COPOM mantém SELIC em 7,25% na 1ª reunião de 2013: O Comitê de
Política Monetária (COPOM) do Banco Central manteve, através de decisão
unânime, a SELIC em 7,25% na 1ª reunião do ano, ocorrida em 15 e 16 de janeiro.
Foi a 2ª vez seguida que o COPOM não alterou a taxa básica de juros, depois de
uma sequência de dez cortes. Segundo o COPOM, “Considerando o balanço de riscos
para a inflação, que apresentou piora no curto prazo, a recuperação da
atividade doméstica, menos intensa do que o esperado, e a complexidade que
ainda envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das
condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a
estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a
meta". A decisão está em linha com a projeção do mercado financeiro.
Analistas dizem ser grande probabilidade de seguir a mesma estratégia nas
demais reuniões ao longo de 2013. As projeções recentes que apontam um
crescimento não tão robusto em 2013 com a inflação voltando a ganhar força, o
que deve fazer com que a autoridade monetária mantenha inalterada a SELIC. Para
estes analistas, subir os juros para conter a inflação poderia afetar o ritmo
de recuperação da economia. Por outro lado, lembrando a fala do Presidente do
Banco Central, Alexandre Tombini, de que a instituição não abandonou a política
monetária e poderá fazer ajustes nos juros, para cima ou para baixo, quando
necessário, tal estratégia de não alterar a SELIC deveria ser repensada. A
inflação não está parada, está se acelerando, e o governo já deveria decidir, a
partir da 2ª reunião de 2013, repensar sua política de juros, aumentando a
SELIC, e sinalizando que a prioridade deveria ser conter a inflação. Já
comentamos neste boletim sobre a linha de pensamento do atual governo e do
Ministro Mantega, que é priorizar o crescimento mesmo com inflação um pouco
mais alta: na nossa visão, isso pode custar caro ao país no futuro.
Após
Ata do COPOM, mercado vê chance de alta da SELIC já em 2013: O cenário de queda da SELIC em 2013, que ainda
vinha sendo defendido por uma corrente de analistas, foi enterrado após a
divulgação da Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do
Banco Central. A elevação da taxa no curto prazo não é o cenário com que
trabalha a maior parte dos economistas. Mas, apesar de o BC reafirmar que a SELIC
será mantida por tempo “suficientemente prolongado”, já começam a surgir
expectativas de alta no final deste ano. O mercado de juros futuros é o melhor
reflexo dessa expectativa. Uma elevação da SELIC, se não é ideal para o
momento, também não terá efeitos catastróficos, diz Paulo Nepomuceno,
estrategista de renda fixa da Coinvalores. “As seguidas reduções da taxa não
foram suficientes para levantar a economia”, diz. “Subir um pouco os juros
agora seria até bom, pois seria preciso subir menos no final”. “Estamos apenas
em janeiro e o COPOM já admite que a inflação não vai convergir para o centro
da meta”, avaliou o estrategista-chefe do WestLB, Luciano Rostagno. Para ele, a
primeira parte da Ata deixou bem claro que a função do COPOM não é controlar a
oferta (o que se conseguiria com corte de taxas), e sim a demanda (o que se
controla com alta dos juros). No documento, o COPOM afirma que a recuperação
menor da atividade econômica doméstica vem essencialmente das limitações de
oferta. E, assim, essa lacuna não pode ser sanada por ações de política
monetária "que são, por excelência, instrumento de controle da
demanda". Em nota, a equipe de economistas do Banco Fator classificou a Ata
como “hawkish” (mais dura com a inflação) e avaliou que ela “confirma nossa
expectativa de manutenção da SELIC até o final do ano”, mas acrescentou que “de
modo geral, se há risco de eventual alteração na taxa básica de juros, é um risco
de alta”. Segundo a Ata, as projeções de inflação de 2013, tanto pelo cenário
de referência como pelo de mercado, aumentaram e se posicionam acima do centro
da meta de 4,5%, pelo IPCA. Para 2014, a projeção está “ligeiramente acima do
centro da meta” em ambos cenários. De acordo com Eduardo Velho,
economista-chefe da Planner, a Ata mostra uma preocupação do Banco Central com
o viés expansionista do governo, variável sobre a qual não tem controle. “O
governo pode adotar mais estímulos fiscais, é difícil prever isso, e em função
destes estímulos será mais difícil cumprir a meta cheia de inflação”. A Ata
ainda alerta, segundo Velho, para a piora no descompasso de oferta e demanda
agregada. “Apesar da economia estar crescendo abaixo da capacidade, a oferta também
está no mesmo movimento, então deve-se ficar em alerta sobre os investimentos
no país”, afirma.
