domingo, 9 de dezembro de 2012

TERMÔMETRO ECONÔMICO - Novembro de 2012

No mês de novembro, o Ambiente Econômico apresenta como destaques os últimos dados do crescimento econômico brasileiros, abaixo das expectativas do mercado e do próprio governo, além da manutenção da SELIC, o aumento da produção industrial, a aceleração da inflação e da inadimplência das empresas, e o pequeno saldo positivo na geração de empregos no país. Conforme apontado no último boletim, o cenário brasileiro confirma perspectiva de encerrar 2012 com fraco crescimento econômico e aceleração inflacionária, o que exigirá do governo novas políticas de incentivo à economia, bem como o adiantamento da decisão de retomada do aumento da taxa de juros para 2013.
  • PIB cresce 0,6% no 3º trimestre de 2012: O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou um crescimento de 0,6% no 3º trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De julho a setembro, a soma das riquezas produzidas no país chegou a R$ 1,1 trilhão. No acumulado dos 12 últimos meses terminados em setembro de 2012, a expansão foi de 0,9% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Já o acumulado nos três primeiros trimestres de 2012 foi de 0,7% em relação à igual período de 2011. Entre as atividades econômicas, destacou-se a Agropecuária, que cresceu 2,5%, seguida da Indústria (1,1%). Os Serviços registraram estagnação, com variação nula. O resultado do 3º trimestre, apesar de apresentar um desempenho ligeiramente melhor em relação ao trimestre anterior, quando houve alta de 0,2%, surpreendeu negativamente o mercado, que projetava um resultado entre 1% e 1,2%. O próprio Ministro da Fazenda, Guido Mantega, previa crescimento de 1,2% na comparação com o 2º trimestre. Para o presidente da Canepa Asset Management, Alexandre Póvoa, “o rebote da economia não está sendo tão forte quanto se esperava”. Segundo ele, é nítido o esforço do governo para reduzir custos de produção e incentivar investimentos, com medidas como a desoneração da folha de pagamentos. No entanto, ele avalia que essas ações não são suficientes para impulsionar o crescimento da economia. “O ideal seria reduzir a carga tributária de maneira ampla. Mas, para isso, é fundamental reduzir os custos do governo, o que dificilmente acontecerá”. Já o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), Samuel Pessoa, avalia que as medidas de incentivo à retomada da atividade industrial e dos investimentos não foram consistentes. Pare ele, 2012 será mais um ano de “pibinho”, a exemplo do que se verificou em 2011. Segundo o pesquisador, o IBRE projeta um PIB de 0,7% no 4º trimestre e de 1,3% para 2012. “O governo abaixa um imposto aqui, aumenta outro ali, reduz o IPI de quem grita mais e corta tarifas sem deixar claro quais são os critérios de decisão. Essa incerteza não contribui para a retomada dos investimentos”, afirma. Pessoa questiona ainda a justificativa dada pelo governo de que a economia brasileira cresce menos em função do cenário internacional. “O governo alega que o baixo crescimento é fruto da crise econômica internacional, o que não tem o menor fundamento. Basta observar outras economias em desenvolvimento como Peru, Chile, Colômbia e até México. Esses países também registraram uma redução da atividade econômica nos últimos dois anos, mas em patamar muito inferior ao verificado no Brasil”, destaca. Segundo o pesquisador, nos oito anos do governo FHC e também nos oito anos em que o presidente Lula esteve no poder, o Brasil cresceu tanto quanto a América Latina. “Mas, nos últimos dois anos, o que se tem visto, é que o país está ficando para trás. Não por acaso, estamos perdendo investimentos até para Colômbia e Peru”, avalia Pessoa.
