sábado, 22 de dezembro de 2012

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Dezembro de 2012

No mês de dezembro, o Ambiente Econômico apresenta como destaque a confirmação sobre o baixo crescimento econômico brasileiro previsto para 2012, mas com expectativa de aumento para 2013. Além disso, a inflação se mostra cada vez mais pressionada, com perspectivas preocupantes para o próximo ano, o que pode fazer o governo rever sua política de fomento ao crescimento sem segurar a inflação via aumento de juros.

  • IBC-Br inicia o 4º trimestre com alta de 0,36% em outubro: A economia brasileira iniciou o 4º trimestre com expansão de 0,36% em outubro sobre o mês anterior, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br avançou em outubro 3,20%, em 12 meses, acumula alta de 1,21%, de acordo com dados dessazonalizados. O indicador mostrou ainda recuperação em relação a setembro, quando o índice recuou 0,52% segundo dados dessazonalizados. O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: Serviços, Indústria e Agropecuária. O governo tem defendido que a economia começou a ganhar tração melhor neste final de ano, depois de o PIB ter crescido apenas 0,6% no 3º trimestre, muito abaixo do esperado e deixando claro que a recuperação ainda era bem lenta. O resultado do trimestre passado veio com a pior retração dos investimentos em mais de três anos. Outros indicadores também mostram que a economia pode estar ganhando mais força. Entre eles, as vendas no varejo, que cresceram em outubro pelo 5º mês seguido, com alta mensal de 0,8% ante setembro, no maior ritmo desde julho. A Produção Industrial, setor que vinha mostrando maior dificuldade de recuperação devido à crise mundial, também voltou a crescer em outubro, 0,9% frente a setembro. Ainda assim, permaneceram sinais de que os investimentos no setor não estão se recuperando.
  • Boletim Focus reduz estimativa do PIB em 2012 para 1,00%: De acordo com o último Boletim Focus de 14 de dezembro, o Banco Central reduziu mais uma vez a previsão do PIB para 2012, de 1,27% no início do mês, para 1,00%. Para 2013, a projeção caiu, pela 5ª semana seguida, para 3,40%.
  • Redução de impostos foi a principal aposta para reativar o PIB em 2012: As reduções de impostos em setores específicos marcaram uma virada na condução da política econômica em 2012. Medidas tomadas pelo governo ao longo do ano tinham como alvo o setor produtivo, além de tentar estimular o consumo para preservar uma trajetória satisfatória de crescimento. Mas os efeitos da desaceleração da economia na Europa, nos Estados Unidos e na China, os principais parceiros comerciais do Brasil, aliado a fatores internos, como o baixo ritmo de investimentos, fez o contraponto aos planos do governo. Só no mês de dezembro houve anúncios de desoneração da folha de pagamento de empresas da construção civil e a redução do prazo de incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para operações de financiamento externo. O governo também anunciou investimentos de R$ 54,2 bilhões até 2017 para o setor portuário, via novas concessões, a centralização do planejamento dos portos na Secretaria de Portos, a criação de uma Comissão Nacional de Praticagem e aportes em dragagem e nas estruturas portuárias. Outros R$ 2,6 bilhões serão investidos em acessos hidroviários, ferroviários e rodoviários e em pátios de regularização de tráfego nos 18 principais portos públicos brasileiros. No fim de outubro a presidenta Dilma Rousseff havia decidido prorrogar as alíquotas menores do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até 31 de dezembro. Em setembro, o governo decidiu adotar medidas para diminuir a conta de energia elétrica dos consumidores comuns, o que agora foi aprovado. As rodovias e ferrovias também ganharam um pacote para tentar solucionar antigos gargalos de logística do país. O plano de concessões anunciado em agosto, de R$ 133 bilhões, teve como objetivo reduzir o Custo Brasil e tornar a economia brasileira mais competitiva. Para 2013, o governo avalia a possibilidade de manter alguns dos estímulos provisórios que deveriam ser retirados a partir de janeiro. Uma das preocupações do governo é com o impacto no crescimento econômico e na inflação decorrente da retirada total dos incentivos no 1º trimestre do ano que vem. Pesa contra a renovação o efeito negativo no comportamento do consumidor de sucessivas renovações de benefícios. Entretanto, na visão deste boletim, o governo tenderá a continuar investindo nessa política, apesar dos efeitos colaterais observados.