IPCA-15 de janeiro
acelera para 0,88%: O Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação
oficial brasileira, se acelerou para 0,88% no 1º mês do ano, e ficou 0,19 ponto
percentual acima da taxa de 0,69% verificada em dezembro de 2012, informou o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa realizada pela
Reuters apontou que o indicador subiria 0,83% neste mês, segundo previsão de 31
analistas do mercado, que variaram de 0,71% a 0,87%. Os grupos ‘Despesas
Pessoais’ e ‘Alimentação e Bebidas’ tiveram os maiores impactos no IPCA-15
(1,80 e 1,45 ponto percentual, respectivamente). Em janeiro de 2012, o IPCA-15
havia sido de 0,65%. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 ficou em
6,02%, acima dos 12 meses imediatamente anteriores (5,78%). Consolidam-se as
expectativas de aceleração inflacionária para 2013, as quais já demonstraram
sinais claros desde meados de 2012. O governo insiste em não alterar sua
política monetária de elevação de juros, e a demora neste decisão poderá
comprometer o próprio crescimento do país no futuro.
IGP-M foi de 0,34%
em janeiro: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada ‘inflação do
aluguel’, fechou o 1º mês de 2013 em 0,34%, ante elevação de 0,68% ocorrida em
dezembro, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo as projeções do
Banco Central, em seu último Boletim Focus de janeiro, o IGP-M deve ficar m
5,09% em 2013. Para 2014, a projeção é de 5,19%.
Consultoria afirma
que ‘meta de
inflação ‘verdadeira’ é de 5,5%’: A meta de inflação no Brasil não é mais de 4,5%,
mas de 5,5%. Essa é a conclusão de um trabalho elaborado pela consultoria A.C.
Pastore & Associados, do economista e ex-presidente do Banco Central (BC)
Affonso Celso Pastore, feito com base nas expectativas do próprio mercado
financeiro. "Como o teto do intervalo contendo a meta continua sendo de
6,5%, a banda para acomodação de choques é de apenas um ponto porcentual para
cima da ‘meta informal’ de 5,5%", afirma um trecho do relatório. O trabalho
nota que, nos últimos anos, ocorreram oscilações frequentes da inflação iguais
ou maiores do que um ponto porcentual em relação à meta. Por isso, argumenta
que "cresceu a probabilidade" de a inflação superar o teto da meta.
"Para um Banco Central que vem perdendo credibilidade, esta não é uma boa
notícia", diz o texto. Apesar dessa conclusão, a A.C. Pastore ressalta que
"não há, diante dessa sinalização, a acusação de que o Banco Central teria
abandonado o controle da inflação". "Mas há uma clara indicação de
que as autoridades abandonaram a meta de 4,5%, passando a perseguir uma meta
mais elevada”. Para a consultoria, a sugestão dada pela combinação da
estabilidade das expectativas de inflação junto com manutenção da taxa básica
de juros (SELIC) em 7,25% ao ano por um extenso período é de que o BC
"estaria satisfeito" com uma inflação de 5,5%.
Blog do Financial
Times faz duras críticas ao Ministro Mantega: O blog dedicado
aos mercados emergentes do jornal britânico Financial Times, o Beyondbrics,
publicou um texto crítico aos procedimentos adotados pela equipe econômica
brasileira. "Com o crescimento ainda lento e os preços subindo mais rápido
do que o esperado, o Banco Central do Brasil e o Ministério da Fazenda também
estão se tornando profissionais do 'jeitinho'", diz o texto, ao comentar
que o famoso 'jeitinho brasileiro' chega agora à economia. Com a ressalva de
que tudo o que o governo tem feito é legal, o texto destaca a entrevista dada
pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, à Rádio Estadão como exemplo do
'jeitinho' aplicado à economia. "O prefeito de São Paulo disse à Rádio
Estadão que Mantega pediu para adiar o aumento na tarifa de ônibus por alguns
meses para não prejudicar a inflação", diz o texto. "Com o aumento da
taxa de juro fora de questão, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, também está
trabalhando com alguns 'jeitinhos' para controlar a inflação", diz o
texto. Para o blog do Financial Times, o Ministro brasileiro é algo como um
"especialista no jeitinho". "Ele passou os últimos dois anos
ajustando impostos no país para microgerenciar o crescimento e a moeda. As
metas fiscais do Brasil também foram alvo de um pouco de criatividade",
cita o texto.
