quinta-feira, 7 de abril de 2011

Termômetro Econômico - Março de 2011

Os destaques de março, no Ambiente Econômico, referem-se ao elevado índice de inflação do 1º trimestre do ano (2,44%), à convergência de opiniões de vários analistas e até do próprio governo de que a inflação em 2011 deverá ultrapassar a marca de 6%, aos esforços do governo em conter a valorização (inevitável) do Real, e à queda constante das projeções para o PIB brasileiro neste ano.
  • IPCA de março fica em 0,79%: Índice que mede a inflação oficial brasileira foi de 0,79% no 3º mês do ano, ante 0,80% verificado em fevereiro. Com isso, o IPCA já acumula alta de 2,44% em 2011, acima da taxa de 2,06% verificada no 1º trimestre de 2010. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA situa-se em 6,30%, “batendo na porta” do teto máximo da meta do governo. O grupo Alimentação e Bebidas voltou a subir de forma significativa em março (0,75%), após redução em fevereiro. O mais agravante é que não só este grupo registrou aumento. Dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA, cinco mostraram aceleração entre fevereiro e março (Alimentação e Bebidas, Habitação, Vestuário, Transportes e Saúde e Cuidados Pessoais). O último Boletim Focus de março, divulgado pelo Banco Central, apresentou projeção de 6,02% para a inflação em 2011, ante 5,80% anunciado no início do mês, ultrapassando pela 1ª vez a “barreira psicológica” dos 6%.
  • Último Relatório de Inflação do BC aponta 5,6% para 2011: O Banco Central, através do Relatório Trimestral de Inflação de março, apresentou projeção de 5,6% para 2011, ante 5,0% no último relatório divulgado em dezembro de 2010. Tal índice supera em mais de 1 ponto percentual o centro da meta estipulada pelo governo. Mais agravante é que a probabilidade estimada da inflação superar o teto da meta de 6,5% em 2011 aumentou para 20%.
  • Estudo propõe redução das metas de inflação: No livro "2022: Propostas para um Brasil Melhor no Ano do Bicentenário" (Elsevier/Campus), lançado no dia 31 de março, especialistas fazem um diagnóstico da economia brasileira e lançam propostas para o futuro do país. Segundo os autores, na última década e meia o país estabilizou a economia, mas a inflação ainda é elevada para padrões internacionais. E a taxa de juros é a mais alta do planeta. A solução dos problemas, portanto, passa pela continuidade do processo de desinflação, e o caminho seria reduzir os índices de preços via cortes graduais e sucessivos das metas de inflação, estacionadas há cinco anos em 4,5%. Esse processo deveria começar já em junho, quando o governo definirá a meta para 2013. Os economistas afirmam que as expectativas de inflação, hoje na casa dos 6% para 2011, são diretamente influenciadas pela meta oficial, e explicam quase metade do valor da taxa SELIC, sendo o restante dependente das condições econômicas, como a estabilidade, o risco percebido pelos agentes e a política fiscal. Assim, a forma mais eficaz de reduzir a inflação seria mirar o futuro, buscando índices menores ao longo do tempo. A proposta dos autores é que o país adote uma trajetória de redução da meta de inflação para reduzir no presente as expectativas - meta de 4% para 2013 e 3,5% entre 2016 e 2020, quando cairia para 3%.
  • Banco Central reduz estimativa para o PIB 2011: De acordo com o último Relatório Trimestral de Inflação de março de 2011, o Banco Central rebaixou a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 4,5% (feita em dezembro de 2010) para 4,0%. Segundo a autoridade monetária, a economia brasileira tem se deslocado para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo, alinhando-se às perspectivas de diminuição do descompasso entre a forte demanda interna verificada nos últimos meses e a capacidade de expansão da oferta.
  • Real continua valorizado em relação ao Dólar: O Dólar fechou março em R$ 1,6279, ante R$ 1,6740 em janeiro. Já o Euro fechou o mês a R$ 2,3116, ante R$ 2,2912 em janeiro. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão do Banco Central para 2011 é de uma taxa de câmbio de R$ 1,70, conforme o último boletim Focus de março. Verifica-se, portanto, que apesar dos diversos esforços do governo em evitar a valorização do Real frente ao Dólar, o resultado tem sido, na melhor das hipóteses, de manutenção da taxa de câmbio em torno de R$ 1,65. O cenário apontado pelo Relatório Trimestral de Inflação de março, do Banco Central, considera a taxa SELIC fechando o ano em 11,75%, e o Dólar a R$ 1,65. Para o mercado, a SELIC deve fechar o ano em 12,50% e o Dólar a R$1,70. Ou seja, independentemente das expectativas do Banco Central ou do mercado, espera-se taxa de juros elevada para 2011 e Real valorizado até o final do ano.
  • IOF aumenta para empréstimos externos e viagens internacionais: O governo vai taxar os empréstimos externos de bancos e empresas com uma alíquota de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), visando conter a forte expansão do endividamento do setor privado com o mercado, que cresceu US$ 16,4 bilhões só nos dois primeiros meses do ano. Hoje a liquidez internacional é abundante e as contratações de empréstimos externos estão alimentando a expansão do crédito doméstico. Além de ser um canal por onde os bancos tomam recursos a custos módicos para emprestar internamente, o governo quer evitar que uma desvalorização do Real em relação ao Dólar, em algum momento no futuro, pegue as empresas financeiras e não financeiras no contrapé de um excessivo endividamento. Isso ocorreu em 2008 e o resultado, para algumas companhias, foi desastroso. Os recursos contratados no exterior são responsáveis por mais de 20% do "funding" dos bancos no Brasil. Outro item que preocupa o governo e que será mais tributado é o de viagens internacionais, cujo déficit foi de US$ 1,9 bilhão no primeiro bimestre e de US$ 10,5 bilhões em 2010. O IOF sobre as compras com cartão de crédito no exterior deve aumentar de 2,38% para 6,38%. Com esse aumento, o Ministério da Fazenda quer reduzir os gastos com viagens internacionais e encarecer as pequenas importações para revenda, no Brasil, feitas por esse meio de pagamento.

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