  • Dilma diz que redução de impostos será sua maior luta: A presidente Dilma Rousseff afirmou que a redução dos impostos será uma de suas maiores lutas em 2013. "Um jornalista me perguntou: e a economia, presidente? A economia, estamos resolvendo em muitos lugares, baixando juros, fazendo câmbio ser mais real, assegurando redução das tarifas de energia, diminuindo impostos, o que é muito importante. No próximo ano, essa vai ser uma das minhas maiores lutas, a redução de impostos", completou Dilma, que voltou a destacar que quer tornar o Brasil um país de classe média. Ela disse também que é importante destinar recursos dos royalties do petróleo para a área de educação. "Considero importantíssimo que todo dinheiro que tivermos dos royalties, das participações especiais, ou do fundo social vá para educação", disse Dilma. E destacou as peculiaridades da realidade brasileira, que compreende situações de extrema pobreza a investimentos em tecnologia de ponta. Para Dilma, a "ponte" é a educação.
  • Brasil perde posto de 6ª maior economia do mundo: A desvalorização do Real em relação ao Dólar fez o Brasil perder o 6º lugar no ranking das maiores economias do mundo. Considerando o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no 4º trimestre de 2011, e no 1º, 2º e 3º trimestres deste ano, o país voltou para a 7ª posição, atrás do Reino Unido. A atividade econômica brasileira em marcha lenta foi decisiva para que a distância entre os dois países subisse para a casa dos US$ 200 bilhões, o equivalente ao PIB da Romênia. A Economist Intelligence Unit (EIU), responsável pelo levantamento, calcula que a economia do Brasil só voltará a ultrapassar a britânica em 2016. "Segundo nossas estimativas, o país vai continuar crescendo mais do que o Reino Unido ao longo desses anos, mas, levando-se em conta a evolução da taxa de câmbio projetada para o período, o Brasil só voltará a ser 6º em 2016", explicou o economista da EIU responsável pela América Latina, Robert Wood. A EIU, braço de análise da revista britânica Economist, considera no levantamento apenas o PIB nominal dos países (resultado da soma das riquezas produzidas) convertido em Dólar. Por isso, na ‘disputa’ Brasil/Reino Unido, pesou a expressiva desvalorização do Real ante a moeda americana em 2012. Como é inimaginável que o Brasil cresça os quase 16% que compensariam o desempenho das taxas de câmbio no ano, o país perderia a 6ª posição do ranking de qualquer forma. No entanto, se o desempenho da economia brasileira fosse melhor, a diferença entre os dois países seria inferior aos quase US$ 196 bilhões de hoje. O Brasil cresceu 0,7% de janeiro a setembro deste ano, enquanto o Reino Unido registrou estagnação no período. Caso o Brasil tivesse crescido no mesmo ritmo de outros pares latino-americanos, como Chile e Peru, que vêm se expandindo na casa dos 5%, teria encurtado a distância. O PIB nominal em Dólar é apenas uma das métricas usadas para medir o tamanho e o dinamismo de uma economia. "Vários estudos apontam que, quanto maior é uma economia, mais atraente é para investimentos estrangeiros", disse o professor de economia do Insper Eduardo Correia. "Nesse quesito, portanto, o Brasil está bem. Mas em várias outras medidas deixamos a desejar”. Correia lembra que, no rankingdo Banco Mundial que mede o PIB per capita, o Brasil ocupa apenas a 75ªposição. "No caso dos rankingsque mensuram a qualidade da educação, a situação é ainda pior: o Brasil está no 88º posto”. Independentemente da métrica escolhida, é consenso que o Brasil precisa crescer mais rápido para melhorar as condições de vida da população, o que se refletirá nos diferentes rankingscomparativos. "Várias questões que contribuíram para a expansão mais forte do Brasil nos últimos anos não estão mais soprando a favor", disse Wood, referindo-se ao "boom" dos preços das commodities, mercado de trabalho favorável e mudança estrutural no crédito. "Daqui para a frente, o país precisa ter ganhos de produtividade, o que passa por um menor ativismo do Estado, entre outros fatores”. O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, observa que a média de crescimento do PIB nos dois primeiros anos do governo Dilma é inferior a 2% ao ano - 2,7% em 2011 e 1% estimados para 2012. Para o ano que vem, o economista da Sul América projeta alta de 3,3% do PIB, o que elevaria a média anual para 2,3%. "A queda do Brasil no rankingmundial das maiores economias decorre, principalmente, da taxa de câmbio. Mas, independentemente disso, o desempenho da economia tem sido fraco”. Para Correia, do Insper, se o Brasil mantivesse uma média de crescimento anual ao redor de 3%, conseguiria, pouco a pouco, reduzir a distância para as economias mais bem colocadas no ranking.