Governo tenta atenuar impacto do reajuste da
gasolina: A gasolina vai ficar mais cara nos postos pela 1ª
vez em quase dez anos. O governo federal deve reajustar em 7% o preço do
combustível. O óleo diesel também vai subir, mas em nível um pouco menor -
entre 4% e 5%. O reajuste será sentido de imediato pelo consumidor, mas para
amenizar esse impacto e evitar uma piora nos índices de inflação do ano, a
equipe econômica estuda medidas que poderão ser adotadas nos próximos meses.
Uma delas é o aumento da mistura de álcool anidro (etanol) na gasolina. O
governo deve anunciar a elevação do teto da mistura, dos atuais 20% para 25%,
com o reajuste dos combustíveis. Mas o aumento só será efetivado quando a
colheita de cana-de-açúcar estiver no auge, o que deve ocorrer em junho.
Demanda antiga dos usineiros, o aumento da mistura pode, no futuro, representar
um desconto no preço da gasolina. Além disso, a medida alivia a necessidade de
importação de gasolina, que tem contribuído para o déficit da balança comercial
no início deste ano. A decisão de conceder o reajuste já está tomada no
Ministério da Fazenda e recebeu o aval do Palácio do Planalto. Mas o Ministro
da Fazenda, Guido Mantega, que também é o presidente do Conselho de
Administração da Petrobrás, só vai bater o martelo sobre o aumento e a fórmula
que será adotada para amenizar esse repasse ao consumidor quando voltar das
férias. Vale ressaltar que, com o aumento, a inflação que já está se acelerando
poderá disparar, já que historicamente todo aumento de combustível foi sempre
repassado para os demais produtos da economia.
Dólar fechou
janeiro em R$ 1,99, e o governo sinaliza que usará a taxa de câmbio para
controlar a inflação: O Dólar encerrou o 1º mês do ano abaixo de R$ 2,00.
A cotação de 31 de janeiro foi de R$ 1,99, redução de -2,73% em relação ao
final de dezembro de 2012. O Euro fechou janeiro a R$ 2,6987, ante R$2,7064
verificado no início do mês. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão
para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2013, conforme o último
Boletim Focus de Janeiro, está em R$ 2,05. Para 2014, a taxa de câmbio está
estimada em R$ 2,07. Importante ressaltar que, no final de 2012, começou a aparecer no mercado uma ala que apostava em
um Dólar mais depreciado ao longo de 2013, até mesmo abaixo do piso de R$ 2,00,
para ajudar no controle dos preços. O argumento que aparecia como impedimento a
essa atuação no câmbio era o fato de a economia ainda estar com um desempenho
abaixo do desejado - o Dólar mais valorizado poderia contribuir na economia com
um fortalecimento das exportações industriais. No entanto, o governo está
preocupado com a aceleração da inflação. E o Banco Central parece que,
aparentemente, abandonou a banda dos R$ 2,00 aos R$ 2,10, que estava bem
definida e aceita pelo mercado, tendo feito um leilão da moeda americana no
final de janeiro, e sinalizando que o Dólar está num patamar alto. "Parece
que neste momento a pressão pela meta inflacionária está tendo um pouco mais de
peso do que o potencial de perda de volume exportado", diz o gerente da Tov,
que não descarta o dólar em R$ 1,95 nas próximas sessões. "Esse é um nível
que deve estar servindo dentro do modelo macroeconômico do governo",
pondera. Alguns investidores foram pegos de surpresa pela decisão da autoridade
monetária, que parece contradizer recentes declarações de diversas autoridades
do governo --incluindo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que afirmara em
novembro passado que o Dólar acima de R$ 2,00 "veio para ficar". "As
autoridades brasileiras continuam a fazer o que elas sabem fazer melhor:
confundir os mercados", escreveram em relatório os analistas do Brown
Brothers Harriman Ilan Solot e Win Thin. O Dólar tem operado acima de R$ 2,00
desde o início de julho de 2012, quando o governo interveio para determinar uma
cotação mais favorável aos exportadores brasileiros. Investidores apostam que o
governo vai favorecer um Dólar mais baixo pelo menos durante o 1º trimestre do
ano, quando as pressões inflacionárias são tradicionalmente mais altas no país.
