sexta-feira, 8 de julho de 2011

Termômetro Econômico - Junho de 2011

Junho encerrou o 1º semestre do ano, e muitos indicadores apresentaram dados importantes sobre a economia brasileira. Neste boletim, destaque para a inflação (que demonstra tendência de queda), taxa de juros (que deve ter, pelo menos, mais um aumento em 2011), inadimplência (que subiu no último trimestre, e merece atenção redobrada a partir de agora), PIB (cujas projeções têm mostrado desaquecimento da economia), taxa de câmbio (com o Real batendo recordes de valorização frente ao Dólar) e mercado de trabalho (com quase 1,2 milhão de novos empregos gerados, mas com situação de ‘apagão de mão de obra’).
  • IPCA de junho fica em 0,15%: Índice que mede a inflação oficial brasileira foi de 0,15% em junho, ante 0,47% verificado em maio. Esta é a 5ª queda consecutiva no ano. Com isso, o 1º semestre de 2011 fechou com uma inflação acumulada de 3,87%, ainda acima da taxa de 3,09% verificada no 1º semestre de 2010. Considerando os últimos 12 meses, o IPCA situa-se em 6,71%, continuando pelo 3º mês consecutivo acima do teto máximo estipulado pelo governo para a inflação anual brasileira.
  • Grupos ‘Alimentos e Bebidas’ e ‘Transportes’ foram determinantes para a redução do IPCA de junho: Com relação ao grupo Alimentação e Bebidas, verificou-se deflação entre maio e junho. Da alta de 0,63% em maio, o grupo passou para -0,26% em junho. Com relação ao grupo Transportes, que já havia apresentado deflação de -0,24% em maio, registrou em junho nova queda de -0,61%. Em especial, o litro da gasolina teve queda de -3,94% no mês, ficando na liderança dos principais itens que impactaram para baixo o IPCA. Conforme destacado no Termômetro Econômico de maio, analistas de mercado já previam que a pressão sobre os preços dos alimentos e dos combustíveis recuasse a partir do 2º semestre, e continuam acreditando que o IPCA fechará 2011 dentro do limite de 6,5% estipulado pelo governo.
  • Banco Central reduz projeção de inflação para 2011: Pela 9ª semana consecutiva, o Banco Central, através do seu Boletim Focus, reduziu a projeção para a inflação brasileira em 2011, chegando ao índice de 6,15%, ante 6,22% anunciado no final de maio. A expectativa do governo é que o IPCA se mantenha baixo nos próximos meses. É importante lembrar, porém, que a partir de outubro os preços tenderão a ser pressionados novamente, devido ao período de final de ano. É esperar para ver...
  • IGP-M apresentou deflação de 0,18% em junho: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada “inflação do aluguel”, desacelerou em junho, fechando o mês em -0,18% (ou seja, apresentando deflação), ante 0,43% verificado em maio. No 1º semestre do ano, o IGP-M acumula alta de 3,15%, e nos últimos 12 meses, de 8,65%. A projeção do Banco Central, em seu último Boletim Focus de junho, aponta o IGP-M encerrando 2011 em 6,01%, queda de 0,69% em relação à projeção feita no final de maio. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em junho houve desaceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) – deflação de -0,45% - e do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) – deflação de -0,12%. Apenas o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) continuou apresentando expansão, com alta de 1,43% em junho. Mas vale ressaltar que este índice havia apresentado aumento de 2,03% em maio.
  • COPOM eleva a taxa SELIC para 12,25% ao ano: Na última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), realizada em junho, a taxa SELIC foi elevada mais uma vez em 0,25 ponto percentual, chegando em 12,25% ao ano. Desde janeiro, quando começou o ciclo de alta dos juros, a SELIC já subiu 1,50 p.p. O Comitê justificou tal decisão de elevar mais uma vez a SELIC considerando que a implementação de ajustes na taxa de juros, por um período mais prolongado, continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta estipulada pelo governo. Pela 9ª semana seguida, o boletim Focus, do Banco Central, projeta para o final de 2011 a taxa SELIC em 12,50%, ou seja, ainda se espera pelo menos mais um aumento de 0,25 p.p. para as próximas reuniões do COPOM. A próxima reunião acontecerá nos dias 19 e 20 de julho.