  • Boletim Focus reduz estimativa do PIB em 2012 para 1,27%: De acordo com o último Boletim Focus de novembro, o Banco Central reduziu mais uma vez a previsão do PIB para 2012, de 1,54% no início do mês, para 1,27% no final de novembro. Para 2013, a projeção caiu, pela 3ª semana seguida, para 3,70%. Vale destacar que as previsões oficiais de crescimento para este ano são de 1,6%, pelo Banco Central, e de 2%, pelo Ministério da Fazenda.
  • País deve ter o pior crescimento desde o governo Collor: A presidente Dilma Rousseff deverá encerrar os dois primeiros anos de seu mandato com a 2ª pior média de crescimento da história recente do Brasil, só perdendo para o período Collor. No biênio 2011-2012, o crescimento médio anual do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá ser da ordem de 2,1%. Nos dois primeiros anos do primeiro e do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, essa média foi de, respectivamente, 3,4% e 5,6%, e nos de Fernando Henrique Cardoso, de 3,2% e 2,3%. Já no de Fernando Collor de Mello, ficou em 0,25%. Economistas alertam para o risco de 2013 piorar o prognóstico para o governo, caso não mude o foco da política de crescimento - hoje baseada no aumento do consumo - passando a incentivar mais o investimento e a melhorar a produtividade. Nos dois anos do governo de Dilma Rousseff, o crescimento da economia brasileira deverá ser também o menor entre os principais países emergentes do mundo, incluindo a América Latina. Levantamento do economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, feito com base em projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), indica que a economia brasileira deverá crescer no acumulado de 2011 e 2012 próximo a um terço dos países emergentes: 4,2%, ante 11,8%. No grupo dos BRIC´s, o crescimento brasileiro deverá ser a metade do registrado pela economia russa, um terço da indiana, e menos de um quarto da chinesa. "Vamos crescer menos que a África do Sul, país que apresenta um nível de desemprego da ordem de 25%", diz Leite. Na comparação entre o Brasil e as principais nações latino-americanas exportadoras de commodities, o país também fica para trás. Comparado à Argentina, país exportador de commodities agrícolas e sócio do Mercosul, e ao Chile e Peru, países exportadores de commodities minerais, o crescimento brasileiro ficará próximo de um terço.
  • Mantega cita mais estímulo para PIB subir 4% em 2013: Segundo o Ministro da Fazenda, o governo tem condições de proporcionar um crescimento de 4% em 2013, por meio da redução de tributos e de custos, como o de infraestrutura. Reitera que o governo não rompeu contratos ao propor a renovação das concessões do setor elétrico. "Não temos contrato quebrado desde o início de nossa administração, em 2003. É preciso manter essa trajetória de cumprimento de contratos". O ministro disse que a rapidez em aprovar a Medida Provisória 579, que prorroga as concessões das elétricas e reduz encargos setoriais, se deve ao fato de o país ter pressa. O Ministro admitiu que a arrecadação dos Estados com o ICMS que incide sobre a energia elétrica vai cair. A medida vai estimular o crescimento da economia, pois a arrecadação de ICMS sobre a energia vai cair, mas de forma temporária, pois a arrecadação de ICMS em vendas de bens e serviços vai aumentar. Mantega lembrou ainda que a arrecadação da União também vai cair, pois a base de incidência menor afeta o PIS/COFINS. O Ministro afirmou ainda que o governo deu às empresas do setor elétrico a opção de permanecer com a concessão até o fim do prazo, entre 2015 e 2017. "É uma opção, mas haverá licitação ao fim da concessão e elas correm o risco de perder 30 anos de concessão. É um período longo, durante o qual podem ter rentabilidade”. Mantega ressaltou que, se as empresas aceitarem a proposta de renovação antecipada das concessões, o governo fará o pagamento das indenizações à vista, também de forma antecipada. O Ministro disse acreditar que a maioria das empresas vai optar por renovar as concessões, pois a proposta é vantajosa. "Eu acredito que eles estão olhando só o momento imediato, e não as vantagens de ter a renovação de uma concessão de 30 anos, que não está assegurada. É bom fazer as contas direitinho”.