Boletim Focus reduz estimativa do PIB em 2013 para 3,10%: De acordo com o
último Boletim Focus de janeiro, o Banco Central reduziu a previsão do PIB para
2013, de 3,26% no início do mês, para 3,10% no final do mês. Para 2014, a
projeção é de 3,70%.
Produção industrial fica estável (0,0%) em dezembro
e fecha 2012 em queda (-2,7%): O índice para o fechamento de
2012 mostrou queda de 2,7%, após apontar avanço de 10,5% em 2010 e
acréscimo de 0,4% em 2011. É o 1º resultado negativo desde a queda de 7,4%
observada em 2009, ano em que a indústria ainda tinha reflexos dos efeitos mais
intensos da crise internacional. No ano de 2012 (-2,7%), o 1º semestre (-3,8%) teve resultado negativo
mais intenso que o 2º (-1,6%) nas comparações contra igual período do ano
anterior. Em bases trimestrais,
o setor industrial, ao recuar 0,6% no 4º trimestre de 2012, sustenta resultados
negativos há cinco trimestres consecutivos, mas com clara redução no ritmo de
queda, já que no 2º trimestre observou-se perda de 4,4% e no trimestre seguinte
recuo de 2,6%, todas as comparações contra igual período do ano anterior.
Existem riscos de racionamento de energia no
Brasil para 2013?: Inicialmente tachada como "ridícula" pela
Presidente Dilma Rousseff, a hipótese de racionamento de energia entrou no
radar do governo com a constante queda dos níveis dos reservatórios no início
deste ano. "A questão é que agora passamos a considerar algo que antes não
fazia sentido pensar", disse uma fonte da área técnica. "O nível dos
reservatórios está baixando, então não podemos fechar os olhos”. A
possibilidade de se repetir em 2013 o "apagão" de 2001 é, porém,
considerada pequena tanto no governo quanto no setor privado, embora a
Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de
Consumidores Livres (ABRACE) tenha sugerido que os grandes consumidores avaliem
"a redução voluntária de suas demandas neste momento", numa espécie
de racionamento "branco". Apesar do início do período úmido, o nível
dos reservatórios só cai desde novembro. A expectativa era que as chuvas de
dezembro melhorassem o nível dos lagos. Mas a combinação entre volume baixo de
água e consumo elevado com o calor piorou a situação. No subsistema
Sudeste/Centro-Oeste, que tem 70% do armazenamento do país, os reservatórios
estão em 28,5%. Em meio a temores de um eventual apagão ou racionamento de
energia, o governo conseguiu ampliar sua capacidade de manobra, ainda que
restrita, com o acionamento das usinas termelétricas, mais caras e poluentes,
enquanto espera pelas chuvas. A medida, tomada "tardiamente" na
avaliação de especialistas, visa a complementar a geração das hidrelétricas e
permitir a recomposição dos reservatórios de água. Para Cristiano Prado,
gerente de competitividade industrial e investimentos da Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), a situação no país é
extremamente delicada. "O Brasil está gerando energia à plena potência.
Apesar de não podermos determinar se haverá apagão ou racionamento, não há
plano B. Ou seja, qualquer queda na linha de transmissão ou até uma falha
humana poderiam deixar o país às escuras", disse ele. Segundo dados da
entidade, o nível das chuvas no Sudeste registra 72% da média histórica para o
período, o que só ocorreu em 1933 e em 1934. Com o acionamento das usinas
termelétricas, movidas a gás natural e a óleo diesel, a provável redução média
de 20% na conta de luz anunciada por Dilma no ano passado tende a perder
fôlego. Isso porque seu custo mensal é de R$ 650 milhões e caso permaneçam
ligadas representarão um custo de 0,8 ponto percentual de acréscimo na tarifa a
ser paga pelo consumidor brasileiro por mês, de acordo com um estudo da
Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE). Para a
Petrobras, segundo o Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), que vem
importando Gás Natural Liquefeito (GNL) para manter a operação dessas usinas, o
ônus também deverá ser alto. Se mantidas a 100% de sua capacidade durante o
ano, o impacto de seu funcionamento para a estatal deverá ser de R$ 4 bilhões,
considerando a diferença entre o preço de importação e o de venda no mercado
interno.
