quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Termômetro Econômico - Janeiro de 2011

Os destaques de janeiro referem-se ao aumento da SELIC na 1ª reunião de 2011, e à consolidação do processo de aceleração inflacionária brasileira, com mais um aumento do IPCA. O governo já estuda novas medidas para conter a inflação futura, com destaque para os cortes no orçamento já anunciados para este ano de R$ 50 bilhões.
  • IPCA começa 2011 em 0,83%: Índice que mede a inflação oficial brasileira foi de 0,83% no 1º mês do ano, ante 0,63% em dezembro de 2010. É a maior taxa para o IPCA desde abril de 2005 (0,87%). Nos últimos 12 meses, o índice está acumulado em 5,99%, acima dos 12 meses imediatamente anteriores (5,91%). Em janeiro de 2010, o IPCA havia ficado em 0,75%. Os grupos alimentação e bebidas e transportes foram os principais responsáveis pelo resultado de janeiro, somando uma contribuição de 0,56 ponto percentual, o equivalente a 67% do IPCA do mês. O último boletim Focus de janeiro, divulgado pelo Banco Central, apresentou projeção de 5,64% para a inflação em 2011, ante 5,32% anunciado no início do mês, corroborando a perspectiva de inflação bem acima do centro da meta para o ano (que se mantém em 4,50%). Segundo o ex-ministro das Comunicações, Mendonça de Barros, o Brasil chegou a um dos momentos mais complexos da política de estabilização. O controle da inflação, este ano, será bem mais difícil do que em 2008, o último período de aceleração da inflação antes do atual. Há inflação de demanda e não haverá mais sobra de produtos para importação decorrente da crise global nem apreciação do câmbio para produzir a desinflação vinda do setor externo. A inflação de serviços (bens não comercializáveis) já passou da casa dos 6% para a dos 7% ao ano. Os preços administrados são indexados ao IGP, que foi alto em 2010. O mercado de trabalho encontra-se em pleno emprego, o que não ocorria em 2008, e a demanda continua crescendo.
  • Preços no atacado e varejo sobem mais e IGP-M começa janeiro em 0,79%: O IGP-M aumentou 0,10 ponto percentual na passagem de dezembro de 2010 para janeiro deste ano, saindo de 0,69% para 0,79%. Esse movimento foi impulsionado pela aceleração no ritmo de alta dos preços no varejo e atacado, mostrou a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado de janeiro ficou acima daquele previsto pelos analistas consultados pelo Banco Central no último Boletim Focus, de elevação de 0,62% no período.
  • Taxa de juros inicia o ano em 11,25%: Como já esperado desde o final de 2010, no dia 19 de janeiro último, o Comitê de Política Monetária (COPOM), em sua 1ª reunião do governo Dilma, decidiu, por unanimidade, elevar a taxa SELIC para 11,25% a.a., dando início a um processo de ajuste da taxa básica de juros. Entretanto, cresce o número de economistas que defendem um aperto maior na taxa de juros, de até 2,75 pontos ao longo do ano. A curva de juros futuros, que responde mais rapidamente aos dados conjunturais, já projeta um aperto monetário maior, com alta de 0,75 para março (próxima reunião do COPOM). Os efeitos esperados pelo governo é que os ajustes na taxa SELIC, somados aos das ações macroprudenciais implementadas no final do ano passado, possam contribuir para que a inflação convirja para a trajetória de metas no ano (que é de 4,5% - meta esta cada vez mais longe e difícil de ser atingida).
  • Banco Central projeta PIB de 2011 em 4,60%: De acordo com o último boletim Focus de janeiro, o Banco Central elevou a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de 2011, para 4,60%, ante previsão anterior de 4,50% no início do mês. Como apontado no último Termômetro Econômico de dezembro, o Ministro da Fazenda acredita num crescimento de 5% para 2011, mesmo com o corte de gastos já anunciado pelo governo em todos os ministérios, e a restrição de crédito ao consumo. Segundo seus cálculos, caso o corte de gastos anunciado não fosse realizado, o PIB poderia crescer 5,5% em 2011.
  • Segurar o dólar custa caro ao país: O Dólar fechou janeiro de 2011 em R$ 1,6740, ante R$ 1,6670 em dezembro de 2010. Já o Euro fechou o mês a R$ 2,2912, ante R$ 2,2280 em dezembro. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão do Banco Central para 2011 é de uma taxa de câmbio de R$ 1,75. Após gastar cerca de US$14,6 bilhões em intervenções no mercado cambial já neste ano, o Banco Central conseguiu garantir um ganho de 0,12% do Dólar frente ao Real. Parece pouco, mas se não fosse sua atuação, a cotação estaria perto de R$ 1,55, segundo estimativa do chefe da área de pesquisas de mercados emergentes da Nomura Securities, Tony Volpon. A projeção, que leva em consideração a relação entre os chamados "termos de troca" do comércio internacional, poderia sugerir sucesso do esforço da autoridade monetária. Mas, para especialistas, o preço que a economia paga nessa queda-de-braço é alto e torna negativa sua relação custo/benefício. "É uma vitória ilusória, pois o esforço que o BC faz para segurar a cotação custa caro", afirma Volpon. Para o coordenador de estudos de mercados emergentes da Tandem Global Partners e ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, Paulo Vieira da Cunha, "o BC não tem poder de fogo ilimitado, o que significa que essas medidas podem se tornar perversas“. As reservas internacionais cresceram US$ 7,286 bilhões em janeiro, graças às compras diárias de dólares no mercado à vista. Não estão contabilizados aí os três últimos pregões do mês nem o primeiro de fevereiro, período no qual outros US$ 2,89 bilhões teriam sido adquiridos, segundo estimativas de especialistas. Isso mostra que as reservas cambiais do país já superaram os US$ 300 bilhões. Um colchão tão elevado dá segurança aos país em tempos de turbulência, mas tem um custo alto: cerca de US$ 30 bilhões ao ano, segundo cálculos do o economista Marcio Garcia.

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