sábado, 23 de abril de 2011

Taxa de juros SELIC aumenta mais uma vez para 12% ao ano. O que isso significa, na prática?

Prezados leitores, de 45 em 45 dias, aproximadamente, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central se reúne para definir qual será a taxa de juros básica da economia brasileira para os próximos meses. Conhecida como taxa SELIC, sua definição serve de parâmetro para as outras taxas que compõem a economia, como por exemplo, as taxas de juros que são cobradas pelos bancos para empréstimos e/ou financiamentos (dentre outras).

Neste ano, já foram realizadas 3 reuniões do COPOM, e nelas, a taxa SELIC foi aumentada de 10,75% para 11,25% (1ª reunião), depois para 11,75% (2ª reunião), e nesta última (dia 20 de abril), para 12,00%.

A primeira questão é esclarecer por que a taxa SELIC está aumentando. A principal justificativa é que a inflação brasileira, nos últimos meses, tem demonstrado sinais de aceleração, com aumento de preços em vários tipos de produtos / serviços. Para controlar a inflação, o governo se utiliza de várias estratégias relacionadas à política monetária, fiscal e/ou cambial (não vamos abordar isso agora). Uma dessas estratégias, talvez a principal, é controlar a inflação aumentando a taxa SELIC, ou seja, os juros básicos da economia. Com isso, há uma tendência das demais taxas também aumentarem.

Com taxas de juros mais altas, o custo de empréstimos fica mais alto e o crédito tende a diminuir (pois, com taxas altas, pegar dinheiro emprestado fica mais caro). O objetivo do governo, na prática, é diminuir o ímpeto do consumidor em consumir no presente.

Traduzindo: se fica mais caro comprar um produto parcelado ou fica mais difícil pegar um empréstimo (pois os juros aumentam), as pessoas tendem a esperar para comprar depois, fazendo com que haja menor procura por produtos / serviços. Com isso, as empresas têm que baixar os preços, ou pelo menos, mantê-los constantes para conseguirem continuar vendendo. A conseqüência é simples: com menos gente comprando e preços estáveis, a inflação tende a diminuir, ou pelo menos, não se acelerar.

E como podemos saber se um aumento ou uma redução na taxa SELIC é algo positivo ou negativo para a vida cotidiana?

A resposta é: DEPENDE! Pois é, temos que pensar na economia sempre como uma balança que precisa ficar equilibrada constantemente. Qualquer ação na economia tem que ser analisada com base em seus efeitos positivos, mas também negativos (ou, em outras palavras “em seus efeitos colaterais”).

Ao decidir aumentar a taxa SELIC, o governo quer controlar a inflação, ou em “economês”, manter a estabilidade econômica. Por outro lado, taxa de juros alta aumenta o custo do crédito, e acaba freando o ritmo de crescimento da economia. Empresas tendem a diminuir o ritmo de produção, e as pessoas tendem a não comprarem no curto prazo (como comentado acima), gerando menos negócios. Com isso, o ritmo de crescimento da economia tende a diminuir.

Por outro lado, se o governo prioriza o crescimento da economia, estimulando-a via diminuição da taxa de juros, pode-se ter como efeito colateral o aumento no ritmo da inflação, pois as pessoas tendem a comprar cada vez mais, e as empresas a aumentarem sua produção e também os preços dos seus produtos / serviços (já que a procura por eles aumenta muito). Muita procura (demanda) gera aumento de preços, pois as empresas não conseguem acompanhar, no mesmo ritmo, o aumento da demanda.

Minha opinião a respeito desse assunto

Acho que a sociedade deveria participar mais dessas discussões, e ajudar o governo na definição da melhor estratégia a ser adotada: controlar a inflação, mesmo que isso represente menor crescimento (pelo menos no curto prazo), ou fomentar o crescimento, mesmo que isso acarrete um aumento nas expectativas de inflação.

Continuando, meu palpite é que o governo deveria ter como meta primordial o controle da inflação. Ou seja, é melhor aumentar a taxa de juros agora, controlar a inflação e investir nas bases necessárias para buscar um crescimento sustentável no médio prazo (como investir na infraestrutura, facilitar o crédito para investimento produtivo, dentre outras). Essa estratégia foi adotada pelos governos Fernando Henrique e Lula, e deu certo.

Entretanto, o governo Dilma, sob forte influência do Ministro Mantega, vem preferindo focar em outras medidas menos radicais para controlar a inflação, as quais não vêm mostrando resultados eficazes. A inflação continua se acelerando (conforme os diversos índices publicados nos últimos meses), e a previsão é que tenhamos uma inflação em torno de 6,5% neste ano.

É bom destacar que deixar a inflação voltar pode significar destruir a credibilidade que o Plano Real conseguiu conquistar até agora (em seus mais de 16 anos de existência). A memória inflacionária no Brasil ainda existe, e com perspectiva de aumento para o futuro, as empresas tendem a repassar os ajustes no presente, alimentando um ciclo vicioso que pode ser difícil de reverter depois.

Nos próximos dias, vamos comentar mais sobre este assunto. Abraços a todos!!

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