Risco de crise de energia desafia Dilma e
vira teste para 2014: O risco de novos
apagões ou de um racionamento de energia é o 1º grande desafio do governo
federal em 2013 e pode representar um teste para a popularidade da Presidente
Dilma Rousseff em um ano decisivo, que antecede eleições presidenciais e a
realização da Copa do Mundo. Com os reservatórios das usinas hidrelétricas
abaixo ou próximo dos limites de dez anos atrás, quando ocorreu a crise do
apagão, Dilma decidiu convocar às pressas uma reunião de emergência em
Brasília. Nela, a presidente, que foi Ministra das Minas e Energia durante os
primeiros anos do governo Lula e se destacou pelo perfil "técnico",
discutiu com sua equipe alternativas para evitar a qualquer custo um eventual
restrição ao consumo de energia que, se colocada em prática, na opinião de
analistas, poderia afetar sua credibilidade. Entretanto, o cientista político
Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB), acredita que, ainda que o
problema se agrave, haverá pouco ou nenhum desgaste na imagem de Dilma. "A
Presidente possui um alto índice de popularidade. É provável que ela saia
incólume, tal como o seu antecessor, Lula, envolvido indiretamente nas
denúncias do mensalão", afirmou ele à BBC Brasil. Fora das urnas, Dilma
também terá pela frente o desafio de garantir a segurança energética do país,
especialmente durante a Copa do Mundo. O consumo de energia tende a aumentar
durante o evento esportivo. Além disso, o Mundial será realizado em junho,
período no qual costuma haver escassez de chuvas, potencializando riscos. Especialistas
também apontaram os riscos para o cenário energético brasileiro nos próximos
anos. Segundo eles, o aumento dos custos relativos à geração de energia aliado
à pressão, por parte do governo, pela redução das tarifas exigida para a
renovação dos contratos das empresas do setor, especialmente a Eletrobrás,
podem inviabilizar futuros investimentos na área, dada a diminuição da
rentabilidade. Como resultado, na opinião de analistas, a segurança energética
do país poderia ficar comprometida. "Caberá ao governo responder a isso se
quiser assegurar os investimentos nesse setor a médio e longo prazo",
disse à BBC Brasil Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ.
Desconto na conta de luz residencial será de
18%, na média: A Presidente Dilma Rousseff anunciou, em
cadeia nacional, o corte nas tarifas de energia. O desconto para
os consumidores residenciais, que antes estava previsto em aproximadamente 16%,
será de pelo menos 18%. Já a redução para a indústria, que originalmente iria
até 28%, deve ultrapassar os 32%. E para se chegar a esse desconto o Tesouro
Nacional irá aumentar os aportes. O aporte original previsto pelo Tesouro era
de R$ 3,3 bilhões, mas agora a estimativa gira em torno de R$ 8,4 bilhões. No
dia 7 de setembro de 2012, a Presidente Dilma prometeu reduzir em 20,2% em
média as tarifas de energia elétrica no país, por meio da redução de encargos
setoriais e da renovação das concessões de geração e transmissão de energia.
Mas com a recusa de importantes companhias em renovar os contratos, o governo
só havia conseguido uma redução média de 16,7%.
Inadimplência do consumidor sobe 15% em 2012,
segundo a SERASA Experian: O nível de
inadimplência do consumidor brasileiro aumentou 15% em 2012, informou a SERASA
Experian, atribuindo o resultado ao endividamento e comprometimento de renda da
população. Em dezembro apenas, a inadimplência das pessoas físicas saltou 14,2%
ante o mesmo mês em 2011, mas diminuiu 1,5% sobre novembro. "Com parte do
orçamento tomado por prestações, em 2012 o consumidor evitou novas compras e
aproveitou a queda nos juros para regularizar suas pendências. Entretanto, essa
mudança de comportamento na segunda metade do ano não foi suficiente para
garantir um balanço anual mais favorável", afirmou a SERASA Experian, em
nota. As dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral
e prestadoras de serviços) foram as que mais cresceram no ano passado, com alta
de 28,8%, enquanto as bancárias tiveram crescimento de 8,2%. Os cheques sem
fundo tiveram queda de 8,3% e os protestos subiram 1,6%. Conforme já apontado
neste boletim, na sua última edição de 2012, a própria SERASA Experian acredita
que o nível de inadimplência dos consumidores brasileiros deve apresentar
comportamento mais favorável em 2013, marcando uma trajetória de normalização
após quase dois anos de crescimento.