  • PIB acima de 4% não é sustentável, admite governo: O limite de crescimento brasileiro atualmente está por volta de 4% ao ano, reconhece um destacado membro da equipe econômica do governo. "De forma sustentável, acima de 4% é difícil hoje. Um ano ou outro a gente consegue, como em 2010, quando cresceu 7,5%. Mas é difícil porque as restrições na economia talvez não permitam isso. Restrições do mercado de trabalho, da infraestrutura", diz a fonte. Mas, continua, a visão é de que o potencial de crescimento se mantém o mesmo dos últimos quatro a cinco anos. A questão da restrição ao crescimento pelo fim da disponibilidade de absorção de mão de obra em larga escala (o que só era possível quando a taxa de desemprego era muito mais alta) é plenamente reconhecida pela equipe econômica, diz a fonte. A média de anos de estudo dos brasileiros com mais de 25 anos saltou de 5,6 em 2000 para 7,2 em 2010. O salto em pontos porcentuais foi maior do que o da China no mesmo período (de 6,6 para 7,6) ou da Índia (de 3,6 para 4,4). Além disso, a taxa de investimento no Brasil de 2000 a 2006 era de 16,3% do PIB. De 2007 a 2012, está na faixa de 18,7%.
  • Produção Industrial brasileira sobe em outubro: Em outubro, a Produção Industrial apontou crescimento de 0,9% frente a setembro, após registrar queda de 0,6% naquele mês. No confronto com outubro de 2011, o setor industrial apontou expansão na produção (2,3%), interrompendo a sequência de 13 meses de taxas negativas neste tipo de comparação. Com isso, o índice acumulado para os 10 primeiros meses do ano (-2,9%) mostrou redução na intensidade de queda frente às marcas observadas nos meses anteriores.
  • COPOM mantém SELIC em 7,25% ao ano na última reunião de 2012: O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a taxa SELIC em 7,25% a.a., sem viés, em sua última reunião de 2012 ocorrida em 27 e 28 de novembro. Conforme já destacado neste boletim há algumas edições, a autoridade monetária de fato encerrou o ciclo de afrouxamento monetário iniciado há pouco mais de um ano, e confirmou a previsão de quase a totalidade dos analistas do mercado. O COPOM afirmou que “considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear”. A expectativa agora é que a SELIC seja mantida em 7,25% pelas próximas reuniões do COPOM. O próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que os juros estão hoje mais próximos dos verificados no resto do mundo, mas ressaltou que a instituição não abandonou a política monetária e poderá fazer ajustes nos juros, para cima ou para baixo, quando necessário. A próxima reunião do COPOM, a 1ª de 2013, ocorrerá em 15 e 16 de janeiro. Para 2013, o mercado estima a SELIC também em 7,25%, 0,38% abaixo da última previsão, que era de 7,63%.
  • Dólar fecha novembro a R$ 2,1310: O Dólar encerrou o mês de novembro em R$ 2,1310, valorização de 4,92% em relação a outubro. Com isso, o ganho anual subiu para 14,01%. O Euro fechou o mês em R$2,7394. Especificamente com relação ao Dólar, a previsão para a taxa de câmbio, feita pelo Banco Central para 2012, conforme o último Boletim Focus de novembro, está em R$ 2,07. Para 2013, a taxa de câmbio está estimada em R$ 2,06.
  • IPCA de novembro fica em 0,60%: Índice que mede a inflação oficial brasileira mostrou, novamente, aceleração em novembro, quanto comparado com outubro: 0,60%, ante 0,59% no mês passado. Com isso, o resultado em 2012 aponta uma inflação acumulada de 5,01%, bem abaixo dos 5,97% verificados no mesmo período do ano passado. Entretanto, considerando os últimos 12 meses, o IPCA situa-se em 5,53%, acima dos 5,45% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores, confirmando que o resultado de 2012 ficará distante do centro da meta estipulada pelo governo, que é de 4,50%. A expectativa do Banco Central, no último Boletim Focus de novembro, é que o IPCA encerre 2012 em 5,43% (baixa de 0,01 ponto percentual em relação à projeção feita no início do mês). E para 2013, a projeção é de 5,40%.