  • Inadimplência aumenta entre os consumidores brasileiros: Conforme pesquisa da SERASA, a inadimplência do consumidor brasileiro registrou crescimento de 8,2% em maio (último dado atualizado), em comparação a abril, sendo este o 3º mês consecutivo de alta (em março, a taxa havia subido 3,5%, e em abril, 1,5%). As dívidas com os bancos foram as maiores responsáveis pela alta. De acordo com os economistas da SERASA, "a elevação dos juros e as medidas de restrição ao crédito para controle da inflação intensificaram a evolução da inadimplência do consumidor". Também de acordo com o Banco Central, as últimas informações mostram que a taxa de inadimplência das pessoas físicas subiu de 6,0% em março para 6,1% em abril, o maior patamar desde agosto do ano passado. Para alguns especialistas, essa alta no nível de endividamento era esperada, já que as pessoas compraram muito mais, sobretudo no final do ano passado, animadas pelo crédito mais fácil. E muitos consumidores ainda continuam comprando, mesmo após as altas de juros, o que acaba comprometendo as finanças futuras. Espera-se, portanto, que os próximos meses apresentem mais aumentos nas dívidas dos brasileiros, paralelamente a uma queda mais forte do consumo.
  • Banco Central reduz estimativa para o PIB 2011: De acordo com o último Boletim Focus de junho, o Banco Central reduziu a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 3,94% em 2011, ante previsão de 4,0% feita no final de maio. Apesar do governo acreditar num crescimento econômico de 4,5% a 5,0% para este ano, fica cada vez mais evidente que há um arrefecimento no ritmo de crescimento da economia brasileira. Importante destacar que o FMI (Fundo Monetário Internacional) também reduziu sua previsão de crescimento do PIB para o Brasil em 2011 (de 4,5% para 4,1%), e fez um apelo por um maior controle dos gastos do governo no país, para que problemas como a inflação e a valorização do Real não dependam excessivamente de políticas monetárias, como o aumento das taxas de juros. Tal aumento acaba gerando um efeito colateral de atração do fluxo de capitais internacionais para o país, o que acaba ajudando a valorizar ainda mais o Real frente ao Dólar.
  • Real fecha junho em R$ 1,5620: O Dólar fechou junho em R$ 1,5620, ante R$ 1,5800 verificado em maio. Essa foi a menor cotação da moeda americana desde 18 de janeiro de 1999, quando o Brasil passou a adotar o regime de câmbio flutuante. Já o Euro fechou o mês a R$ 2,2667, ante R$ 2,2733 em maio. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão para a taxa de câmbio, pelo Banco Central para 2011, foi reduzida para R$ 1,60, conforme o último boletim Focus de junho. Em maio, a previsão era da taxa de câmbio fechar o ano em R$1,61. Alguns economistas do mercado já começam a afirmar que uma crise cambial no Brasil é certa, e se aproxima a passos largos... a única dúvida é quando ela chegará...
  • Mercado de trabalho aquecido em 2011: Entre janeiro e maio deste ano, segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados 1.171.796 novos empregos formais. A meta colocada pelo Ministro Carlos Lupi é de atingir 3 milhões de novos postos formais em 2011, e ele acredita que o 2º semestre será mais propício à criação de vagas de trabalho. Entretanto, no ano passado o 2º semestre apresentou desempenho inferior ao 1º semestre, mesmo com a economia em forte crescimento. Os próximos dados a serem divulgados pelo CAGED/MTE poderão mostrar qual tendência se desenhará para 2º semestre do ano. Segundo levantamentos realizados por empresas de consultoria em Recursos Humanos, os setores de finanças, seguro e imobiliário, construção civil, serviços e transportes deverão ser as estrelas do emprego no Brasil no próximo trimestre.
  • É crescente a escassez de mão de obra qualificada: Levantamento recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 69% dos empresários têm dificuldades para contratar funcionários, principalmente para cargos técnicos e especializados. Ao mesmo tempo, 6,4% da população economicamente ativa do Brasil está desempregada – quase 1,5 milhão de pessoas, segundo últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para especialistas em mercado de trabalho, a maior dificuldade é casar a formação dos candidatos com as exigências das empresas. Mas esse descasamento não se restringe à formação superior. No Brasil o diploma universitário é muito valorizado, em detrimento da formação técnica, o que vai na contramão do que precisa o mercado hoje. Diante desse cenário, vários setores da economia estão (e serão) afetados pela escassez de competências, e empresas, educadores e governos deverão pensar em formas inovadoras para alinhar aprendizagem e desenvolvimento humano às necessidades de negócio / do mercado.

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