Banco Central aponta
estabilidade da inadimplência em 2012: O
chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, comentou que a
inadimplência subiu no início de 2012, mas manteve-se estável ao longo de todo
o ano passado. "Havia uma preocupação maior sobre o segmento de crédito
para veículos, que vinha sendo acompanhado de perto e concentrava a maior parte
do problema da inadimplência, e mostrou comportamento favorável depois de pico
no meio do ano, como se esperava". Maciel salientou também que a redução
dos juros praticada pelas instituições financeiras ao longo de 2012 diminuiu o
comprometimento da renda das pessoas com encargos financeiros. Esse fator, de
acordo com ele, também ajudou a reduzir a inadimplência.
Inadimplência das empresas fecha 2012 com alta de 10,4%: O Indicador de Inadimplência das Empresas, divulgado pela SERASA
Experian, subiu 10,4% em 2012 ante 2011. Já na comparação de dezembro com
novembro do ano passado, houve queda de 4,9% na inadimplência dos negócios. Na relação
entre dezembro de 2012 com o mesmo mês de 2011, o recuo foi de 0,7%. Em nota,
os economistas da SERASA Experian disseram que a alta na inadimplência das
empresas em 2012 decorre da maior inadimplência do consumidor, que afeta as
contas a receber das empresas. Para eles, o avanço da inadimplência também é
reflexo da menor capacidade de geração de receitas, em um cenário de baixa
atividade, "além das dificuldades em honrar financiamentos tomados para a
expansão do negócio e para pagar fornecedores responsáveis pela reposição de
estoques". Os economistas alegam ainda que a inflação, que elevou vários
custos, também pesou para as empresas na gestão do caixa no ano passado. Em
2012, as dívidas não bancárias - cartões de crédito, financeiras, lojas em geral
e prestadoras de serviços, como telefonia e fornecimento de energia elétrica e
água - registraram um valor médio de R$ 760,96, alta de 2,3% ante 2011. Já as
dívidas com bancos tiveram em 2012 um valor médio de R$ 5.250,10, avanço de
1,6% sobre o ano anterior. Quanto aos títulos protestados, o valor médio
verificado foi de R$ 1.954,82, alta de 8,4% na mesma base de comparação. Os
cheques sem fundos registraram um valor médio de R$ 2.347,49, avanço de 12,3%.
Para o SCPC, inadimplência de empresas cresceu 6,9% em 2012: A inadimplência das empresas em 2012 foi 6,9% maior do que em 2011,
informou a Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao
Crédito (SCPC). O cálculo para o levantamento se baseou em três variáveis:
novos registros na base do SCPC, títulos protestados e cheques devolvidos – 2ª devolução
por falta de fundos. Em 2011, o avanço da inadimplência entre as empresas foi
de 16,8% em relação ao ano anterior; em 2010, houve recuo de 4,6% ante 2009. Em
nota, a Boa Vista disse que a alta em 2012 se deve à redução do ritmo de
crescimento da atividade econômica, ao avanço do endividamento e da
inadimplência dos consumidores e ao aumento da restrição dos bancos à concessão
de crédito. "A redução da atividade, aliada à menor capacidade de
financiamento das empresas, trouxe um impacto direto sobre o fluxo de caixa e
sobre a sua capacidade de honrar seus compromissos financeiros”. A empresa
espera que em 2013 o cenário aponte para uma melhoria da atividade econômica na
comparação com 2012. "O mercado de crédito possui perspectivas positivas,
com juros em patamares baixos e redução da inadimplência dos consumidores,
consequentemente contribuindo para a melhoria da capacidade de pagamento das
empresas”.
País
fecha 2012 com 1.301.842 novos postos de trabalho: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), referentes a
dezembro de 2012, foram criados no Brasil, em todo o ano passado, 1.301.842 novas
vagas de emprego com carteira assinada. Em dezembro, verificou-se uma redução
de 496.944 postos (tradicionalmente,
os dados do CAGED evidenciam uma sazonalidade negativa no mês de dezembro,
devido à entressafra agrícola, término do ciclo escolar, esgotamento da bolha
de consumo no final do ano, e a fatores climáticos). Em termos
setoriais, os dados mostram que os Serviços responderam pela maioria dos novos
empregos do ano passado (+666.160 novos postos). Os setores de Comércio
(+372.368 novos postos), da Construção Civil (+149.290 novos postos) e da
Indústria de Transformação (+86.406 novos postos) também se destacaram na
geração de empregos do ano passado.