  • Grupos ‘Alimentação e Bebidas’ e ‘Transportes’ aparecem como principais vilões da inflação em novembro: O grupo ‘Alimentação e Bebidas’, com 0,79% de aumento, embora tenham continuado em alta, apresentou desaceleração na taxa de crescimento, subindo menos do que no mês anterior, mas impactando em 0,19 ponto percentual o índice geral. Em contraposição, quatro nos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pressionaram o IPCA do mês: o grupo ‘Transportes’ subiu para 0,68% (ante 0,24% em outubro) influenciado pelas passagens aéreas, e teve impacto de 013 p.p. no índice. As despesas com ‘Habitação’ aumentaram de um mês para o outro (de 0,38% para 0,64%) devido, principalmente, à energia elétrica, e teve impacto de 0,09 p.p. no IPCA. As ‘Despesas Pessoais’ também subiram, passando de 0,10% em outubro para 0,53% em novembro, e o principal destaque foi o item empregados domésticos. No grupo ‘Artigos de Residência’ (de 0,37% em outubro para 0,47% em novembro) cabe destacar o item mobiliário.
  • IGP-M registrou deflação em novembro: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a chamada ‘inflação do aluguel’, apresentou deflação em novembro, de -0,03%, frente a 0,02% verificado em outubro, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). No ano, o IGP-M acumula alta de 7,09% e de 6,96% nos últimos 12 meses. As projeções do Banco Central, em seu último Boletim Focus de novembro, apontam IGP-M para 2012 de 7,46%; para 2013, a projeção é de 5,11%.
  • Previsão é de que o IGP-M volte a se acelerar em dezembro: O IGP-M deve deixar o terreno negativo no próximo mês, na medida em que o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que tem participação de 60% no IGP-M, também deve migrar para o campo das altas. A previsão é do coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), Salomão Quadros. Considerando-se que em dezembro a expectativa é de retorno a taxas positivas, a trajetória do índice em 12 meses deve voltar a se acelerar. Para 2013, Quadros aposta em uma trajetória de desaceleração para o IGP-M, mas sem estimar um número exato para o indicador. Na sua avaliação, ao longo do ano que vem, é pouco provável haver taxas mensais acima de 1% com a mesma frequência vista em 2012. Este ano a oferta de commodities foi bastante afetada por problemas climáticos, sobretudo sobre a safra de soja norte-americana, que foi vítima de uma severa estiagem, com efeito nocivo sobre os preços do atacado e varejo. "A não ser em caso de haver nova adversidade climática, o IGP-M não deve subir como em 2012", previu, lembrando ainda que "são bastante boas as expectativas de safra para o ano que vem". A percepção do coordenador sobre o IGP-M para 2013 também não muda num quadro de eventual aumento da demanda em razão da provável continuidade da recuperação da economia. "Mesmo que haja aceleração nos preços da indústria com abertura de espaço para recomposição de parte das margens de lucro, não deve fazer frente ao que foi o choque agrícola este ano", comentou.
  • Inadimplência das empresas cresceu 13,8% em outubro: A inadimplência das empresas brasileiras voltou a crescer em outubro, quando comparada com setembro. Segundo o Indicador SERASA Experian de Inadimplência das Empresas, o índice apresentou avanço de 13,8%. Na comparação com outubro de 2011, a inadimplência das empresas também apresentou avanço de 13,8%. Entre os acumulados de janeiro a outubro de 2012/2011, o crescimento foi de 12,8%. Para os economistas da SERASA Experian, a maior alta mensal do ano foi influenciada pelo efeito calendário, em razão do maior número de dias úteis no décimo mês. O impacto foi sobre os protestos e os cheques sem fundos, que são registrados em dias úteis. Outro motivo é que a alta de outubro ocorreu sobre uma base fraca, de setembro. Portanto, para os economistas, apesar da alta, não houve deterioração do cenário de inadimplência das empresas, em decorrência do aumento de encomendas para o final do ano e da maior geração de caixa.
