1ª reunião a ser realizada nos dias 18 e 19 de janeiro de 2011. Na semana seguinte à reunião de dezembro do COPOM, a própria ata da reunião apontou para uma piora no cenário de inflação e identificou que há riscos futuros para a situação desejável de convergência da inflação para o centro da meta estipulada pelo governo para 2011, de 4,5%. Dessa forma, já é consenso no mercado que haverá aumento da SELIC de 0,5 ponto percentual. Na minha opinião, este aumento já deveria ser de 1%. Analistas do mercado ainda prevêem outros dois aumentos consecutivos de 0,5 p.p., elevando a taxa SELIC ao patamar de 12,25% ao ano no final de abril. O cenário de mercado, publicado no Relatório Trimestral de Inflação de dezembro, leva em consideração uma taxa SELIC de 12,25% para o último trimestre de 2011, em vez de 11,75% como contemplado no relatório de setembro.
  • Banco Central eleva previsão do PIB de 2010 para 7,61%: De acordo com o último boletim Focus de dezembro, o Banco Central elevou a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de 2010, para 7,61%, ante previsão anterior de 7,3%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse esperar a evolução da atividade no país “em mais de 0,5%” no 4º trimestre de 2010, em relação aos três meses antecedentes, assegurando, assim, crescimento de 7,5% para o ano. Mas ele também acredita que o PIB poderá fechar em mais de 8%. Para 2011, a previsão da autoridade monetária é de crescimento real da economia de 4,5%. Segundo o Comitê de Política Monetária (COPOM), a economia tem se deslocado para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo, justificando assim a estimativa para 2011. Por outro lado, o Ministro da Fazenda acredita num crescimento de 5% para 2011, mesmo com o corte de gastos já anunciado pelo governo em todos os ministérios, e a restrição de crédito ao consumo. Segundo seus cálculos, caso o corte de gastos anunciado não fosse realizado, o PIB poderia crescer 5,5% em 2011.
  • Câmbio continua sendo preocupação do governo para 2011: O Dólar fechou dezembro em R$1,6670, ante R$1,7140 verificado em novembro. Já o Euro fechou o mês a R$2,2280, ante R$2,2364 em novembro. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão do Banco Central era de fechamento do ano com uma taxa de câmbio de R$ 1,70. Para 2011, a previsão é que não ultrapasse o patamar de R$ 1,75. Dessa forma, o governo já prepara novas medidas para conter a valorização do Real frente ao Dólar, além da elevação da alíquota do IOF sobre aplicações de estrangeiros em renda fixa, feita pelo governo ainda em outubro último.

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