Criação de vagas formais em 2012 é a menor em 3
anos: O total de vagas formais de trabalho criadas em
2012 foi o menor em 3 anos - 1.301.842 novos postos, segundo dados do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE). Com ajuste sazonal, o resultado representa uma queda de 33,05% sobre o
ano anterior, quando foram criadas 1.944.560 vagas. A pior marca anterior havia
sido registrada em 2009, quando foram criadas 1.296.233 novas vagas com
carteira assinada. O Sudeste foi a região que mais criou empregos formais no
período. O número de novas vagas com carteira assinada nos quatro Estados da
região foi de 655.282, pouco mais da metade do total. O crescimento de vagas no
Sudeste foi de 3,20%. Em segundo lugar, a região Sul criou 234.355 empregos
formais no ano passado, com uma expansão de 3,41%. Já o Nordeste, com 190.367
novas vagas, registrou um crescimento de 3,15% na base de trabalhadores com
carteira assinada. Embora em termos absolutos tenham tido resultados menos
expressivos, as regiões Centro-Oeste e Norte registraram as maiores expansões
em percentual. No Centro-Oeste, as 150.539 novas vagas de emprego significaram
um aumento de 5,33% no número de trabalhadores empregados. E no Norte, os
71.299 postos de trabalho criados em 2012 aumentaram a base de pessoas
trabalhando em 4,20%. São Paulo foi o Estado com maior resultado em 2012, com
336.398 novas vagas no ano, seguido por Rio de Janeiro (148.797), Minas Gerais
(145.292), Paraná (89.139) e Rio Grande do Sul (81.804). No mês de dezembro, o
saldo líquido de vagas ficou negativo 496.944. Trata-se do pior resultado desde
2008. Em relação ao último mês de 2011, a piora foi de 17,86%, sem ajuste. Já
na comparação com ajuste - que considera as declarações enviadas fora do prazo
em dezembro de 2011 - a piora foi de 19%. Com relação ao resultado de dezembro,
este foi pior que o estimado por instituições do mercado financeiro
consultadas. As previsões iam de queda entre 320.000 e 450.00, com mediana
negativa de 395.000. Entretanto, o resultado ficou próximo dos 500 mil empregos
negativos no mês.
Ministro projeta a criação
de 5 milhões de vagas em 2013: O
governo espera criar 5 milhões de empregos em 2013 só com os investimentos
tocados com recursos de dois fundos federais: o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS) e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Os cálculos são do Ministro
do Trabalho, Brizola Neto. O FGTS
financia obras de habitação e saneamento, sendo o Minha Casa, Minha Vida o
principal programa. O FAT é fonte de recursos para o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que dá crédito mais barato para
empresas. No ano passado, esses dois fundos responderam pela criação de 4,7
milhões de vagas, estima o Ministério. Isso é quase um quarto dos 20,3 milhões
de vagas abertas de janeiro a novembro, segundo dados do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (CAGED). No mesmo período, porém, foram dispensados
18,6 milhões de trabalhadores, de forma que o saldo líquido de geração de
emprego ficou em 1,7 milhão de vagas. Com o impulso dos fundos e das medidas de
estímulo à economia anunciadas pelo governo no ano passado, Brizola Neto
acredita que será possível retornar ao nível de 2 milhões ou mais de novas
vagas, como registrado em 2010 e 2011. "O governo tem muita confiança e a
área econômica diz que já estamos rodando numa faixa de crescimento de 3% a 4%
ao ano”. O Ministro acredita estar numa das pontas operadoras de um novo modelo
de desenvolvimento. Nesse quadro, os fundos públicos alimentados com recursos
dos trabalhadores - o FAT e o FGTS - são o que ele chama de forma saudável de
financiamento da economia.