  • País gerou 66.988 empregos formais em outubro: Segundo os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados no Brasil, no mês de outubro, 66.988 novas vagas de emprego com carteira assinada. No acumulado do ano, foram gerados 1.688.845 novos postos de trabalho. Em termos setoriais, os dados mostram que o Comércio (+49.597 novos postos) registrou o maior aumento no mês. Serviços (+32.724 novos postos) e Indústria da Transformação (+17.520 novos postos) também apresentaram resultados positivos. Já os setores da Agricultura, por motivos sazonais, e a Construção Civil, devido ao término de contratos e condições climáticas, foram os que registraram queda no emprego (-20.153 e -8.290 postos, respectivamente).
  •  Jornal Washington Post afirma que Brasil adota ‘modelo chinês’ para proteger a economia: Desaceleração econômica iniciada no ano passado levou o governo brasileiro a fechar seu mercado e buscar inspiração na China, segundo avaliação de reportagem publicada no diário americano The Washington Post. De acordo com o jornal, medidas tomadas nos últimos meses, como o aumento de tarifas de importação de peças automotivas, geram preocupação no governo americano com o crescente protecionismo brasileiro. "A desaceleração econômica e a resposta do governo a isso são uma crescente preocupação entre autoridades americanas, temerosas de que o Brasil possa estar adotando um novo rumo agressivo - se afastando do caminho que os Estados Unidos defenderam com sucesso para o México, a Colômbia e outras nações latino-americanas, e em direção ao capitalismo dirigido pelo Estado que os Estados Unidos vêm lutando para mudar na China", afirma a reportagem. "Enquanto a economia global luta por políticas comuns que possam estimular uma recuperação ainda incipiente, o impulso na direção do protecionismo por um influente país em desenvolvimento é visto em Washington como um retrocesso", diz o texto. O diário observa que o governo brasileiro argumenta que as medidas são uma proteção temporária para ajudar o país a enfrentar a concorrência da mão de obra barata da China e do crédito barato gerado pela política de relaxamento monetário do Banco Central dos Estados Unidos. A reportagem comenta que a voz do Brasil sobre questões econômicas e de comércio global vem ganhando força, pelo fato de o país ter tirado uma grande parcela da população da pobreza, além de ter grandes reservas de recursos naturais e de ter alcançado o posto de 6ª maior economia mundial. Apesar disso, observa o jornal, o revés econômico recente "obscureceu a teoria aceita de que as economias emergentes poderiam sozinhas manter o sistema global estável e crescendo" num momento em que os países desenvolvidos enfrentam graves crises. "As autoridades e as empresas americanas vêm defendendo laços americanos mais profundos com nações como a China e o Brasil com a expectativa de que, mesmo que a capacidade industrial e os empregos sejam transferidos para esses locais, seu crescimento e sucesso beneficiariam os Estados Unidos - uma estratégia que presume que esses mercados se abram de maneira constante", diz o jornal. Para a reportagem, apesar do "milagre" econômico da última década, com o controle da inflação e das contas públicas e da elevação de 35 milhões de pessoas à classe média, o Brasil ainda não conseguiu desenvolver sua indústria a ponto de deixar de depender de seus recursos naturais e do consumo interno para crescer. O Washington Post conclui afirmando que "a situação deixa um ambiente econômico complicado" e observa que um recente estudo do Banco Mundial colocou o país como 130º entre 185 países em um ranking sobre facilidade para fazer negócios. Para o jornal, "uma posição desonrosa para um país que tenta se apresentar como um modelo global".

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