  • Relatório final do Orçamento prevê salário mínimo em R$ 674,96: O salário mínimo a vigorar em 2013 deverá ser fixado em R$ 674,96, de acordo com o relatório final entregue na Comissão Mista de Orçamento pelo relator geral do projeto, senador Romero Jucá (PMDB-RR). Jucá afirmou que precisou alterar a proposta encaminhada pelo governo de R$ 670,95 para adequar o valor à lei atual que determina o cálculo do reajuste do mínimo pelo crescimento do PIB de dois anos anteriores mais a inflação medida pelo INPC. Jucá explicou que houve uma reestimativa de inflação e que essa diferença de valor significará R$ 1,36 bilhão a mais de gastos. O relator manteve em seu parecer o aumento salarial de 5%, em 2013, para as carreiras do funcionalismo público que negociaram reajustes com o governo. O senador afirmou que, embora os funcionários do Poder Judiciário insistissem em aumentos maiores, não há espaço fiscal para isso. O acordo do governo com os servidores prevê o mesmo índice de 5% de aumento por três anos, até 2015.
  • COPOM deve manter SELIC em 7,25% ao ano na 1ª reunião de 2013: O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central deverá manter a SELIC em 7,25% na próxima reunião que acontecerá em 15 e 16 de janeiro de 2013. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que os juros estão hoje mais próximos dos verificados no resto do mundo, mas ressaltou que a instituição não abandonou a política monetária e poderá fazer ajustes nos juros, para cima ou para baixo, quando necessário. Para 2013, o mercado estima a SELIC também em 7,25%. É importante destacar a inflação está pressionada, e talvez o governo decida, a partir da 2ª reunião de 2013, repensar sua política de manutenção da SELIC em baixa. Juntamente com a expectativa de crescimento econômico mais alto no próximo ano, a volta da política monetária como instrumento de controle da inflação tem grande chance de retornar.
  • Dólar deve fechar 2012 mais próximo de R$ 2,10: O Dólar deve encerrar o ano mais próximo de R$ 2,10. A previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2012, conforme o último Boletim Focus de 14 de dezembro, está em R$ 2,08. Para 2013, a taxa de câmbio também está estimada em R$ 2,08.
  • IPCA-15 de dezembro fica em 0,69%: O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial brasileira, subiu 0,69% em dezembro, e ficou 0,15 ponto percentual acima da taxa de 0,54% verificada em novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, no acumulado do ano, o IPCA-15 registrou alta de 5,78%, acima dos 12 meses encerrados em novembro, quando ficou em 5,64%. Em dezembro de 2011, o IPCA-15 havia sido de 0,56%. Ou seja, confirmam-se as previsões do mercado e deste próprio boletim que o resultado da inflação oficial brasileira ficará distante do centro da meta estipulada pelo governo, que é de 4,50%. A expectativa do Banco Central, em seu último Boletim Focus de 14 de dezembro, é que o IPCA encerre 2012 em 5,60%. Para 2013, a projeção é de 5,42%. Mais grave ainda, verifica-se uma pressão inflacionária nos últimos meses, o que pode levar o governo a retomar sua política de controle da inflação via aumento da taxa de juros.
  • IGP-M deve fechar 2012 em 7,62%: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada ‘inflação do aluguel’, deverá encerrar 2012 em 7,62%, segundo as projeções do Banco Central, em seu último Boletim Focus de 14 de dezembro. Para 2013, a projeção é de 5,29%.