Cerca de 67 milhões perdem emprego em 5 anos no mundo: Desde o período que antecedeu a crise econômica mundial até o ano
passado, cerca de 67 milhões de pessoas perderam o emprego, de acordo com
levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O estudo ‘Tendências
Mundiais do Emprego 2013’ aponta que o desemprego global chegou a 197,3 milhões
de pessoas no ano passado, com incremento de 28,4 milhões de desempregados de
2007 a 2012. A OIT estima que pelo menos 39 milhões de pessoas tenham desistido
de regressar ao mercado de trabalho, dadas as dificuldades para conseguir um
emprego desde a crise. Com a soma, a OIT chega ao número de 67 milhões de
postos de trabalho a menos de 2007 até o final de 2012. Só no ano passado, o
desemprego atingiu mais 4 milhões de pessoas. Um quarto desses novos
desempregados foi registrado nas economias avançadas. A queda nos níveis de
emprego nessas economias, de acordo com a OIT, teve repercussões consideráveis
nos mercados de trabalho dos países em desenvolvimento. "A incerteza em
torno das perspectivas econômicas e as políticas inadequadas que foram
implementadas para lidar com isso, debilitaram a demanda agregada, freando os
investimentos e as contratações", disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
De acordo com Ryder, muitos novos postos de trabalho requerem qualificações que
as pessoas que buscam emprego não possuem. "Os governos deveriam
intensificar os esforços dirigidos a apoiar as atividades relacionadas com a
qualificação e a recapacitação a fim de enfrentar este tipo de desajuste que
afeta os jovens de maneira particular". Atualmente, 73,8 milhões de jovens
- entre 15 e 24 anos - estão desempregados em todo o mundo. A previsão da OIT é
que a desaceleração da atividade econômica "empurre" outros 500 mil
para o grupo de desempregados até 2014. A taxa de desemprego juvenil, que
atingiu os 12,6% no último ano, pode chegar a 12,9% em 2017.
Crise econômica põe globalização em marcha
lenta: A globalização desacelerou, segundo pesquisa da
Ernst & Young com 730 líderes empresariais globais. O estudo "Olhando
além do óbvio: globalização e novas oportunidades de crescimento" mostra
que os chamados "países de rápido crescimento não-BRICs", como
México, Turquia, África do Sul e Vietnã, estão ganhando espaço junto aos
investidores na comparação com os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). Os BRICs,
por sua vez, estão crescendo menos do que as expectativas recentes, e podem
embarcar em mais protecionismo. Uma parcela de 46% das lideranças empresariais
consultadas disse esperar que o protecionismo crescerá neste 4 países nos
próximos 12 meses, comparado a apenas 32% que julgaram que o mesmo aconteceria
com os países de rápido crescimento não-BRICs. Segundo o estudo, a
globalização, definida como integração dos negócios entre diferentes países,
vai continuar nos próximos anos, mas em ritmo mais lento. As causas principais
dessa desaceleração são a crise global e as recessões subsequentes,
especialmente nos países ricos. A pesquisa da Ernst & Young aponta que os BRICs
foram a grande aposta das multinacionais na década passada, e continuarão a ser
peças fundamentais da economia global, com o crescimento médio superior ao do
mundo. Mas, segundo os executivos ouvidos, as dificuldades de operar nos BRICs
estão aumentando, sendo citados especificamente a desaceleração do crescimento,
a alta da inflação e dos custos do trabalho, a instabilidade política, as
carências de infraestrutura e os problemas burocráticos que erodem a confiança
empresarial – neste sentido, os fatores
se identificam fortemente com o Brasil. A pesquisa mostra que o número de
executivos que vê os emergentes não-BRICs como principal fonte de novas
receitas hoje é de 26%, enquanto o número que acredita que serão a principal
fonte de novas receitas dentro de três anos sobe para 45%. O estudo cita dados
como o do México, que é hoje o maior produtor do mundo de TVs de tela plana, o
que é possível pelo custo relativamente baixo da mão de obra e pelos avanços
educacionais. A África também é mencionada como uma nova fronteira de negócios,
com aumento de 50% do investimento estrangeiro direto desde 2005, segundo
estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI). O relatório da Ernst &
Young aponta ainda que, mesmo com a economia combalida nos Estados Unidos e na
Europa, as oportunidades de negócios estão voltando a crescer nos países ricos.
Uma das razões é uma desaceleração da tendência de empresas de países
desenvolvidos, especialmente dos Estados Unidos, de deslocarem para países
emergentes etapas da sua produção. O estudo cita exemplos de empresas
americanas que transferiram recentemente da China para os Estados Unidos a fabricação
de produtos como caixas automáticos e pneus.