  • Inadimplência do consumidor caminha para normalização em 2013: O nível de inadimplência dos consumidores brasileiros deve apresentar comportamento mais favorável em 2013, marcando uma trajetória de normalização após quase dois anos de crescimento, estimou a SERASA Experian. O indicador de perspectiva da inadimplência do consumidor, que permite prever os movimentos cíclicos da inadimplência com seis meses de antecedência, recuou 1% em outubro, a 98,9, mantendo uma sequência de reduções mensais. "O desemprego historicamente baixo e ganhos salariais acima da inflação, as perspectivas de manutenção dos juros básicos em patamares também historicamente baixos e a melhora gradativa do crédito contribuirão para que a inadimplência do consumidor consiga uma trajetória de normalização no ano que vem", afirmaram os economistas da SERASA. O índice de inadimplência do consumidor apurado pela SERASA caiu 0,1% em novembro ante outubro, mas avançou 13% sobre um ano antes. A entidade também estimou que a inadimplência das empresas deve registrar queda gradual em 2013, após o indicador cair 1,5% em outubro ante setembro, para 92,4. Além da taxa básica de juros mantida em níveis historicamente baixos, a SERASA destacou expectativas de aceleração do crescimento econômico e a confirmação dos prognósticos de um cenário internacional menos conturbado em 2013 como fatores que podem favorecer o cenário de inadimplência das empresas.
  • País gerou 46.095 empregos formais em novembro: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, no mês de novembro, 46.095 novas vagas de emprego com carteira assinada. No acumulado do ano, foram gerados 1.771.576 novos postos de trabalho. Em termos setoriais, os dados mostram que o Comércio (+109.617 novos postos) registrou o maior aumento do mês. O setor de Serviços (+41.538 novos postos) também apresentou variação positiva em novembro. Já os setores da Construção Civil, devido ao término de contratos e condições climáticas, da Agricultura, devido à presença de fatores sazonais negativos, e da Indústria da Transformação, devido aos ajustes da demanda das festas do fim do ano, registraram queda no emprego (-41.567, -32.733 e -26.110, respectivamente).
  • IBGE aponta queda no desemprego em novembro: O desemprego brasileiro caiu para 4,9% em novembro, ante 5,3% em outubro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a menor taxa para o mês de novembro desde o início da série (março de 2002) e a 2ª menor de toda a série (a menor foi de 4,7% em dezembro de 2011). O rendimento médio real habitual dos ocupados (R$ 1.809,60, o valor mais alto da série iniciada em março de 2002) apresentou alta de 0,8% na comparação mensal e de 5,3% frente a novembro do ano passado.
  • Brasileiro olha mais a prestação que o juro: Mesmo sob um cenário de crédito mais farto e mais barato, 69% dos brasileiros ainda avaliam que "mais importante que os juros cobrados ou os prazos é a prestação caber no bolso". Essa informação está presente na pesquisa da Confederação Nacional da Indústria e Ibope "Retratos da Sociedade Brasileira: Hábitos de Consumo e Endividamento". O estudo abordou questões dentro de quatro grandes grupos: condição financeira do brasileiro, padrão e consumo, efeito da redução dos juros sobre o consumo e endividamento. Sobre a condição financeira, o trabalho da CNI-Ibope apurou que, de maneira geral, a renda familiar cresceu nos últimos 12 meses, ainda que tenha se mantido constante para 59% da população. Fatia de 44% dos consultados afirmou acreditar, na época da realização das entrevistas, que 2012 seria melhor que o ano passado. Em relação a padrão de consumo, o estudo apurou que nos últimos três anos, os brasileiros aumentaram suas despesas com saúde, cuidados pessoais e educação e reduziram gastos com viagens, hobbiese atividades esportivas. Apesar da pesquisa indicar que mais importante é "a prestação caber no bolso", 55% dos entrevistados responderam preferir comprar à vista que a prazo e 60% revelaram intenção de reduzir despesas porque as condições da economia poderiam piorar. Sobre o efeito da redução dos juros sobre o consumo, 33% avaliaram que isto resultaria em aumento das compras e gastos com serviços. Para 31%, o principal destino de um bônus equivalente ao salário seria a poupança. Outra parcela de 23% informou que esse bônus seria utilizado principalmente para o pagamento de dívidas. No quesito endividamento, a pesquisa apurou que 41% dos entrevistados tinham dívida ou estavam pagando algum tipo de parcelamento. A principal razão para se endividar, apontada por 41% dos entrevistados que estavam devendo, foi a compra de bens de consumo duráveis. Entretanto, 42% dos consultados informaram que tinham a situação financeira "no limite do endividamento". Além disso, 85% dos entrevistados endividados informaram ter alguma dificuldade para pagar as dívidas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário